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Suspeito de fraude, ex-ministro do Trabalho decide colaborar

A aproximação com os investigadores busca evitar novas medidas cautelares contra o ex-ministro, como uma ordem de prisão, e, mais adiante, eventual denúncia.

18/07/2018 08:29

Afastado do Ministério do Trabalho por suspeita de integrar esquema de corrupção e fraudes para liberação de registros sindicais, o ex-ministro Helton Yomura decidiu colaborar com a Operação Registro Espúrio. Na segunda (16), ele e seus advogados procuraram a Procuradoria-Geral da República e se propuseram a entregar voluntariamente informações e documentos sobre os processos alvo da apuração.

A aproximação com os investigadores busca evitar novas medidas cautelares contra o ex-ministro, como uma ordem de prisão, e, mais adiante, eventual denúncia. No último dia 5, ele foi suspenso de suas funções e proibido de ter contato com outros investigados e servidores da pasta. Horas depois, pediu demissão.

Interlocutores do ex-ministro negam que a iniciativa vise a uma delação premiada, justificando que ele não tem crimes a confessar. Mas admitem que a colaboração tem potencial para implicar as cúpulas do PTB, partido ao qual é ligado, e do Solidariedade. As duas siglas controlavam o Ministério do Trabalho.

As tratativas com a PGR estão em fase inicial. Segundo relatos, os investigadores manifestaram interesse em mais detalhes sobre pedidos feitos pelo ministro Carlos Marun (Secretaria de Governo) no Trabalho. A PGR informou que não se pronuncia sobre eventuais negociações de colaboração.

Como mostrou a Folha de S.Paulo no sábado (14), a Polícia Federal sustenta que integrantes da pasta fraudavam processos de registro sindical para beneficiar, por solicitação do ministro, entidades de Mato Grosso do Sul, sua base eleitoral. Marun nega.

O afastamento do ex-ministro foi determinado pelo STF. Foto: Divulgação

Caso as negociações prosperem, Yomura também poderá falar sobre demandas de outros políticos com trânsito na pasta. Ele é próximo do presidente do PTB, Roberto Jefferson, e da filha dele, deputada federal Cristiane Brasil (RJ), que o indicaram para a chefia do ministério após a fracassada tentativa de emplacar a congressista no cargo.

Com base no teor de mensagens interceptadas, a PF acusa Yomura de atuar como fantoche de Cristiane e do pai, atendendo a pedidos de manipulação de processos no ministério e de nomeação de servidores alinhados com o suposto esquema.

A operação também mira o presidente do Solidariedade, Paulo Pereira da Silva (SP), líder da Força Sindical; os também deputados Jovair Arantes (PTB-GO), Wilson Filho (PTB-PB) e Nelson Marquezelli (PTB-SP), além do suplente de deputado Ademir Camilo (MDB-MG). Todos negam ilicitudes.

Ao acenar para a PGR, Yomura se antecipa a eventuais lances da Registro Espúrio, que agora aprofunda as investigações sobre o papel do ex-ministro na organização sob suspeita.

A aproximação com os investigadores é também um recado aos líderes do PTB para que, com o avanço das apurações, não o abandonem. No dia em que a operação foi deflagrada, enquanto o Planalto ainda hesitava sobre o que fazer com o ministro recém-afastado, Jefferson colocou o ministério à disposição de Michel Temer. A defesa de Yomura não se manifestou.

Fonte: Folhapress
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