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Suicídio: grupos de vulnerabilidade e cuidados para quem fica

Muitos associal a depressão ao suicídio, mas esta é apenas uma das causas que pode levar ao ato.

23/06/2019 08:15

Quando se fala sobre suicídio a primeira palavra que interligam é com a depressão. Só que a sociedade não compreende que essa é apenas uma das causas que pode levar ao ato, “existe um grupo em que tem relação com o suicídio e algumas relações de vulnerabilidade de saúde mental, depressão, tem uma associação muito intensa, boa parte dos suicidas tem um histórico de problemas de saúde”, fala o professor.

Isso acontece por que muitas pessoas não tem acesso a um tratamento de saúde adequado e, portanto, não têm diagnóstico. Outra situação são pessoas bipolares, “essa doença aumenta o risco em 4 ou 5 vezes mais de cometer o suicídio, do que em pessoas com situação sem ter esse problema, então, pessoas com vulnerabilidade de saúde mental, precisam ser acompanhadas, por que elas têm maior risco de ter esse efeito, de recepção como estimulo”, elucida o psicólogo . 


Muitas pessoas não têm acesso ao tratamento adequado - Foto: Jailson Soares/O Dia

Papel da família

Ao detectar atitudes diferentes em amigos ou familiares, o primeiro passo, é não diminuir a dor do outro, pois o suicida só chega ao ato, após a ideação e ter feito tentativas. Como reforça o psicólogo, “o indicativo é não minimizar que há um quadro de problema de saúde mental, então, é recomendado buscar apoio para que haja assistência, e os apoios mais importantes são aqueles que integram o trabalho e um psiquiatra quando há indicação de medicamento” expõe.

Outro ponto que merece atenção, é que durante o tratamento ou após a internação o suicida pode tentar mais uma vez, “quando ele está melhorando, é que tem mais risco, por que já tem um incômodo de sofrimento grande, só que agora eles estão com força, com energia para fazer alguma coisa e muitos se matam, há casos de suicídio dentro do hospital”, relata Denis.

Entretanto o acompanhamento é indispensável, não se deve flexibilizar e brincar sobre a situação com pessoas que estejam com ideação suicida. O correto é conversar, mostrar que se importa, que quer ajudar e nunca julgar. O suicídio nunca é sinônimo de fraqueza ou força. Um abraço, uma palavra amiga, pode auxiliar neste momento.

Cuidado para quem fica

A pósvenção é pouco debatida no meio desse cenário doloroso. Este é o momento após o ato do suicídio, quando a família e pessoas próximas passam pelo período de luto, “existe o luto natural de quem perde alguém, que o sofrimento pode ser patológico. Tem que observar se vai durar muito tempo qual a intensidade desse sofrimento, se impede a pessoa de ter uma vida normal, trabalhar, ter vida social. Chegando nessa dimensão, precisa-se encaminhar para uma assistência mais especializada na área da saúde mental, com psicólogo e psiquiatra”, informa o professor Denis Carvalho. 


“Existe o luto natural de quem perde alguém, que o sofrimento pode ser patológico. Tem que observar se vai durar muito tempo qual a intensidade desse sofrimento" - Denis Carvalho


O psicólogo continua,  “o sofrimento nos primeiros meses é natural, o luto que tem que ser trabalhado, mas temos outros problemas, em alguns casos a situação estatística mostra que fica aquele medo, os questionamentos, sobre em que eu falhei, junto comum sentimento de dor profunda, que gera um adoecimento, a sensação de que as pessoas poderiam ter feito mais do que fizeram, e se culpam, sofrem e adoecem, isso precisa trabalhar bem”, detalha.

Observar quem ficou é importante para que as pessoas não comentam também suicídio, pelo sentimento de culpa, “mas é bom lembrar que o sofrimento é a situação de luto não é um sinal de doença, é normal, todo mundo tem que trabalhar o luto, a perda. A gente tem uma sociedade que tem dificuldade em admitir que o sofrimento e a dor fazem parte da vida. Isso não pode ser transformado em doença e somente tratado com medicamentos, é preciso ver a intensidade, se for muito tempo e se inviabilizar que a pessoa tenha uma vida normal, aí sim, deve começar a se preocupar”, pontua o psicólogo Denis Carvalho.

Por: Glenda Uchôa e Sandy Swamy
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