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CPMF pesaria mais no bolso da população de baixa renda, diz economista

Economista explica ainda que retorno do imposto gera desestímulo do uso das instituições financeiras e insegurança.

12/09/2019 16:12

Assunto recente no noticiário nacional, a possível volta do imposto CPMF (Contribuição Permanente sobre Movimentação Financeira) tem causado dúvidas e receio em muitas pessoas que utilizam diariamente os serviços bancários

Em entrevista ao O Dia News, da ODiaTV, nesta quinta-feira (12), a economista Renata Borges explicou alguns pontos que devem ser considerados sobre a possível volta do imposto .

De acordo com a economista, a volta do imposto traria maior peso para as pessoas de baixa renda, que gastam seu dinheiro mais em relações de consumo do que em renda e por se tratar de um imposto regressivo. As consequências práticas vão desde o desestímulo de uso do sistema financeiro, já que o imposto seria cobrado a cada transação bancária, até o aumento da sonegação.


"Esse imposto sobre as transações financeiras acaba criando um imposto que a gente chama de regressivo, que é mais prejudicial pra população de baixa renda, já que ela acaba gastando a maioria de sua renda em consumo e não em poupança. Então quem ia mais sentir era a população carente", afirma Renata.

O imposto, que segundo Renata tem um custo político, acaba afetando não somente a população comum, como também toda cadeia produtiva do país.

Na esfera industrial a economista explica que o impacto geraria a verticalização para aquisição de insumos próprios e deixaria de contratar os fornecedores externos, reduzindo o fluxo de capital entre as empresas. 

"Ela [indústria] passaria a não contratar mais os fornecedores externos, passaria a produzir seus próprios insumos, suas próprias necessidades, e essa verticalização da industria causa o efeito que a gente chama de ineficiente pra sociedade como um todo, porque a economia acaba se tornando ineficiente", explica a economista.


Economista Renata Borges em entrevista ao Em Dia News da TV O Dia. (Foto: Elias Fontenele/O Dia)

Mesmo com o incentivo que traria para o sistema financeiro, a alíquota de 0,4% ainda não corresponderia às expectativas do Governo. A economista explica que para suprir a demanda que o governo espera a alíquota giraria em torno de 0,5%. 

Com a cobrança do imposto , a tendência é que muitas pessoas preferiram guardar dinheiro em casa do que deixar nos bancos o que traz como consequência a insegurança, já que o aumento do fluxo poderia atrair mais índices de criminalidade. Em nível internacional, a economista explica que o imposto não é bem visto. 

"A gente vai ver a adoção desse imposto na Argentina, que chega a 1,2%, na Venezuela, que chega a 2%. Então não é um imposto que tem boa prática internacional", finaliza Renata.

Por: Rodrigo Antunes
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