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Instituições transformam vidas através da solidariedade

O Lar de Misericórdia existe desde 1992 e é uma das três instituições beneficiadas pelos donativos arrecadados na Caminhada da Fraternidade, evento que este ano levou mais de 60 mil pessoas para as avenidas de Teresina

15/06/2019 08:55

Imaginar uma cozinha grande, sala de convivência, terraço sombreado por árvores, quartos, é induzir o cérebro a formatar a ideia de um lar. E um local que tem exatamente essa formatação, mas que é habitado não apenas por uma, mas por dezenas de famílias, é o Lar de Misericórdia, localizado na zona Leste de Teresina. O local é um dos serviços da Ação Social Arquidiocesana (ASA) e existe com a missão de acolher pessoas em tratamento oncológico que não tenham nenhuma referencia de domicilio na Capital. Acolhendo pessoas, o espaço contribui para que elas continuem em tratamento para lutar por suas vidas.

O Lar de Misericórdia existe desde 1992 e é uma das três instituições beneficiadas pelos donativos arrecadados na Caminhada da Fraternidade, evento que este ano levou mais de 60 mil pessoas para as avenidas de Teresina, no último domingo (9), com o tema: “Abraço, nosso laço com o outro”.

Para Sebastiana Leal, funcionária do Lar há dez anos, o espaço é a prova de que a solidariedade pode transformar realidades. “Recebemos os pacientes encaminhados dos serviços oncológicos do Hospital São Marcos e Hospital Universitário, que não tem como se manter em Teresina para realizar o seu tratamento. Aqui, eles têm a possibilidade de realmente ter um lar longe de casa, com a nossa estrutura de quarto, refeições, tudo sem custo. Funcionamos através das doações realizadas no ofertório da missa que acontece aqui aos domingos, de doações e dos recursos arrecadas na caminhada da Fraternidade. É sempre a solidariedade que nos ajuda a manter as portas abertas”, explica.

Sebastiana acolhe os moradores do Lar como uma família (Fotos: Assis Fernandes, Poliana Oliveira e Jaílson Soares/ODIA)

A estrutura da casa, que antes abrigava um seminário, é ampla e arejada. No espaço, oito quartos podem comportar até 32 pessoas. Além disso, um grande refeitório, espaço para convivência e áreas de jardim complementam o cenário de acolhimento para as pessoas que estão longe de casa.

 “Fizemos uma reforma e, agora, temos mais um quarto grande disponível, nossa capacidade vai aumentar, mas falta ganharmos as camas. Essa é a próxima providência divina que esperamos”, relata Sebastiana, com alegria pelo fato do local estar crescendo para receber mais pessoas.

Cada um dos atendidos pelo Lar traz consigo um acompanhante e são essas pessoas as responsáveis por dar suporte ao funcionamento do espaço. “Hoje, contamos com voluntários para que tudo funcione da melhor forma. As atividades da cozinha e de limpeza são partilhadas, todos tem responsabilidade com todos. Assim, é como se realmente fôssemos uma família”, destaca.

Voluntário diz encontrar sentido na vida ao ajudar pessoas

Francisco das Chagas, mais conhecido como Oliveira, 54 anos, faz jus ao sentimento familiar que permeia no Lar de Misericórdia. Ele começou a frequentar a entidade em 2011 ao acompanhar um familiar em tratamento. Anos depois, voltou à instituição para acompanhar um amigo em tratamento e, dessa vez, não saiu mais. Voluntário do Lar há anos, ele diz que ajudar as pessoas faz a vida ter mais sentido.

“Acho que é muito importante ter um espaço como esse que acolhe o pessoal, porque são pessoas que chegam aqui sem nada, não conhecem ninguém e aqui encontram mais apoio. Eu me sinto melhor quando estou ajudando, a vida passa a fazer mais sentido”, destaca.

Francisco das Chagas afirma que se sente melhor quando ajuda outras pessoas (Fotos: Assis Fernandes, Poliana Oliveira e Jaílson Soares/ODIA)

Morador de Parnaíba, no Norte do Estado, solteiro e com a família encaminhada, Oliveira lembra que o espaço oportuniza que ele faça mais laços de amizade. Como passa longos períodos no Lar, de um a quatro meses, ele também já se faz essencial na rotina do espaço.

É Oliveira quem acorda cedo e se responsabiliza por desligar o sistema de ar condicionado dos quartos, preparar o primeiro café e leite que serão servidos, além de cuidar do jardim. Trabalho que faz com sensação de recompensa por se sentir inserido naquela realidade. “E se não tiver um dia quem faça comida, eu também faço. Faço de um tudo porque gosto de me sentir útil, de estar contribuindo com essas pessoas que são tão boas”, destaca.


Por: Glenda Uchôa e Biá Boakari
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