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Vestimentas e adereços provocam discussão de gênero em Teresina

De acordo com a designer de moda e estilista, Sara de Paula, o estilo importa muito mais do que o gênero.

15/02/2020 08:31

Moda tem sexo? Faz bem pouco tempo que as discussões sobre gênero tomam conta das redes sociais, do dia a dia das pessoas e até dos veículos de imprensa que buscam acompanhar as tendências da sociedade. De acordo com a designer de moda e estilista, Sara de Paula, a indústria da moda sempre foi receptiva a ideias transgressivas, o estilo importa muito mais do que o gênero.

“Nós somos seres visuais e roupa sempre foi, digamos assim, uma extensão do nosso corpo. As roupas ultrapassam as barreiras de gênero. Então hoje não existe mais isso, de roupa masculina e feminina. O que vai existir é uma versão para homens e mulheres”, conta.

No entendimento da estilista, as marcas estão certas ao se alinharem às discussões impostas pela sociedade. A moda, segundo ela, vive um momento de repaginação do passado.

“As pessoas tendem a julgar as outras pelas roupas, principalmente quando a gente se fala em tamanho de roupa, sejam elas curtas, longas, cortadas, furadas... E a gente sabe que roupa não define caráter de ninguém. A moda vive numa fase repaginação do passado, diria da década de 20 aos anos 2000. Então hoje, vai muito do seu estilo e do que você se identifica”, esclarece Sara.

A estudante de Direito Clara Martins, de 21 anos, é adepta as novas tendências do mundo da moda. Ela conta que por muitas vezes deixou de usar determinadas roupas por vergonha do próprio corpo. Hoje, essa barreira foi superada.


Vestimentas e adereços provocam discussão de gênero em Teresina. Arquivo O Dia

“Eu tenho gordurinhas no meu corpo e tinha muito receio de usar roupas que mostrassem a minha barriga. Mas desde o ano passado comecei a usar e, sem ligar para a opinião dos outros, coloquei meu bem-estar em primeiro lugar. Aqui em Teresina o sol castiga demais, então é sempre bom usar roupas mais curtas porque acaba sendo mais confortável”, conta.

Semanas atrás, um jovem identificado com Davi Lutasi, de 20 anos, divulgou um vídeo numa rede social onde mostra um funcionário de um Fast Food na zona Leste de Teresina se recusando a atendê-lo devido a sua vestimenta.

O jovem usava uma camisa do modelo cropped, quando foi impedido de comprar no estabelecimento. A empresa do ocorrido chegou a demitir o funcionário envolvido no caso, mas após uma reunião com Davi, decidiram pela readmissão do trabalhador. O caso ganhou grande repercussão nas redes sociais e levantou a discussão sobre usa de diferentes roupas em locais públicos e privados.

O “Top Cropped” foi o nome que receberam as blusas curtas que deixam parte da barriga à mostra. Seu surgimento foi nos anos 80, usada por homens e mulheres não apenas para a prática esportiva, mas por bandas como Spicy Girls que influenciaram uma geração de adolescentes.

“O cropped é peça que não se resume apenas ao top. Na verdade, é uma roupa mais curta, ou seja, pode ser uma calça mais curta, jaqueta, uma camiseta cortadinha... Então é uma vestimenta muito adequada para Teresina, por causa do calor”, explica Sara de Paula.

Por: Jorge Machado
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