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Mediação Tecnológica faz diretor pedir afastamento do cargo

Sindicato diz que vai à Justiça lutar contra a mediação e pedir professores presenciais

18/02/2017 12:57

Depois da reunião de ontem (17) entre técnicas da Seduc e pais e alunos do colégio Álvaro Rodrigues, o clima entre a comunidade escolar ficou tenso. Isso porque, ao final da reunião com os pais, houve uma outra, entre as técnicas; o diretor, Valdecleide Geraldo, e a supervisora de ensino, Maria dos Remédios Ibiapino. Nessa última reunião foi dado o veredicto: a Mediação Tecnológica vai continuar. O acordo firmado entre eles prevê que diretor e supervisora se comprometam em fazer um trabalho de conscientização dos alunos e pais sobre o real objetivo da Mediação na escola, até que sejam lotados professores especializados nas disciplinas em questão, período em que não mais será necessário o Canal Educação.

Ontem mostramos que o professor Anderson Monteiro lembrou os anos anteriores nos quais, no Álvaro, eram lotados professores vindos de fora. “Se antes podiam trazer de outras cidades professores que não tínhamos aqui, por que é que hoje não podem mais?”. Depois da reportagem, Maria de Jesus respondeu: “Em anos anteriores, a Secretaria de Educação tinha uma proposta: era atender ao aluno. Mas hoje, a nova proposta é a Mediação Tecnológica. Então, onde tem Mediação Tecnológica não deve vir professor de outro município. A lotação deve ser concluída com professores dentro do seu município.”

Maria de Jesus explica ainda que outra razão para não se importar professores é que, no geral, eles costumam faltar muito, alegando doença e apresentando atestado médico; chegam atrasados na escola e, às vezes,  saem antes do horário. Ela, no entanto, concorda: “Os pais estão certos, sim, quando eles dizem que querem professor presencial. Eles estão corretos! Nós da Secretaria de Educação só estamos pra atender onde não tem esse professor. Onde tem, o Canal Educação não entra.” Conclui a técnica. Diante desses fatos, porém, fica uma dúvida: tem Mediação porque não tem professor no município ou não vem professor para o município porque tem Mediação?

Depois de ter tomado conhecimento do novo horário das aulas, em que a 5ª aula começa às 16h40, ou seja, 20 minutos antes do transporte escolar retornar às localidades, Antônio da Silva Oliveira – pai de aluno e membro do Conselho Escolar – questiona: “Muitos alunos do Álvaro dependem do transporte do município, que fica na cidade só até às 5h00 da tarde. Então, eu pergunto: que diferença faz entre ter aula de Química e de Física com professor especializado e não ter aluno para assistir a essas aulas? Primeiro tiraram professores da escola. Agora estão tirando os alunos das aulas. Sinto muito, mas prefiro que meu filho tenha um professor presencial do que ele ficar assistindo aula em televisão!”

Ao ver nossa reportagem publicada ontem, Gisely Dantas, presidente do diretório regional do Sinte – Sindicato dos Trabalhadores em Educação – se mostrou indignada com a situação da Mediação Tecnológica no Álvaro Rodrigues e garantiu que vai acionar a Justiça contra a decisão de ontem. “Há muito tempo que luto contra a Mediação. Temos parecer jurídico contrário à Mediação. O mais importante é a resistência dos alunos. Vamos ao Ministério Público. Contem conosco!” Declarou Gisely, via WhatsApp.

A parte mais dramática dessa história, no entanto, é que o diretor Valdecleide Geraldo prometeu deixar o cargo imediatamente. Inconformado com a situação, Valdo (como é mais conhecido) desabafa: “Eu já vinha pensando em deixar a direção. Agora, depois dessa polêmica toda, estou preparando uma documentação pedindo meu afastamento. Não gosto dessas confusões. Eu quero é tranquilidade em minha vida.”

Escolhido através de eleições diretas, Valdecleide está na direção do Álvaro desde 2012. Durante esses cinco anos de gestão, ele tem desempenhado um trabalho exemplar no que diz respeito às finanças equilibradas, aquisição de materiais, merenda de qualidade, eventos da escola, trato com pessoal (alunos e funcionários) entre outros atributos. Com a saída dele da direção, a comunidade escolar do Álvaro Rodrigues perde um gestor organizado.


Fonte: Anderson Monteiro
Edição: Anderson Monteiro
Por: Anderson Monteiro
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