Neymar, após cobrança de pênalti
20/08/2016 REUTERS/Marcos Brindicci
Por Pedro Fonseca
RIO DE JANEIRO (Reuters) - O gol de pênalti contra a Alemanha que garantiu ao Brasil a primeira medalha de ouro no futebol em OlimpÃadas levou Neymar a um novo patamar na seleção brasileira e pode servir para firmar um novo jeito de jogar e de agir do capitão, dando esperança à torcida de uma recuperação da combalida equipe principal.
Assim como o Brasil, que esteve a um jogo da eliminação ainda na primeira fase da OlimpÃada, Neymar deu a volta por cima nos Jogos Rio 2016, passando de duramente criticado por seu desaparecimento nos momentos decisivos à craque da disputa pela medalha de ouro.
Além da cobrança final na disputa de pênaltis, foi dele o gol que abriu o placar no empate por 1 x 1 no Maracanã, numa magistral cobrança de falta que ele mesmo sofreu.
Antes mesmo da final, o gol marcado contra Honduras aos 14 segundos da semifinal, o mais rápido da história das OlimpÃadas, já havia mostrado ao torcedor brasileiro um novo Neymar: saiu aquele jogador acusado de se jogar no chão e entrou o atacante aguerrido que roubou a bola do zagueiro e dividiu com o goleiro antes de empurrar para a rede.
Esse espÃrito diferente de Neymar faltou ao time principal do Brasil na derrota para a própria Alemanha na semifinal de 2014, quando o atacante não estava em campo por lesão, e nos recentes fracassos na Copa América em 2015 e 2016.
Presente ao Maracanã para a decisão do ouro olÃmpico, o novo técnico da seleção brasileira principal, Tite, certamente tem o que comemorar pelo fato de o atacante ter assumido a responsabilidade de cobrar o último pênalti, e converter a cobrança.
Não por coincidência, a volta por cima de Neymar também levou a seleção olÃmpica a se recuperar.
Depois de empatar os dois primeiros jogos por 0 x 0 contra Ãfrica do Sul e Iraque, o Brasil entrou em campo para o tudo ou nada contra a Dinamarca, com a maior parte da pressão sobre as costas de Neymar, muito criticado pelo fraco desempenho nas primeiras partidas.
O jogador, então, comandou as ações do Brasil em campo, principalmente com bons passes, e o Brasil aplicou uma goleada de 4 x 0 garantindo sua vaga na fase de mata-mata.
A transformação de Neymar na OlimpÃada se consolidou contra a Colômbia, adversário tradicional e duro da seleção brasileira. Numa partida em que os colombianos cometeram diversas faltas nele, aparentemente tentando desequilibrá-lo emocionalmente, o capitão brasileiro soube manter o controle e marcou o primeiro gol da vitória por 2 x 0.
Contra Honduras foram dois gols, o primeiro e o último, e a classificação garantida para uma nova final olÃmpica depois da derrota para o México na decisão da medalha de ouro dos Jogos de Londres 2012.
A mudança de postura e de rendimento dentro do campo foram acompanhadas, no entanto, por um silêncio ao logo de toda a competição. O capitão vinha se recusando a conceder entrevistas apesar de ocupar o posto de comando da equipe.
Em uma resposta à s crÃticas, após o ouro, o jogador disparou: "Agora vão ter que me engolir".
Fonte: Esporte interativo