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Jornalista acusada de chantagear assessor de Feliciano deve ser julgada hoje

Interrogatório de Patrícia Lélis foi agendado para esta tarde no Fórum da Barra Funda, em São Paulo. MP a acusa de mentir e extorquir Talma Bauer; ela responderá em liberdade, mas defesa diz que jovem não irá comparecer.

25/05/2017 09:30

A jornalista Patrícia Lelis, o deputado federal Marco Feliciano e o assesor dele, Talmo Bauer (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil, Nilson Bastian/Câmara dos Deputados e Reprodução/TV Globo)
A jornalista Patrícia Lelis, o deputado federal Marco Feliciano e o assesor dele, Talmo Bauer (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil, Nilson Bastian/Câmara dos Deputados e Reprodução/TV Globo)

O julgamento da jornalista, estudante de direito e ex-simpatizante do Partido Social Cristão (PSC) Patrícia de Oliveira Souza Lélis, de 23 anos, está marcado para começar às 15h desta quinta-feira (25) no Fórum da Barra Funda, Zona Oeste de São Paulo. Como a ré mora em Brasília, ela não tem obrigação de comparecer e poderá ser interrogada por carta precatória (leia mais abaixo).

Patrícia é acusada pelo Ministério Público (MP) de mentir à Polícia Civil e de extorquir dinheiro de Talma de Oliveira Bauer, de 65, assessor do deputado federal Pastor Marco Feliciano (PSC-SP), a quem ela acusa de tentar estuprá-la.

A jornalista responde em liberdade pelos crimes de denunciação caluniosa e extorsão contra Bauer. O caso está sob segredo de Justiça.

Para a 1ª Promotoria Criminal, Patrícia mentiu à Polícia Civil em agosto de 2016 ao dizer que foi sequestrada e mantida em cárcere privado pelo assessor do deputado num hotel na capital paulista. Por conta dessa acusação, Bauer chegou a ser preso, mas depois foi solto.

A jornalista também é acusada pelo promotor Alfredo Mainardi Neto de cobrar dinheiro de Bauer para gravar vídeos em São Paulo desmentindo a acusação de tentativa de assédio sexual que havia feito contra Feliciano, em junho do ano passado, em Brasília. O assessor parlamentar alegou ter pago R$ 20 mil a um amigo de Patrícia. As filmagens foram feitas e postadas por ela nas redes sociais na internet.

Apesar de negar a tentativa de estupro na web, Patrícia não retirou a acusação contra Feliciano de tentar abusar dela e agredi-la no apartamento dele na capital federal. Como o parlamentar tem foro privilegiado, esse caso de suspeita de crime sexual será analisado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), no Distrito Federal, de acordo com a defesa da jornalista.

Julgamento de Patrícia Lélis será no Fórum da Barra Funda, Zona Oeste de São Paulo (Foto: Reprodução/TV Globo)
Julgamento de Patrícia Lélis será no Fórum da Barra Funda, Zona Oeste de São Paulo (Foto: Reprodução/TV Globo)

Defesa

Procurada na quarta-feira (24) pelo G1, uma das advogadas de Patrícia informou que a jornalista, no entanto, não vai ao próprio julgamento.

“Patricia não vai comparecer. Pedi a Justiça e ela aceitou que minha cliente seja ouvida somente após o depoimento de todas as testemunhas”, disse a advogada Lívia Novak, que ao lado de Ana Ruas atuam na defesa da ré.

De acordo com Lívia, o juiz Carlos José Zulian, da 1ª Vara Criminal, ficou de decidir ainda se Patrícia será interrogada pessoalmente por ele em São Paulo ou por carta precatória em Brasília, onde ela mora. Pela lei, a jornalista não é obrigada a ir ao julgamento já que reside em outra cidade fora da capital paulista.

Como o caso está em segredo judicial, a advogada não pode dar detalhes de quais serão as argumentações da defesa, mas negou as acusações do MP sobre Patrícia.

“Não são verdadeiras e isso será provado ao curso de toda a instrução. A história não é como está sendo posta pelo Ministério Público. Ela não extorquiu o Bauer e muito menos cometeu uma denunciação caluniosa”, disse Lívia.

A advogada sustenta que sua cliente apenas narrou à polícia o que aconteceu com ela. “Ela não noticiou o fato criminoso de sequestro, ela falou algumas vezes coisas que o delegado concluiu que ela foi sequestrada. Ela foi mantida em cárcere, sem liberdade no hotel em São Paulo”, explicou.

Vídeo de hotel mostra Patrícia abraçada a Bauer; ela havia dito que foi sequestrada e mantida encarcerada pelo assessor (Foto: Reprodução/G1)
Vídeo de hotel mostra Patrícia abraçada a Bauer; ela havia dito que foi sequestrada e mantida encarcerada pelo assessor (Foto: Reprodução/G1)

Jornalista

Em abril deste ano, após ser procurada por e-mail pelo G1, Patrícia respondeu o contato criticando Luiz Roberto Hellmeister, então delegado do 3º Distrito Policial (DP), Santa Ifigênia, no Centro de São Paulo, que a indiciou.

De acordo com a polícia, além de depoimentos, gravações de câmeras de segurança do hotel levaram a investigação a desmentir a versão da jornalista de que ela foi sequestrada. O primeiro vídeo, registrado em 30 de julho, mostra Bauer, e a Patrícia no lobby do hotel em São Paulo. Eles se abraçam na recepção. Nas outras imagens, de 4 de agosto, ela aparece abraçada a um amigo no sofá na área comum do estabelecimento. Ao lado deles está o assessor de Feliciano falando ao celular.

"Lembrando que eu fui acusada de um caso que o STF [Supremo Tribunal Federal] ainda não julgou, e o delegado que fez tal acusação carrega nas costas crimes bárbaros que aconteceram dentro da sua delegacia, como por exemplo o caso da Verônica Bolina, que foi brutalmente agredida dentro da própria delegacia", escreveu Patrícia, referindo-se à transexual que foi espancada após ser presa em 2015, quando Hellmeister comandava o 2º DP, Bom Retiro.

"Tenho testemunhas que estavam presentes na delegacia, que vão dar testemunho ao meu favor, dizendo sobre a conduta do delegado, e sobre os inúmeros xingamentos que se refere a mim", acrescentou a jornalista.

No mês passado, o delegado rebateu as acusações de Patrícia contra ele, dizendo que "a jornalista deveria se ater à sua defesa, e não a atacar a autoridade policial".

Bauer já foi ouvido por carta precatória judicial em Guarulhos, onde mora. Ele teria reafirmado que não avisou Feliciano da extorsão para preservá-lo. O dinheiro pago a um amigo de Patrícia chegou a ser apreendido pela polícia à época.

Nesta audiência do caso que envolve Patrícia e o assessor do deputado, o juiz Zulian julgará o processo e dará a sentença. Caso haja condenação, as penas dos crimes de denunciação caluniosa e extorsão podem variar de 6 a 20 anos de prisão.

Procurado pela reportagem, o promotor Mainardi Neto não quis se pronunciar, alegando que o processo está sob segredo de Justiça. Bauer ou seus advogados não foram encontrados.

Em vídeo, Feliciano nega acusações de assédio sexual contra militante do PSC (Foto: Reprodução/YouTube)
Em vídeo, Feliciano nega acusações de assédio sexual contra militante do PSC (Foto: Reprodução/YouTube)

Deputado

Ainda em 2016, o deputado também havia gravado um vídeo, à época, ao lado da mulher, desmentindo as acusações da jornalista de que ele teria tentado estuprá-la.

O Ministério Público do Distrito Federal chegou a arquivar, por falta de provas, uma outra acusação de estupro que Patrícia havia feito contra outro homem. Como afirmava ter sido estuprada diversas vezes em sua casa, quando ela era adolescente, sem que sua família soubesse, a jornalista foi submetida a avaliações psicológicas.

Um laudo médico de dezembro de 2015 feito em Patrícia não havia encontrado transtornos ou alterações psicopatológicas nela, mas pedia para a jornalista continuar o tratamento psicológico e psiquiátrico. O documento foi feito por psicológos.

Outro laudo, esse um psiquiátrico feito em fevereiro de 2016, classificou Patrícia como "mitomaníaca", ou seja, tem transtorno de personalidade que faz com que minta compulsivamente.

Fonte: G1
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