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Conservador Mario Abdo Benítez é o novo presidente do Paraguai

O candidato vencedor defendeu a continuidade das políticas econômicas de Cartes, junto com uma agenda conservadora alinhada com seu movimento.

23/04/2018 08:47

O ex-senador Mario Abdo Benítez, 46, do Partido Colorado (direita), venceu as eleições presidenciais no Paraguai neste domingo (22).

Homônimo de seu pai, braço direito do ditador Alfredo Stroessner (1912-2006), ele tinha 46,5% dos votos com 96% das urnas apuradas, contra 42,7% de Efraín Alegre, 55, do Partido Liberal (centro), que fez aliança com a Frente Guasú (esquerda), do ex-presidente Fernando Lugo.

Por volta das 22h10 (horário de Brasília), o Tribunal Superior da Justiça Eleitoral declarou a disputa presidencial irreversível. Está previsto que o candidato, que acompanhava a apuração na sede do Partido Colorado, em Assunção, se pronuncie ainda neste domingo.

Foto: Reprodução/Twitter

Segundo a Justiça Eleitoral, o comparecimento na eleição foi de 64%, quatro pontos acima do registrado em 2013, quando o atual presidente, Horacio Cartes, venceu Alegre. Cerca de 4,2 milhões de paraguaios estavam aptos a votar, incluindo cerca de 300 mil cadastrados em EUA, Espanha, Argentina e Brasil.

Com a confirmação da vitória, os colorados manterão a hegemonia no país -a sigla só ficou de fora do poder em cinco dos últimos 70 anos.

No entanto, a vantagem de Marito, como é conhecido, foi menor do que previam as pesquisas antes da eleição e as de boca de urna, que apontavam margens superiores aos dez pontos –algumas superando os 20. Por fim, o candidato vencedor obteve menos da metade dos eleitores -no Paraguai não há segundo turno.

O candidato vencedor defendeu a continuidade das políticas econômicas de Cartes, junto com uma agenda conservadora alinhada com seu movimento, o Colorado Añetete (verdadeiro, em guarani).

Propôs o serviço militar obrigatório para filhos de mães solteiras como forma de diminuir a insegurança e o consumo de drogas e se colocou contra a legalização do aborto e o casamento entre pessoas do mesmo sexo, em um país com 96% da população cristã.

Porém, amenizou o discurso sobre corrupção para não atingir Cartes e outros colorados envolvidos em processos. No campo da campanha, priorizou os discursos em vídeos sociais em vez de entrevistas e debates, para as críticas de Alegre, que se expunha mais aos jornalistas.

O liberal também teve propostas mais concretas, como a redução da tarifa de energia e a construção de infraestrutura para usar a parte vendida a Brasil e Argentina das usinas hidrelétricas de Itaipu e Yacyretá; a saúde pública gratuita e o imposto sobre o tabaco.

Salvo as propostas mais polêmicas, o colorado teve um programa de governo menos detalhado em todas as áreas. Sobre política externa, só pronunciou-se neste domingo, com as perguntas dos jornalistas internacionais no café da manhã antes da votação.

Ele disse que priorizará a abertura do Mercosul a outros países do mundo. "O Mercosul tem um potencial ainda não desenvolvido à profundidade que eu gostaria. Nós vamos continuar aprofundando os laços com os países do bloco e abrirmos ao mundo."

Também prestou solidariedade aos venezuelanos pela crise e disse que continuará com o tom crítico da administração de Cartes contra o regime de Nicolás Maduro.

"Sempre fui crítico à condução política da Venezuela. Minha solidariedade com esse grande povo, que em um momento foi o farol democrático da América Latina e que tem que recuperar seu caminho democrático." 

Marito se beneficiou da capacidade de mobilização do Partido Colorado, que lhe rendeu comícios com milhares de pessoas, e o apoio do empresariado, a começar pela família do presidente, maior produtora de tabaco do país.

Também contou a seu favor a ligação de Efraín com a Frente Guasú, embora o liberal tenha tentado diminuir a influência dos esquerdistas em temas como as políticas econômica e externa, o que aproximou as propostas dos dois lados.

Fonte: Folhapress
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