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Redes sociais: exposição de crianças gera ansiedade, alerta psicóloga

Outra preocupação deve ser em relação a segurança com o compartilhamento de informações

29/06/2019 08:21

Principalmente nos centros urbanos, o uso das tecnologias é inerente ao cotidiano das pessoas. Celulares, computadores e tablets são equipamentos comuns no dia-a-dia para atividades diversas, desde um simples telefonema ou troca de mensagens a transações bancárias. Neste contexto, o uso de redes sociais – plataformas em que pessoas estão conectadas com centenas de outras pessoas – também ganha atenção. Mas quanto e como usar este tipo de tecnologia para abarcar uma fase fundamental da vida, como a infância, pode interferir na formação de um ser humano? Para especialistas ouvidos por O Dia há riscos que devem ser pontuados.

Com as ferramentas de interação social, a privacidade das crianças não é gerida por elas próprias, mas pelas pessoas que as cercam - os pais e responsáveis. Daí surgem os perfis de bebês e crianças, principalmente em plataformas como instragram, que expõe cotidianos do seu dia-a-dia.

Este tipo de exposição digital tão precoce pode deflagrar, segundo especialistas, uma série de consequências. De acordo a psicóloga Larissa Santos, a atitude de criar um perfil para uma criança em uma rede social é mantida, muitas vezes, pelas consequências a curto prazo que aquilo pode gerar: solidificar memórias, ver o recebimento de elogios ou até ter retorno financeiro estão entre as principais razões que levam os pais na criação de perfis para os filhos. No entanto, a profissional alerta que, quando se pensa o desenvolvimento da criança, isso precisa ser analisado em longo prazo e não de forma imediata.

“Lá na frente como essa criança vai lidar com essas consequências? A exposição gera expectativas e como ela poderá lidar com isso? Passa de uma simples postagem a um problema futuro de como eu vou lidar com toda essa questão. Lá na frente, pode ter problema com ansiedade, pode desenvolver relação de intolerância a frustração e, muitas vezes, uma preocupação com a imagem de forma mais intensa”, considera Larissa.

A profissional também fala sobre o processo de adultização das crianças que, muitas vezes, são estimuladas a se inserir em modelos de comportamento fora do que é esperado para aquela idade. Larissa lembra que, nesta fase, o brincar, a interação social com outras crianças de maneira real, são fundamentais para a saúde mental do ser humano em formação. “Ela imita o que vê no adulto, mas a criança precisa brincar, conviver em ambientes sociais e gerar memórias”, destaca.

Segurança

Outra preocupação deve ser em relação a segurança com o compartilhamento de informações sobre rotina da criança, como fotos que mostram o uniforme da escola, informações da casa ou o local em que ela pratica algum esporte. Essas imagens devem ser compartilhadas só com quem é, de fato, do círculo íntimo. No Facebook ou Instagram, por exemplo, o recomendado é criar lista como ‘Melhores Amigos’ e só postar para essas pessoas e não para todos os contatos adicionados”.

Estudo comprova influência das redes

Um estudo feito pela organização britânica Internet Matters com 1.500 famílias descobriu que, hoje em dia, 48% das crianças de 6 anos fazem uso dessas tecnologias. E mais: 41% delas acessam a internet sem nenhuma supervisão dos pais.

A pesquisa revelou também que 44% das crianças entrevistadas utilizam a internet dentro do próprio quarto e 27% ficam online fora de casa. Além disso, 32% são adeptas dos serviços de mensagem instantânea para se comunicar (como o WhatsApp, por exemplo).

Após a conclusão do estudo, a organização britânica se posicionou: “Isso só mostra o quão rápido é o ritmo de mudança no mundo da tecnologia e o quão vital é que os pais criem mecanismos de segurança e entendam alguns dos riscos que existem quando a criança fica online”.


Edição: João Magalhães
Por: Glenda Uchôa
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