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Alunos e pais não querem, mas mediação tecnológica vai continuar

Mediação tecnológica desagrada a alunos e causa revolta nos pais

17/02/2017 15:28

A mediação tecnológica é um sistema de aulas ao vivo transmitidas via satélite para as escolas. Há quatro anos, a Secretaria Estadual de Educação do Piauí (Seduc) adotou esse sistema de aula, sob a alegação de suprir a carência de professores especializados em determinadas disciplinas. Mas esse meio eletrônico não vigorou em algumas cidades, onde as aulas continuaram sendo com professores presenciais.

Não foi, porém, o que aconteceu na U. E. Álvaro Rodrigues, no ano passado. Ali, os alunos do turno da noite tiveram que assistir por televisão às aulas de Espanhol, Matemática, Química, Física e Educação Física.

E este ano, bem que essa realidade poderia mudar e, como aconteceu em outros municípios, todas as aulas voltarem a ser como eram antes: com o professor em sala. Poderia, mas não vai. Pelo menos por enquanto.

A Seduc enviou à escola, na tarde desta sexta-feira (17), duas técnicas representantes do chamado Canal Educação, para se reunir com alunos e pais de alunos e explicar as eles o motivo e as vantagens das aulas transmitidas através de mídia eletrônica, também chamadas de mediação tecnológica. A reunião aconteceu no auditório da referida escola, e contou também com a presença da supervisora de ensino, Maria dos Remédios; do diretor, Valdecleide Geraldo; e do professor Anderson Monteiro.

As enviadas da Seduc, Maria de Jesus Magalhães Oliveira e Rosimeire Melo da Costa e Silva, iniciaram sua explanação consultando os pais e os alunos sobre o que eles sabiam da mediação tecnológica. Colocações e perguntas foram surgindo, e as respostas a cada uma delas iam sendo dadas. Contudo, tanto os pais quanto os filhos pareciam irredutíveis à proposta. Alguns alunos chegaram até a levantar cartazes em protesto contra a mediação.

A primeira mãe a se posicionar contra esse tipo de recurso alegou que os alunos terão mais dificuldades em aprender  pela televisão e que os horários das aulas passarão a ser incompatíveis com o transporte escolar, que retorna às localidades rurais às 17h00, ou seja, antes do fim da aula da mediação. Já Cleonilson Monteiro, pai de aluno, elencou os pontos negativos nesse tipo de ensino do qual ele mesmo já teve experiência: a imagem da TV, que congela; a falta de interação entre professor e alunos; as dificuldades de assimilação das matérias de cálculo; entre outros.

A partir daí, outras colocações foram surgindo por parte de algumas mães. Lúcia de Fátima, por exemplo, foi aplaudida quando disse: “nós queremos é professor na sala de aula”. “A experiência nós já tivemos, no ano passado, e foi uma negação”, declarou Antônia Maria. “Nós queremos é crescer, e o que estamos vendo é Itainópolis diminuir”, acrescentou Francilene Silva. E Maria Francimeire arrematou: “nós não vamos querer”.

Depois que Maria de Jesus explicou que a mediação tecnológica veio porque, em Itainópolis, não há professores especializados em determinadas áreas, o professor Anderson Monteiro interveio na discussão. Ele lembrou o reconhecimento que o Álvaro Rodrigues já teve pela educação que oferecia, tendo, inclusive, professores vindos de outras cidades, como Vera Mendes, Picos, Monsenhor Hipólito, Santo Antônio de Lisboa e até mesmo de Teresina. E questionou: “se antes podiam trazer de outras cidades professores que não tínhamos aqui, por que é que hoje não podem mais?”. E Samuel Borges, estudante matriculado no 2º ano, asseverou:"o governo tem dinheiro para comprar todo esse equipamento, manter internet, pagar mediador, e não tem para contratar professor?".

A reunião, que durou cerca de 50 minutos, se encerrou sem uma definição. Maria de Jesus e Rosimeire Melo apenas prometeram levar para a Seduc os pareceres ali apresentados pela comunidade escolar e atribuiu ao setor de lotação a solução para o embate: “A única saída é encontrar professor. Se o setor de lotação encontrar professor especializado, acaba a mediação.” Concluiu.

Só que mais tarde, a técnica Maria de Jesus nos informou que, para permanecer a mediação tecnológica no Álvaro Rodrigues, é necessário apenas a aceitação da escola. Aceitação que ela garantiu ter obtido do diretor Valdecleide Geraldo. “Nós só precisamos de uma fala, de uma ação da escola, que vai dizer o que vai trabalhar para resolver o problema ou retirar a mediação. (...) O que ficou acordado e assinado é que, enquanto não chega o professor da disciplina, especializado na área, vai ficar o Canal. E a escola... o diretor vai buscar alternativas para levar pais, alunos a entender a nova metodologia de ensino. (...) Eu tenho o papel assinado por ele.



Fonte: Anderson Monteiro
Edição: Anderson Monteiro
Por: Anderson Monteiro
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