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Crise é novo reequilíbrio global, diz presidente mundial do Santander

O Brasil é o país mais importante para o resultado do Santander no mundo. No primeiro trimestre deste ano, respondeu por 27% do lucro do grupo espanhol, seguido pela matriz na Espanha com 18%, e pelo Reino Unido com 13%.

21/06/2018 11:47

Ana Botín, presidente global do Santander, diz não estar preocupada com o aumento da aversão ao risco global, que vem provocando forte desvalorização das moedas dos países emergentes, principalmente na América Latina.

"Sigo otimista. Isso não é 1982, nem 1994, nem 2001. O contexto é muito diferente", afirmou a banqueira nesta quinta-feira (21), em um evento realizado pelo Santander para jornalistas em Londres.

Ela estava se referindo a turbulências que quase quebraram os países da América Latina, como a crise da dívida externa de 1982, a crise do México em 1994 e o efeito Tequila, que provocou o fim do câmbio fixo no Brasil, e a crise da Argentina em 2001.

Segundo a banqueira, o aumento da taxa de juros nos Estados Unidos pode levar a uma queda de 0,5% no crescimento da América Latina neste ano, mas os países da região estão muito mais preparados, especialmente o Brasil, que possui robustas reservas internacionais.

"Apesar das aparências, o que está ocorrendo é um novo equilíbrio global. Os Estados Unidos voltaram a crescer e isso é bom para a América Latina e para o mundo", disse Botín, ressaltando que o crescimento mundial é o maior dos últimos cinco anos.

Foto: Divulgação

Ela reconhece, no entanto, que há riscos: não só a alta de juros nos EUA, que provoca fuga de capitais nos países emergentes, mas também o fim dos programas de relaxamento monetário na Europa e a guerra comercial, com aumento de tarifas de importação entre diversos países, iniciada pelo presidente americano Donald Trump.

"Nós vimos que o G-7 não é mais um grupo de amigos", disse Bodín, referindo-se à recusa de Trump em assinar o documento final do recente encontro entre os sete países mais ricos no mundo, que ocorreu no Canadá. "Se a guerra comercial se agravar, vai desacelerar o crescimento, mas, por enquanto, temos que olhar os números. O comércio global segue avançando", completou.

Botín evitou fazer comentários sobre as eleições presidenciais que se aproximam no Brasil e no México. "Em política, eu não me meto. Trabalhamos com todos os governos e o importante é que seja uma transição democrática", afirmou. Ele ressaltou apenas que é importante que o governo brasileiro prossiga fazendo as reformas, "aconteça o que acontecer nas eleições". 

O Brasil é o país mais importante para o resultado do Santander no mundo. No primeiro trimestre deste ano, respondeu por 27% do lucro do grupo espanhol, seguido pela matriz na Espanha com 18%, e pelo Reino Unido com 13%. Esses percentuais, porém, podem mudar nos próximos meses, por causa da desvalorização do real, que prejudica os resultados da operação brasileira em euros. 

 Ana Botín chegou ao comando do Santander em setembro de 2014, após a morte do pai, Emilio Botín. É a primeira mulher a chefiar um grande banco europeu. Já ocupava o cargo de presidente-executivo do banco no Reino Unido, mas, mesmo assim, encontrou resistências ao ser nomeada.

Desde que assumiu a presidência global do Santander, a banqueira vem promovendo uma política de inclusão de mulheres no banco e no setor financeiro em geral. "Eu acredito na discriminação positiva. Se não fizermos algo, o processo é muito lento".

Fonte: Folhapress
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