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Análise: Os vencedores e os perdedores da janela de transferência de janeiro

Vai chegando ao fim mais uma edição de um temido período para os clubes brasileiros e ela deixa forte sequelas por aqui

02/02/2016 10:50



A nova política governamental de fortalecer o futebol chinês tornou o país o grande "vilão" desta janela de transferências. Era difícil saber qual o limite de gastos dos clubes do gigante asiático e o foco de contratação foram atletas de renome, mais experientes, para que trouxessem não só qualidade técnica, mas também grife. Até times da segunda divisão investiram pesado e tiraram jogadores importantes, principalmente do Brasil.

É claro que os técnicos brasileiros que atualmente estão na China igualmente são responsáveis por indicar compatriotas, mas parece evidente que o forte investimento não é efêmero. Junto com atletas, preparadores físicos, médicos esportivos, auxiliares técnicos e mais uma gama de profissionais fora das quatro linhas também estão sendo contratados para trazer know-how para o país, que pretende se tornar respeitável na modalidade. Junto com os gastos em infra-estrutura e até focando o futebol no ensino público, essa meta pode ser atingida em alguns anos. 


PERDEDOR: BRASIL




Essa época do ano é temida por aqui, mas 2016 atingiu um novo patamar. Nunca antes no Brasil um atual campeão nacional foi desmontado da forma como aconteceu. Se o Corinthians acertou em contratações nos últimos anos (lógico, Tite foi fundamental para colocá-los na melhor forma possível), é preciso ressalvar que houve um erro ao quantificar multas rescisórias e isso abriu espaço para a então imprevisível voracidade do mercado asiático.

Mas essa ida em massa de atletas para a China só mostra que o futebol brasileiro não atrai o interesse europeu, o quão frágil estão nossos clubes e como uma desvalorização de moeda pode atingir em cheio nossas principais equipes. Voltar o olhar para o futebol sul-americana pode ser uma bela oportunidade, só que é preciso melhor observação para que as contratações sejam precisas.  


VENCEDOR: JOGADORES TRANSFERIDOS PARA A CHINA




Sim, eles vão sofrer no futebol chinês, terão dificuldades de adaptação e outros problemas. Ainda assim, nunca as ofertas de salário foram tão altas. Luis Fabiano, Renato Augusto, Geuvânio, Jadson e companhia aceitaram as propostas pois sabem que conseguiram contratos que provavelmente nunca poderão ser repetidos em outro país. Complicado saber até quando vão aguentar esse novo mundo, mas até lá, terão o bolso recheado de dinheiro.

A questão é que alguns desses atletas ainda sonhavam com a Seleção Brasileira e agora apostam na "sinuca de bico" que Dunga vai ficar, perdendo algumas possíveis soluções para o time nacional nos próximos anos. 


VENCEDOR: PEQUENOS E MÉDIOS DA INGLATERRA




Os principais clubes ingleses não investiram pesado nesta janela, mas a força do país diante de todas as ligas do mundo está na capacidade de contratação da equipes menores. Stoke City, Everton, Newcastle e Bournemouth estão na lista dos times com as 10 maiores contratações deste início de ano. E ainda tem Norwich, Sunderland, Watford e Middlesbrough (este, da segunda divisão local) no Top 20. No total, quase R$ 6 bilhões foram gastos em aquisições somente pela principal divisão da Inglaterra nesta temporada.

AS 10 MAIORES TRANSFERÊNCIAS DA JANELA DE JANEIRO

Resumindo, a Premier League virou a grande potência do planeta e tende a aumentar essa condição, já que a repartição da cota altíssima de transmissão será mais igualitária no próximo campeonato, transformando a competição mais competitiva, atraindo mais público, aumentando a receita, deixando os participantes mais ricos. É um belo ciclo vicioso.


PERDEDOR: A EXPECTATIVA DE CONTRATAÇÕES BOMBÁSTICAS




Quando a grande notícia de uma janela de transferências é um anúncio de novo treinador para o meio do ano, é possível dizer que que foi um período fraco de negociações. Nem a possibilidade de punição a Real e Atlético fizeram a dupla de Madrid entrar forte no mercado, o que poderia movimentar por tabela outros clubes. O Barcelona, por outro lado, não precisou saciar o desejo do torcedor por reforços já que Arda Turan e Aleix Vidal, que chegaram no início da temporada, puderam finalmente estrear.

Não que se esperasse muitas contratações bombásticas, já que este período serve mais para ajustes de elencos, só realmente os grandes times resolveram realmente apostar no que tem para a reta decisiva dos campeonatos no Velho Continente.


VENCEDOR/PERDEDOR: ESPECULAÇÕES/JORNALISMO




Neymar no Real Madrid? Cristiano Ronaldo no PSG? Pato no Liverpool? Se tem uma coisa que mais se viu neste período foram rumores de grandes transferências, nenhuma concretizada. E isso representa uma vitória e uma derrota para o jornalismo. O triunfo é algo mais fugaz, a audiência, a venda de jornal, os cliques. Sim, isso traz receita para os veículos de comunicação. Mas a quê custo?

Parece mais que empresários, agentes e clubes estão usando a imprensa para plantar informações (falsas e/ou verdadeiras) tentando benefícios em negociações. E a própria imprensa se deixa enganar, pois isso traz um benefício imediato. Só que a credibilidade do jornalismo perde com isso, e isso produz um desgaste à longo prazo que pode ser irreversível. É importante ter um maior critério na apuração de notícias para não se transformar em um mero instrumento deste mercado de transfrências.

Fonte: Esporte interativo
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