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A mulher precisa se perceber para tomar posição contra a violência

Psicóloga diz que não pode impor que mulher saia de relacionamento abusivo. Essa é uma decisão pessoal, a partir de seu fortalecimento.

18/02/2020 08:54

“As mulheres foram ensinadas que, quando você casar, tem que baixar a cabeça quando o seu marido mandar limpar a casa, fazer comida. Por mais que sejam atitudes que não há agressão, mostra o machismo muito forte. E ainda se ele briga com você, ele tem razão. Mas a gente percebe que isso vem mudando”, explica a psicóloga Amanda Graziela. 


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A profissional também destaca que a mulher, que está vivendo um relacionamento violento e/ou abusivo, precisa entender e querer sair dele. “Não posso impor sobre a mulher que ela saia do relacionamento, é preciso fortalecer a mulher e isso acontece com a ampliação da consciência. Porque ela sabe que aquilo faz mal, mas ela precisa se perceber para tomar a posição. Geralmente, as mulheres que denunciam, voltam e tiram a queixa. Quando ela tem autonomia e fortalecimento, ela pode até retirar, mas ela fez aquilo por entender a situação”, diz Amanda Graziela.


Amanda Graziela afirma que violência e submissão da mulher foram construídas culturalmente - Foto: Assis Fernandes/O Dia

Sobre relacionamento amoroso onde a mulher sofre agressão, a psicóloga lembra que é preciso ter um equilíbrio e doação de ambos. Quando não há reciprocidade e um quer se sobrepor ao outro, pode causar problemas.

“Muitas pessoas entendem errado a Maria da Penha e acham que é só violência física, mas as agressões são morais, sexual, patrimonial, psicológica. É importante ver em que grau você está. Mas hoje estamos lutando contra isso, porque as mulheres de referência são as empoderadas, que têm autonomia”, fala Amanda Graziela.

Centro de Referência Esperança Garcia oferece apoio a mulheres vítimas de violência

O Centro de Referência Esperança Garcia foi implantado em março de 2015 com o objetivo de atender as mulheres que sofrem violência. O atendimento é multidisciplinar, com psicóloga, assistente social e assessoria jurídica. Mas de acordo com a coordenadora do centro, Roberta Mara, somente estas atividades não seriam suficientes para dar autonomia e empoderamento às mulheres.

“A nossa proposta não é que a mulher denuncie, mas que ela perceba a necessidade, que ela faça, mas que ela também queira [denunciar]. Por isso, incluímos o grupo reflexivo com temáticas diferentes. As práticas integrativas, que são massagem relaxante, florais, reiki, atividades coletivas como cinema, piquenique e a beleza oculta, buscam a autoestima dessas mulheres. Tem mulher que nunca se maquiou, pois o agressor não deixa; não corta o cabelo porque o marido diz que quer que ela fique daquele jeito”, descreve Roberta Mara. 

“A gente não quer que ela rompa com o agressor, mas que rompa com a violência.  E o agressor muitas vezes está reproduzindo o que aprendeu com os pais e avôs. Buscamos desnaturalizar a violência, a mulher tem que perceber que a violência não é natural; e, com autonomia, ela que vai decidir”, destaca Roberta Mara.


Roberta Mara diz que atendimento no Centro é multidisciplinar - Foto: Assis Fernandes/O Dia

Serviços

O Centro de Referência Esperança Garcia atende mulheres, de 18 a 59 anos, que foram encaminhadas por alguma unidade de saúde ou porque ouviram falar do Centro. 

Em 5 anos, mais de 600 mulheres foram atendidas no Centro. Ao todo, foram 1.000 atendimentos, pois cada atendimento é contado como único.

“A gente vai desligando a mulher quando percebe que ela já tem autonomia, ou ela desiste. Temos uma meta de 150 mulheres ao ano. Atualmente, temos 172 inseridas. Têm as que vêm sistematicamente e ou pontualmente, essas a gente não desliga com curto prazo, a gente fica monitorando e orientando por telefone”, finaliza Roberta Mara.

Para mais informações sobre o Centro de Referência Esperança Garcia, basta ligar para (86) 3233- 3798.

Por: Sandy Swamy, do Jornal O Dia
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