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Pezão admite falha na segurança no carnaval: 'Não estávamos preparados'

Governador disse que houve uma falha nos dois primeiros dias, mas depois o policiamento foi reforçado. 'Acho que houve um erro nosso', afirmou.

14/02/2018 14:58

O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), admitiu que houve falha no planejamento de segurança durante o carnaval. "Não estávamos preparados. Houve uma falha nos dois primeiros dias, e depois a gente reforçou aquele policiamento. Mas eu acho que houve um erro nosso", disse nesta quarta-feira (14).

"Não dimensionamos isso, mas eu acho que é sempre um aprimoramento, a gente tem sempre que aprimorar", alegou o governador a respeito dos casos de violência no estado nos dias de carnaval.

Diversos episódios de violência foram registrados. Houve arrastões, assaltos nos blocos, saque a supermercado, entre outros crimes, da Zona Sul até a Zona Norte da capital. Também houve dois PMs baleados ao tentarem impedir um roubo no Leblon, e um policial morto numa suposta tentativa de assalto no Méier.

Pezão, contudo, afirmou que o governo também precisa olhar a segurança de todo o estado. "Agora, a gente está tentando ver a segurança pública de Cabo Frio a Paraty. São 6 milhões e meio de pessoas na rua e com territórios ainda conflagrados", afirmou.

"A Polícia Militar tinha uma boa parte do efetivo na Rocinha, onde a gente vem permanentemente atuando, e também na Praça Seca, onde estava tendo uma guerra pelo tráfico entre a milícia e o tráfico. O policiamento nas vias expressas melhorou muito. Tanto na Linha Amarela quanto na Linha Vermelha", disse Pezão.

O governador afirmou ainda que uma equipe de segurança está reunida, neste momento, para fechar os dados das operações e apreensões realizadas durante o carnaval.

"A nossa equipe de segurança agora está reunida fechando esses dados. É impressionante o número de apreensões. A Polícia Rodoviária Federal também, o número de apreensões de armas, de cartuchos que estava vindo para o Rio. Então, aprimorar cada vez mais essa integração. E nós não vamos nos afastar. Neste meu último ano vou me dedicar fortemente a cada vez mais estar melhorando a área de segurança", afirmou Pezão.

Relatos da violência

Quem saiu de casa cedo na manhã desta quarta-feira de cinzas ainda estava assustado com a violência. E com medo. "O que mais a gente via era gente correndo para um lado, correndo para o outro, arrastão o tempo inteiro. Foi totalmente falta de segurança", disse uma moradora da cidade.

Diversos flagrantes de assaltos foram registrados. Um deles ocorreu na manhã de terça-feira (13), em Ipanema, na Zona Sul.

Não eram nem 7h quando uma mulher de 56 anos foi rendida por quatro bandidos. Ela voltava da padaria quando um dos criminosos, que se aproxima por trás dela, lhe dá uma "gravata", e os comparsas lhe roubam dinheiro e um cordão. Eles fogem em seguida deixando a sacola de pães no chão.

"Estou com trauma, porque é um lugar que, né, um lugar tão, assim, movimentado, e está o povo passando por isso", disse a vítima. Ela afirmou que desde o assalto não consegue dormir nem comer.

Menos de uma hora depois desse assalto em Ipanema, outro crime aconteceu em Botafogo, também na Zona Sul. A vítima foi um homem que estava chegando em casa. Ele foi espancado por bandidos, e a mochila dele foi roubada. Ele mora em um prédio que é vizinho do 2º Batalhão da PM, mas a presença policial não intimidou os criminosos.

A moradora de uma rua vigiada por câmeras atrás da sede do governo, no bairro Laranjeiras, também na Zona Sul, afirma que todo dia ocorre pelo menos um assalto. Na noite desta terça, três homens renderam ocupantes de um carro e fugiram levando tudo.

Violência nos blocos

No Centro da cidade, onde se concentraram os megablocos, foram diversos casos de violência.

"Aproximadamente sete rapazes começaram a mexer com a menina, aí atravessaram a rua, roubaram meu telefone, que eu vou pagar a segunda prestação agora mês que vem, e me bateram, me agrediram aqui, tá vendo a marca do soco?", contou uma mulher vítima da violência no Centro.

"Eu estava no bloco e aí veio o tumulto, e todo mundo começou a se alvoroçar, empurrar, empurra, empurra, aí me jogaram no chão, e me bateram e pegaram a minha mochila", narrou outra vítima.

Uma mulher que também foi vítima de roubo disse que a família foi espancada pelos assaltantes. "Aí veio uma porção de garotos que tentaram roubar o celular, roubaram o nosso celular e começaram a agredir a gente, muito, muito, muito, muito. Bateram, bateram muito, muito no meu namorado, bateram no pai da minha sobrinha, cortaram a cabeça dele, ele deve ter levado uns cinco pontos", contou a mulher, ainda assustada.

Roubos a caminho da Sapucaí

A violência não poupou nem mesmo um dos sambistas mais consagrados da atualidade. Moacyr Luz foi assaltado na madrugada desta segunda-feira quando seguia para a Sapucaí, onde desfilou na Paraíso do Tuiuti, escola da qual é compositor.

Quem também foi vítima da violência foi atriz Juliana Paes. Rainha da bateria da Grande Rio, ela estava a caminho da Sapucaí, por volta das 23h de domingo (13), quando a van em que estava foi abordada durante um "arrastão" no Viaduto 31 de Março, próximo ao sambódromo.

Questionado sobre os assaltos em série na cidade durante a folia, o porta-voz da PM, major Ivan Blaz, sugeriu que os foliões evitassem selfies nas ruas para não serem assaltados.

E não foram só assaltos e arrastões que assustaram o Rio nesse carnaval. Na Praça Seca, os tiroteios na favela Bateau Mouche não deram trégua. A guerra entre traficantes e milicianos já dura mais de três meses na região. Na manhã desta quarta-feira, homens armados circulavam pelo morro com fuzis nas mãos.

Cobrada sobre a onda de violência no carnaval, a Secretaria de Estado de Segurança se pronunciou apenas por nota. Disse que não divulga o balanço de ocorrências durante grandes eventos como o carnaval e que as estatísticas serão divulgadas daqui a um mês pelo Instituto de Segurança Pública (ISP).

Fonte: G1
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