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135 mil brasileiros vivem com HIV / AIDS e não sabem

O número de óbitos pela doença reduziu 22,8%, caindo de 12,5 mil casos em 2014 para 10,9 mil em 2018.

07/02/2020 09:10

O Brasil conseguiu evitar 2,5 mil mortes por Aids nos últimos cinco anos. O número de óbitos pela doença caiu 22,8%, caindo de 12,5 mil casos em 2014 para 10,9 mil em 2018, quando foram publicados os dados mais recentes do Ministério da Saúde. Os dados são positivos, no entanto, o governo acredita que 135 mil pessoas vivam com HIV no País, mas não sabem disso.


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A notificação para infecção pelo HIV passou a ser obrigatória em 2014, assim como o tratamento para todas as pessoas que vivem com o vírus. A medida trouxe mais acesso ao tratamento e aumento de diagnósticos. Isso refletiu na redução de casos de Aids, situação em que o vírus afetou o sistema imunológico e a pessoa desenvolveu a doença.

Além da melhora na qualidade de vida, com o tratamento, a pessoa que vive com HIV pode diminuir a quantidade de vírus presente no sangue e deixar de transmitir a infecção. De acordo com o Ministério da Saúde, a situação de infecção por HIV no País é pior entre os jovens. 52,7% dos casos de infecção pelo vírus são registrados em pessoas com idade entre 20 e 34 anos.


Alana explica que o trabalho de prevenção acontece todo o ano - Foto: Assis Fernandes/O Dia

Em 10 anos, taxa de detecção de HIV em gestantes sobe 38%

A taxa de detecção de HIV em gestantes subiu 38,1% entre os anos de 2008 e 2019. Isso significa dizer que mais de 125 mil mulheres foram notificadas com infecção pelo vírus durante a gravidez, sendo 8.621 delas apenas em 2018.

Entretanto, esse crescimento não significa necessariamente um aumento de contágios. Estes dados podem ser resultados da ampliação do diagnóstico durante o pré-natal, por exemplo, que possibilita identificar a condição de saúde da mulher e prevenir a transmissção vertical do HIV durante a gravidez, parto ou amamentação. 

Com o aumento da identificação de gestantes soropositivo, a taxa de detecção de Aids em menores de 5 anos caiu. No período de quatro anos, houve redução de 26,9%, passando de 386 casos a cada mil habitantes para 265. Isso acontece porque, uma vez identificada a infecção, a gestante recebe o tratamento que impede a transmissão do vírus para a criança.

O HIV ainda não tem cura, mas, com o tratamento, a quantidade de vírus do corpo da pessoa fica tão pequena, que o vírus fica indetectável e isso tem duas grandes vantagens. A primeira é que a pessoa não evolui para a Aids (não fica doente) e a segunda é que ela não transmite o HIV. Ou seja, uma mulher gestante que vive com HIV, com a carga viral indetectável, não transmitirá o HIV para o seu filho.


Em 10 anos, taxa de detecção de HIV em gestantes sobe 38% - Foto: O Dia

Norte e Nordeste apresentam maiores taxas

Os dados mais recentes do Ministério da Saúde mostram que, em 2018, as regiões Norte e Nordeste foram as que apresentaram maiores incrementos na taxa nos últimos dez anos, com 87,5% e 118,1% respectivamente. Em toda a série histórica, a região Sul apresentou as maiores taxas de detecção no País. A taxa observada nessa região foi de 5,8 casos a cada mil nascidos vivos, quase duas vezes maior que a taxa nacional, de 2,9.

Entre as capitais, apenas sete mostraram uma taxa de detecção inferior a nacional. Brasília, Rio Branco, Goiânia, Belo Horizonte, João Pessoa, Natal e Teresina compõe essa lista. A capital federal tem a taxa de detecção mais baixa, com apenas 1 caso em cada mil nascidos vivos. Porto Alegre tem a mais alta, apresentando 20,2 casos para cada mil nascidos vivos, uma taxa sete vezes maior que a nacional. Em relação à faixa etária, o maior número de gestantes infectadas com HIV está entre jovens com idade entre 20 e 24 anos. Elas representam 27,8% das grávidas infectadas.


Foto: O Dia

Eliminação

O Brasil é signatário do compromisso mundial de eliminar a transmissão vertical do HIV e optou por adotar uma estratégia gradativa de certificação de municípios. A eliminação da transmissão vertical é uma das seis prioridades do Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis, da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde.

A certificação possibilita a verificação da qualidade da assistência ao pré-natal, do parto e do puerpério, além do acompanhamento da criança e do fortalecimento das intervenções preventivas.

Até agora, três municípios brasileiros já receberam a Certificação de Eliminação da Transmissão Vertical do HIV. Curitiba e Umuarama, ambas no Paraná, receberam a certificação em 2017 e 2019, respectivamente. A cidade de São Paulo, com 12,1 milhões de habitantes, também foi certificada no ano passado. O município é o que possui a maior população no mundo a receber o título.

Hepatites B e C podem representar riscos na gravidez

Uma das preocupações na gravidez é identificar possíveis Infecções Sexualmente Transmissíveis e orientar a gestante sobre as ISTs que podem ser transmitidas ao bebê, por meio da chamada transmissão vertical. Entre estas doenças, também transmitidas por via sexual, estão as hepatites B e C.

A hepatite B é a que mais causa doenças hepáticas crônicas no mundo, especialmente se for adquirida via transmissão vertical. Seu contágio se dá por via sexual ou por compartilhamento de agulhas descartáveis, por exemplo. Nos bebês, a transmissão pode ocorrer durante ou logo após o parto, se houver contato da criança com sangue ou líquidos da mãe. 

Já no caso da hepatite C, a IST também é transmitida por agulhas contaminadas e transfusão de sangue. Neste caso, a transmissão vertical é relativamente rara, ocorre apenas de 3% a 5% dos casos. Pode se manifestar quando a gestante tem infecção crônica ou apresenta uma infecção aguda no terceiro trimestre da gravidez.

O método mais seguro e eficaz de se prevenir é usando o preservativo. Sem camisinha, você assume o risco. Use camisinha e se proteja de hepatites e de outras ISTs, como HIV e sífilis.

Por: Isabela Lopes, do Jornal O Dia
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