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Uespi campus Torquato Neto está há 4 anos sem biblioteca

Orçada em R$ 1.071.921,63, a obra deveria ter sido concluída em julho de 2018, conforme estimativa apresentada ainda em 2017, pela Pró-Reitoria de Administração e Recursos Humanos da universidade.

13/06/2019 16:28

Os estudantes da Universidade Estadual do Piauí (Uespi) que frequentam o campus Poeta Torquato Neto, o principal da entidade de ensino superior, estão há dois anos e meio sem um local apropriado para estudar ou para recolher livros. Isso porque a reforma da biblioteca central do campus, iniciada em dezembro de 2017, até agora não foi concluída. Pelo contrário, alunos e professores denunciam que a obra está completamente abandonada.

Orçada em R$ 1.071.921,63, a obra deveria ter sido concluída em julho de 2018, conforme estimativa apresentada ainda em 2017, pela Pró-Reitoria de Administração e Recursos Humanos da universidade.

Os universitários relatam que a biblioteca foi interditada, na realidade, desde 2015, dois anos antes de a reforma ser iniciada. Naquele ano, quando o prédio começou a apresentar fissuras, o acervo bibliográfico foi transferido para o auditório central da universidade, onde permanece desde então.

O professor Daniel Solon, membro da diretoria da Associação de Docentes da Uespi (Adcesp), afirma que a obra está paralisada desde o final do ano passado. Para o docente, isso demonstra o "descaso do Governo do Estado com a instituição", mas é apenas um dos inúmeros problemas enfrentados pela universidade em seus campi.

"É inconcebível pensar em uma universidade sem biblioteca. É dramática, alarmante e escandalosa a situação do campus Torquato Neto, que é o maior da Uespi, onde fica o Palácio do Pirajá, sede da reitoria, e o campus mais próximo da própria sede do Governo do Estado. A partir das dificuldades vividas pelos estudantes da Uespi em Teresina, no campus Torquato Neto, é possível identificar o cenário de dificuldade pelo qual outros campi passam, sem ter bibliotecas decentes, estruturadas e com bom acervo. Isso [paralisação da obra] é um grande prejuízo para a comunidade universitária como um todo, e em especial para os estudantes, que poderiam ter um acervo atualizado, compatível com o que é exigido nas disciplina dos diferentes cursos. Isso representa uma perda na qualidade da universidade. É um descaso do Governo do Estado com relação à situação da Uespi, que precisa ser resolvida o mais rápido possível", afirma Solon.

Maria Clara Cardoso, estudante de Letras e diretora-administrativa do Diretório Central dos Estudantes (DCE) do campus Torquato Neto, afirma que o atraso na obra tem prejudicado sobremaneira vários alunos da universidade, que não dispõem de um local apropriado para estudar. 

"Esse é um problema que vem prejudicando os alunos há um bom tempo. Colocaram parte dos livros no auditório, mas lá não cabe todo o acervo, nem tem espaço suficiente para receber os alunos. São apenas três mesas no auditório. Outra parte dos livros foi colocada numa sala de leitura, que também já não possui espaço para receber os estudantes. Ou seja, não há um local de fato para o estudante se concentrar. Muitos alunos recorrem ao DCE, pedem para fazermos alguma coisa, mas estamos de mãos atadas, porque a reitoria não nos dá nenhuma explicação", afirma a integrante do DCE.

O Governo do Estado também prometeu investir na construção de uma segunda biblioteca para a universidade. Ainda em novembro de 2015 a instituição anunciou que havia dado início a estudos para realizar a obra. Até agora, contudo, ela não foi executada.

Outro agravante apontado pela comunidade acadêmica é que o canteiro de obra da biblioteca, por estar desativado, tornou-se um ambiente propício para a formação de criadouros do mosquito aedes aegypti, vetor de quatro doenças graves - dengue, febre amarela, febre zica e chikungunya. 

Outro lado

O portal O DIA buscou a posição da Uespi a respeito do problema, mas não obteve resposta da instituição até as 18 horas desta quinta-feira. O espaço permanece aberto para que a universidade apresente os devidos esclarecimentos. 

Professores decidiram manter paralisações

Em assembleia realizada na última terça-feira (11), professores da Uespi avaliaram as respostas apresentadas pelo governo durante reunião de negociação realizada na última sexta-feira (7). Na ocasião, a categoria aprovou a continuidade e intensificação das mobilizações, na capital e no interior, com o intuito de forçar o governo a atender as demandas apresentadas pela categoria.

“Avaliamos que as negociação até aqui trouxeram poucas respostas concretas e algumas promessas aos problemas enfrentado pela universidade. Por isso, vamos nos manter mobilizados, com um calendário de paralisações e aulas públicas, na capital e interior do estado, a fim de dialogar com a comunidade e mostrar que a Uespi continua sangrando, continua sem professor e continua com diversos cursos sem funcionar”, afirmou a professora Rosângela Assunção, coordenadora-geral da Adcesp.

A primeira paralisação acontecerá nesta sexta-feira, 14 de junho. O movimento será incorporado ao protesto nacional organizado pelas centrais sindicais contra a reforma da Previdência Social e contra os cortes na educação anunciados pelo Governo Federal.

Em Teresina, a mobilização inicia a partir das 8 horas, na praça Rio Branco, centro da cidade.

O outro lado

A Universidade Estadual do Piauí se pronunciou por meio de nota.

A Universidade Estadual do Piauí, em relação a reclamações de atraso das obras de infraestrutura do prédio da Biblioteca Central, campus Poeta Torquato Neto, esclarece que a instituição foi notificada pela empresa que as obras se encontram paralisadas por falta de pagamento. Informamos que mesmo com a reforma do prédio principal, os serviços referentes a biblioteca encontram-se em pleno funcionamento. A biblioteca inaugurou recentemente um site online, onde é permitido que a comunidade acadêmica utilize a área do usuário, sendo possível alterar senha, realizar renovações e reservas online, consultar posição de reservas, ver histórico de transações e ler notícias. Além disso, o acervo bibliográfico, o espaço de estudo e o serviço de empréstimos de livros (devolução, renovação e reserva) e consulta nos computadores estão disponíveis para comunidade acadêmica em um espaço temporário, dentro do Campus Poeta Torquato Neto, em Teresina.

Por: Cícero Portela
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