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Cerca de 15% das mulheres são suscetíveis a ter depressão pós-parto

A doença pode se apresentar na forma de tristeza contínua, vontade de se afastar do filho ou, até mesmo, de querer prejudicá-lo

18/01/2015 08:46

Não há como prever. Tão pouco superá-la sem as devidas orientações. No entanto, a Depressão Pós-Parto (DPP) é mais comum do que se imagina. Dados estatísticos apontam que cerca de 15% das mulheres sofrem dessa séria doença, que se apresenta em níveis psicológico e fisiológico após o nascimento do bebê. Os sintomas podem envolver sentimentos de tristeza contínua, vontade de se afastar do filho ou até de querer prejudicá-lo. O certo é que a DPP é um diagnóstico difícil de ser interpretado aos olhos da sociedade e ainda mais complicado para a mãe que se vê nesta situação. 

A doença tem, há séculos, indícios históricos descritos pela humanidade. Na Idade Média, mulheres que apresentavam sintomas de depressão pós-parto eram consideradas bruxas. Com o desenvolvimento das sociedades, ficou cada vez mais elucidado os sintomas e o panorama que envolvem a doença. Estudos recentes sobre o tema também mostram que um quinto das mulheres apresenta sinais de depressão no primeiro anos após o parto e, desse total, metade apresenta sintomas sérios. 

Foto: Jailson Soares/ODIA

O médico obstetra Alberto Monteiro (foto ao lado) explica que a depressão pode se apresentar de maneiras leves, médias e graves. �€œEssa é uma doença bem presente na nossa sociedade, conhecida grosseiramente como depressão pós-parto, depressão puerperal ou síndrome azul. A mulher tem alterações graves no seu comportamento psicossocial, que pode ir da forma mais leve, que é a mais frequente, até a forma mais grave, onde existe um total desarranjo psicossocial do comportamento dessa mulher que foi mãe há pouco tempo�€, afirma. 

As formas mais leves, muitas vezes, estão ligadas às alterações hormonais que ocorrem após o parto. Porém, a depressão é mais do que estar triste ou assustada apenas por uns dias com a inerente mudança de vida. Em um quadro de depressão, a tristeza, a ansiedade ou o vazio de sentimentos não desaparecem e interferem no dia a dia e no próprio vínculo entre mãe e filho. 

�€œNaturalmente, toda mulher grávida tem o seu humor diferenciado pela ação dos hormônios, que alteram sua irritabilidade e suscetibilidade, quer dizer que as mulheres grávidas se transformam em seres mais sensíveis. Mas é preciso diferenciar. Existem tristezas passageiras e também existe a depressão pós-parto imediata, e até aquelas formas mais tardias, com algumas semanas e meses da parturição�€, ressalta o especialista. 

Para identificar e, assim, ter possibilidade de tratar a doença, é necessário se atentar à rotina da mulher. Algumas mudanças naturais, durante e depois da gravidez, podem causar sintomas similares aos da depressão. Caso sintomas, tais como mau humor, tristeza, choro frequente, desespero, sentimento de culpa, dificuldade de concentração e memória, distúrbios na alimentação e no sono, perdurem por mais de duas semanas, é preciso se atentar para o tratamento da doença. 

Alberto Monteiro ressalta que a família pode cumprir um papel fundamental neste processo. �€œPrimeiro, as pessoas de convívio próximo podem notar alteração no humor da mulher, ver que ela diminuiu a sociabilidade, que até esconde o próprio filho. A mulher se retrai, fica mais introspectiva, menos sociável, chora fácil. Nesse aspecto, a família é muito importante, os primeiros sinais de evolução da doença quem percebe é a família, e é quem pode ajudar a encaminhá-la para um tratamento�€, afirma. 

Em casos graves, para tratar a paciente diagnosticada com depressão pós -parto, poderá acontecer o afastamento da criança, além do acompanhamento médico contínuo através de um psiquiatra e também psicólogo. 

Apesar de comum, não existe uma única causa para a depressão. Ela resulta da combinação de diversos fatores e é uma doença que tende a expandir-se nas famílias. Por isso, o acompanhamento da recente mãe deve ser realizado com a devida atenção, já que as depressões não tratadas podem prejudicar também a própria criança.

Mais informações na versão impressa deste domingo (18).

Por: Glenda Uchôa - Jornal O Dia
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