No último comício antes da eleição deste domingo (20), Nicolás Maduro xingou os presidentes Juan Manuel Santos (Colômbia) e Mauricio Macri (Argentina).
"Santos, vai pro caralho, não nos importa o que você pensa", disse o ditador, diante de uma multidão vestida de vermelho, no centro de Caracas.
Trata-se de uma resposta ao anúncio do colombiano de que não reconhecerá o resultado da votação. Outros países da região, como o Brasil, consideram o pleito ilegítimo por não assegurar a participação plena da oposição.
Santos não comentou o xingamento. Porém, anunciou a apreensão de 400 toneladas de alimentos comprados pelo regime venezuelano, sob a justificativa de que eles estavam estragados e seriam usados para a compra de votos.
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Também acusou Caracas de aliciar grupos de colombianos desde o ano passado oferecendo falsa cidadania venezuelana para que votassem nas eleições.
Ao lado do ex-jogador argentino Diego Maradona, aliado do chavismo e da ex-presidente Cristina Kirchner, Maduro chamou Macri de lixo por voltar a recorrer ao FMI (Fundo Monetário Internacional).
Por outro lado, saudou o apoio do presidente da Turquia, Recep Tayyp Erdogan, que promove uma escalada autoritária em seu país.
Além da Turquia, disse que China, Rússia, Belarus, Irã e Índia (grupo de países que inclui ditaduras e territórios em que a democracia sofre ataque) são "o novo mundo que se levantou e com o qual estamos firmemente conectados".
Sobre assuntos domésticos, Maduro admitiu que a corrupção é um problema e prometeu uma "revolução econômica" caso seja reeleito, mas não usou a palavra crise nem mencionou a hiperinflação.
"Não se pode tapar os olhos e não ver o que está mal. Há muita corrupção, é preciso enfrentá-la", discursou.
Duas pesquisas de opinião divulgadas nesta quinta-feira mostram o oposicionista Henri Falcón à frente de Maduro. Segundo o instituto Datanálisis, o dissidente chavista tem 30% das intenções de voto, contra 20% alcançados pelo atual mandatário.
Em terceiro, aparece o pastor evangélico Javier Bertucci (14%), um "outsider" na política que tem brandido um discurso de oposição ao governo.
Dos 812 entrevistados, 67% se declararam dispostos ou muito dispostos a votar. Nesses segmentos, Falcón é escolhido por 37% dos ouvidos, contra 28% que optam por Maduro. Ao se isolarem apenas os muito dispostos a comparecer às urnas, porém, há empate técnico (Falcón 36%, Maduro 34%).
Para se candidatar, Falcón rompeu com a coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD), que prega a abstenção sob o argumento de que haverá fraude.
A decisão da MUD de não participar da eleição foi rechaçada por 67,7% dos entrevistados pelo Datanálisis. Esse percentual sobe para 70,5% entre os que se identificaram como oposicionistas a Maduro.
A pesquisa foi realizada entre os dias 8 e 15 de maio e tem uma margem de erro de 3,44 pontos percentuais. No levantamento de Varianzas, a vantagem de Falcón é mais ampla: 45,5%, contra 24,9% para Maduro. O instituto foi a campo nos últimos sete dias. O levantamento tem margem de erro de 3 pontos percentuais.
Fonte: Folhapress