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Imagens históricas ganham cor nas mãos de artista mineira

O trabalho de Marina Amaral, de 23 anos, ganhou repercussão internacional através da internet. Um dos projetos dela é 'colorir' as quase 40 mil fotos do acervo do Museu de Auschwitz.

17/04/2018 14:59

Quando as tropas aliadas desembarcaram na Normandia, no chamado Dia D, na 2ª Guerra Mundial, o céu estava azul? A icônica espiã Mata Hari costumava se vestir de esmeraldas e rubis? Que cor eram os cabelos da polonesa Czeslawa Kwoka, prisioneira do campo de concentração de Auschwitz?

Imagens que antes só contavam o lado preto e branco da história estão ganhando tons diferentes nas mãos da mineira Marina Amaral, de 23 anos. Meio sem querer, ela começou a usar o Photoshop para “colorir” fotos antigas. A atividade começou como um passatempo aos 13 anos. Tempos depois, graças à internet, seu trabalho ganhou o mundo e foi transformado em profissão.

Tropas aliadas desembarcam na Normandia no dia D. (Foto: Marina Amaral/Arquivo pessoal)

“Sempre gostei de história e comecei a fuçar as possibilidades do Photoshop há dez anos. Depois eu comecei a colorir fotos antigas e divulgar na internet. A repercussão de muitas delas foi tão grande que eu tive que largar a faculdade de Relações Internacionais para me dedicar a esta profissão, que eu nem sabia que era profissão (risos)”, disse Marina.

Foto original do desembarque das tropas aliadas na Normandia; a versão colorida está no início da reportagem. (Foto: Marina Amaral/Arquivo pessoal)

A artista Marina Amaral transforma fotos antigas com o uso de cores no Photoshop.

Auschwitz

Uma das fotos que viralizaram foi a de Czeslawa Kwoka, de 14 anos, prisioneira do campo de concentração nazista de Auschwitz durante a 2ª Guerra Mundial, morta em 1943. Marina fez a foto em 2016, mas ela ganhou repercussão há poucas semanas por ter sido compartilhada pelas redes sociais do Memorial e Museu de Auschwitz-Birkenau, na Polônia.

“Eu fiquei muito surpresa e feliz com esta atitude do museu. Agora, o museu e eu vamos começar um projeto para colorir as fotos do acervo de Auschwitz. São quase 40 mil fotos. É um trabalho muito especial e devo ir conhecer o museu nas próximas semanas”, disse a artista que também pretende documentar sua visita à Polônia.

Além do Memorial e Museu de Auschwitz-Birkenau, Marina tem recebido convites de outras instituições da Europa e dos Estados Unidos para que imagens em preto e branco ganhem versão colorida. “São muitos pedidos diferentes que chegam dos clientes. A maioria dos pedidos vêm de museus, de colecionadores. Mas também tem famílias que me procuram para colorir fotos afetivas”, contou Marina.

Mas como saber que tom usar para colorir os trajes do czar Nicolau, a poltrona em que a futura rainha Elizabeth aparece ou o tapete que aparece em uma foto de Dom Pedro II? Segundo Marina, as cores “pintadas” nas fotos não são escolhidas aleatoriamente. Um grupo de pesquisadores e historiadores ajuda a artista a se manter o mais fiel possível às paletas originais.

“Eu não posso arriscar. Tem investigação em todas as fotos. Uniformes de soldados, por exemplo, são mais simples já que têm arquivos, registro e documentos. Mas essa equipe consegue me passar os tons ou até uma noção das cores que seriam as roupas ou os móveis da foto”, disse a artista.

'The Colour of Time'

Marina Amaral começou a colorir fotos antigas por acaso. (Foto: Marina Amaral/Arquivo pessoal)

Marina se prepara para lançar o livro “The Colour of Time” em conjunto com o historiador britânico Dan Jones. A obra reúne 200 fotos que retratam o período entre 1850 e 1960.

“A gente conseguiu traçar uma linha do tempo em imagens que nunca foram vistas em cores antes”, contou a artista. O livro deve ser lançado em agosto deste ano na Europa e nos Estados Unidos. Não há data prevista para a chegada da obra ao Brasil porque, por enquanto, não há editoras interessadas em publicá-la por aqui.

“É uma pena. Ainda não tem uma expectativa de quando o livro chega ao Brasil. Eu até gostaria de colorir mais imagens daqui, mas esbarro sempre nos direitos autorais. É muito difícil conseguir autorização. Mas quem sabe isso não muda, né?”, disse ela.

Com quase 500 fotos já restauradas, Marina virou referência internacional neste tipo de trabalho que acabou virando profissão por acaso. “Muita gente me pergunta como fazer para seguir esse ofício. Eu não tenho resposta (risos). Foi tudo tão sem querer que eu nem mesma sei como aconteceu”, brincou ela.

Czeslawa Kwoka, prisioneira do campo nazista de Auschwitz. (Foto: Marina Amaral/Arquivo pessoal)

O czar Nicolau II, morto durante a Revolução Russa. (Foto: Marina Amaral/Arquivo pessoal)

Praia de Nova Jersey em 1905. (Foto: Marina Amaral/Arquivo pessoal)

A futura rainha Elizabeth II. (Foto: Marina Amaral/Arquivo pessoal)

O imperador do Brasil Dom Pedro II. (Foto: Marina Amaral/Arquivo pessoal)

A espiã Mata Hari. (Foto: Marina Amaral/Arquivo pessoal)

Francisco de Paula, soldado da Força Expedicionária Brasileira. (Foto: Marina Amaral/Arquivo pessoal)

Fonte: G1
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