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SUS: Mulheres em metástase têm 7 meses a menos de sobrevida

O comparativo foi feito em relação a mulheres diagnosticadas com câncer de mama, mas realizando o tratamento pela rede particular.

03/08/2019 08:25

Receber o diagnóstico precoce, independente da doença, é fundamental para um bom tratamento. E, quando falamos em câncer de mama, ter esse resultado em mãos o mais rápido possível garante uma maior sobrevida. Contudo, uma pesquisa realizada em Goiânia (GO) revela que a sobrevida de mulheres diagnosticadas com câncer de mama em estágio metastático e tratadas no Sistema Único de Saúde (SUS) é relativamente baixa se comparada às mulheres tratadas na rede privada.

Segundo o estudo, as mulheres atendidas pelo sistema privado apresentaram um ganho de 7,5 meses de sobrevida em relação às usuárias do sistema público. Em centros especializados no Brasil e em países desenvolvidos, como a França, a sobrevida das mulheres, em cinco anos, é de aproximadamente 30%. O dado chama atenção para a importância do diagnóstico precoce da doença e de acesso aos tratamentos mais avançados. 

O dado até pode ser de outro Estado, mas esta é uma realidade presente em todas as unidades federativas do Brasil, inclusive no Piauí. O médico Leonardo Soares, membro da Sociedade Brasileira de Mastologia e coordenador do estudo, conta que, durante a pesquisa, observou poucas mudanças e evoluções no que diz respeito ao diagnóstico e tratamento ao longo dos anos, e reforça a diminuição da sobrevida de mulheres tratadas exclusivamente pela rede pública.

“Observei que há uma diferença na sobrevida global de mulheres que foram tratadas pelo SUS e de quem se tratou preferencialmente por sistema privado. Outra coisa que chama atenção é que quase 80% dessas mulheres foram diagnosticadas com metástases em outros órgãos. Na mama, os tumores eram grandes e avançados, ou seja, essas mulheres provavelmente tiveram alguma dificuldade de acesso ao diagnóstico, seja de marcar consulta, fazer mamografia ou até de chegar a um centro de referência. O estágio desses tumores ao diagnóstico é muito ruim, quase em nível de África”, compara.

Leonardo destaca ainda que foram checadas variáveis que pudessem influenciar na sobrevida dessa mulher, como idade e tamanho do tumor, mas verificou-se que esses fatores não tinham tanta influência. “Nós sabemos que, para pacientes com câncer de mama no começo, o tamanho do tumor é importante, pois quanto maior, pior é o quadro. Mas para aquela mulher que já tem um tumor no fígado ou em outra parte do corpo, o tamanho influencia? Não, pois, depois que o câncer espalha, o objetivo do tratamento passa a ser tratar o corpo todo e a mama já perde importância, pois o tumor na mama em si não leva a óbito, o que leva é a metástase”, explica Leonardo Ribeiro.


Por: Isabela Lopes
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