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Covid-19: Reabertura de bares e restaurantes preocupa especialistas

Em nota técnica enviada divulgada nesta sexta-feira (14), pesquisadores afirmam que estabelecimentos do setor apresentam alto risco de contaminação.

14/08/2020 17:44

A reabertura de bares e restaurantes prevista para a próxima segunda-feira (17), na segunda etapa da 3º fase da retomada das atividades econômicas e sociais, preocupa pesquisadores da Universidade Federal do Piauí (UFPI). Em nota divulgada nesta sexta-feira (14), especialistas na área de nutrição, segurança do trabalho e saúde pública alertam para os altos riscos de contaminação do novo coronavírus em estabelecimentos deste setor.


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Foto: Andréa Rêgo Barros/ArquivoPCR/Fotos Públicas

Apesar de não haver evidências científicas da transmissão da Covid-19 por meio de alimentos, a nutricionista e professora da Área de Alimentação Coletiva do Departamento de Nutrição da UFPI, Poliana Viola, explica que a reabertura pode implicar no aumento do número de pessoas contaminadas, caso não sejam adotadas as medidas necessárias para conter a disseminação do vírus.

“Infelizmente é um risco. Por isso, essa reabertura precisa ser muito cuidadosa. Os proprietários dos estabelecimentos devem preferir ambientes abertos e ventilados, apesar de sabermos que em Teresina isso é difícil por conta do calor, mas usando o sistema de ar condicionado, em ambientes fechados, precisa haver um distanciamento para diminuir esse risco ao máximo”, explica.

Outro ponto a ser observado, segundo a nutricionista, é a retirada da máscara dentro desses espaços para fazer a refeição, uma vez que sem a máscara, as gotículas de saliva podem transmitir o novo coronavírus. 

Por isso, proprietários, funcionários e clientes devem seguir à risca as recomendações das autoridades sanitárias para diminuir o potencial de transmissão da doença.

Confira abaixo as principais recomendações:

  • Adotar horários alternativos de atendimento para evitar períodos de pico e aglomerações em filas, por exemplo. É importante o controle de pessoas na entrada do estabelecimento;

  • Manter a distância de 1,5 a 2 metros entre as mesas e cadeiras dos clientes, o que é possível com alternância de ocupação das mesas ou remoção destas;

  • Sinalizar os assentos disponíveis para facilitar a identificação, caso não seja possível a remoção de cadeiras;

  • O número de cadeiras no entorno das mesas deve ser menor, evitando-se cadeiras de frente uma para outra, exceto quando os clientes forem casais ou grupo familiar;

  • Disponibilizar áreas para lavagem das mãos (para clientes e funcionários) com pia, água corrente, sabão líquido, papel toalha descartável e lixeira com tampa e pedal. Não devem ser utilizadas toalhas de tecido compartilhadas entre clientes e funcionários;

  • Disponibilizar álcool 70% em gel, em dispositivos fixos (totens, dispenser de parede, etc.) para higiene das mãos de funcionários e clientes, logo na entrada do estabelecimento e em outros locais estratégicos (como próximo aos caixas, áreas onde os alimentos são servidos, banheiros, pias etc);

  • Intensificar a limpeza de todas as superfícies tocadas com maior frequência, a exemplo de maçanetas, torneiras de pias, superfícies de manipulação de alimentos, galheteiros, balcão expositor, mesas e cadeiras, etc;

  • Utilizar, sempre que possível nas mesas, jogos americanos descartáveis (de papel) ou impermeáveis (para facilitar a higienização). No caso de toalhas de tecido, trocá-las a cada cliente;

  • Aproveitar ao máximo os espaços ao ar livre dos estabelecimentos para a disposição de mesas e cadeiras;

  • Espaços fechados/confinados não deverão ser utilizados. A ventilação deverá ser feita de forma natural garantindo a constante troca e circulação do ar. Não é recomendado a adoção de Ar condicionado que não realize a troca do ar (apenas recirculação);

  • Ventiladores e exaustores poderão ser adotados, desde que sigam as recomendações e normas vigentes.

  • Plastificar cardápios e higienizá-lo com álcool 70% em gel antes de passar de um cliente para o outro. Dar preferência ao uso de cardápios digitais que possam ser acessados pelos smartphones dos clientes;

  • Embalar os talheres individualmente para os clientes;

  • Sinalizar o piso com demarcações no chão para orientar o distanciamento nas filas de espera, de entrada e de pagamento. O uso de barreiras como faixas pode ser útil para assegurar o distanciamento entre clientes e funcionários. Preferentemente, designar um funcionário para orientar as filas de serviços de alimentação do tipo autoatendimento (self-service);

  • Dispor um anteparo salivar em balcões (barreira física) de self-service para evitar a proximidade de clientes e possível contaminação pelo novo coronavírus;

  • Não é recomendado o uso de luvas descartáveis, inclusive por funcionários, pois as luvas podem contribuir para levar microrganismos, até mesmo o novo coronavírus, de um local para o outro. Para o caso de restaurantes do tipo self-service, abre-se uma exceção, devendo-se fornecer luvas descartáveis para os clientes no início da fila para que possam pegar seus pratos, os pegadores e talheres. Estes utensílios não poderão ser tocados sem o uso de luvas. O ideal é que tenha um único funcionário para servir os clientes, para diminuir a manipulação dos utensílios;

  • O uso de luvas em qualquer situação não deve substituir a correta e frequente higienização das mãos;

  • Higienizar a máquina de pagamento com álcool 70% em gel após cada uso. Para facilitar a higienização e proteger o equipamento, esta máquina pode ser revestida de filme plástico, o qual deverá ser trocado a cada turno;

  • Na higienização de ambientes e utensílios, utilizar somente os produtos regularizados pela ANVISA, bem como orientar os funcionários quanto ao uso, de modo que sejam respeitadas as instruções do fabricante;

  • Intensificar a higienização das áreas de manipulação de alimentos e banheiros, mantendo funcionários específicos, previamente treinados para este fim;

  • Não ofertar alimentos para degustação. Isto inclui bandejas dispostas em balcão com café, chá, açucareiro, adoçante, dentre outros, para evitar contatos desnecessários e possível contaminação pelo novo coronavírus;

  • Manter controle do local de alimentação e descanso dos funcionários, de modo que sejam tomados os mesmos cuidados dispensados à clientela, quanto ao distanciamento e higiene;

  • Orientar a equipe, no retorno, sobre cuidados no trajeto ao trabalho, nos vestiários, nos postos de trabalho, na lavagem do uniforme e das máscaras, além de orientações sobre higiene pessoal, higiene de mãos, do ambiente, móveis e utensílios.

  • Deve haver treinamento periódico e sistemático, bem como o Diálogo Diário de Segurança (DDS) reforçando os procedimentos e riscos envolvidos, para os funcionários que entram em contato com pratos dos clientes e superfícies contaminadas de banheiros;

  • Deverão ser fornecidos, controlados e substituídos periodicamente, os itens de proteção individual dos funcionários;

  • Manter visíveis os Procedimentos Operacionais Padronizados (POPs), ou seja, o passo a passo das principais atividades de produção e limpeza;

  • Expor de forma visível, em vários pontos dos estabelecimentos, informativos sobre o distanciamento e demarcações no chão, higienização correta das mãos e etiqueta respiratória;

  • A implantação de barreiras físicas de acrílico ou vidro em locais estratégicos (em mesas coletivas, caixas, balcões de alimentos, etc) para evitar contaminação por meio de secreções respiratórias ou saliva;

  • Os alimentos expostos devem estar protegidos ao máximo possível por meio de barreiras físicas ou embalagens;

  • Nos estabelecimentos com acesso independente ao serviço de alimentação, disponibilizar área de higienização de sapatos na entrada com solução clorada (que deve ser trocada a cada 15 minutos).


    Orientações gerais para os funcionários

  • O uso completo dos Itens de Proteção Individual já utilizados em estabelecimentos de produção de alimentos, com acréscimo de: máscara descartável e óculos de proteção ou face shield (principalmente para aqueles que lidam com a clientela). A face shield não é recomendada na área de produção de alimentos, pois o material é inflamável e pode causar acidentes;

  • Treinamento sobre a correta utilização dos itens de proteção e da higiene das mãos com água e sabão;

  • A lavagem correta das mãos com água e sabão deve ocorrer periodicamente durante a produção, preparação e comercialização de alimentos;

  • Não utilizar adornos e unhas grandes ou pintadas, pois dificultam a lavagem correta das mãos;

  • Realizar a medição da temperatura corporal de funcionários, antes do início das atividades, mediante uso de termômetro digital infravermelho. Funcionários com temperatura corporal acima de 37ºC deverão ser liberados;

  • Possibilitar a testagem para covid-19 de todos os funcionários do estabelecimento regularmente, com afastamento e isolamento domiciliar dos casos positivos. Na impossibilidade dessa testagem, funcionários com qualquer sintoma gripal ou específico da covid-19 deverão buscar atendimento no Posto de Saúde e serem afastados das suas atividades;

  • Manter o máximo distanciamento possível entre os funcionários (1 metro). Caso não seja possível manter esse distanciamento, devido ao pequeno tamanho dos estabelecimentos, deve-se reforçar as práticas de higiene e segurança no trabalho. Também, recomenda-se avaliar a necessidade de formar turmas menores, durante os turnos de trabalho;

  • Tomar banho e trocar de roupa, sempre antes de iniciar as atividades. A roupa utilizada na rua não pode ser utilizada no serviço de alimentação;

  • Trocar os sapatos ao chegar no estabelecimento, pois nunca deve-se adentrar na área interna com sapatos usados na rua. Portanto, deve haver um local adequado para guardar e roupas e sapatos. É possível utilizar solução clorada (na entrada do estabelecimento) para a higienização dos sapatos, todavia, a solução precisa ser substituída a cada 15 minutos;

  • O uso obrigatório de máscaras descartáveis ou artesanais no interior do estabelecimento, com dispensa do uso somente durante a refeição; máscaras molhadas ou sujas devem ser imediatamente substituídas. Recomenda-se a substituição a cada 2-3 horas no máximo. No caso de uso de máscaras artesanais, deverão ser seguidas as recomendações da ANVISA para correta confecção e higienização;

  • Adotar rotação de horários de alimentação entre os funcionários, evitando aglomeração dos mesmos;

  • Adotar etiqueta respiratória. Se o funcionário estiver de máscara, deverá abaixar a cabeça para tossir ou espirrar, sem que toque a máscara e em seguida esta deverá ser substituída; caso o funcionário esteja no momento da refeição (portanto, sem máscara), deverá cobrir o nariz e a boca com um lenço descartável. Logo em seguida, é preciso descartar o lenço em lixeira com tampa e pedal, e as mãos deverão ser higienizadas com água e sabão. Caso não tenha disponível um lenço descartável, o funcionário deverá cobrir o nariz e boca com o braço flexionado;

Para funcionários que trabalham diretamente na manipulação de alimentos:

Aplicam-se todas as recomendações acima, além de:

  • Evitar conversas, durante o preparo dos alimentos;

  • Evitar tocar o rosto e os óculos, durante o preparo; outros adereços não são permitidos na cozinha;

  • Não utilizar telefones no ambiente de preparo dos alimentos;

  • Manter as unhas cortadas e sem esmaltes;

  • Sempre higienizar as mãos, antes de iniciar o preparo dos alimentos e sempre que necessário, durante esta atividade. O uso de álcool em gel a 70% para higiene das mãos na cozinha não é recomendado devido ao maior risco de acidentes (queimaduras);

  • Treinamento sobre boas práticas de manipulação de alimentos para evitar contaminação cruzada.

Orientações gerais para os clientes

  • O uso de máscaras deve ser obrigatório no interior do estabelecimento, com dispensa do uso somente durante a refeição. Ao retirar a máscara pelo elástico, esta deve ser acondicionada em saco plástico;

  • Higienizar as mãos com álcool em gel a 70% ao entrar no restaurante e sempre que necessário (antes de se alimentar, após ir ao banheiro, após tocar superfícies, etc). Na saída do estabelecimento também disponibilizar dispositivos que possibilitem a higienização das mãos;

  • Ao tossir ou espirrar, deve-se seguir a etiqueta respiratória. Para isso, o estabelecimento deverá manter cartazes e outras formas visíveis de informação;

  • Evitar falar, rir, tossir, tocar os cabelos, olhos, nariz e boca enquanto estiver servindo-se em restaurante self-service;

  • Seguir o distanciamento entre clientes, bem como entre o cliente e os funcionários. Portanto, observar a sinalização e a conduta estabelecida no serviço de alimentação;

  • Sempre que possível pagar suas contas com cartão. O manuseio de dinheiro é um risco de contaminação pelo novo coronavírus;

  • Permanecer o mínimo de tempo necessário para a refeição, de modo que possa haver a rotação de clientes e a ocupação dos espaços por novos usuários;

  • Somente utilizar as mesas após a devida higienização.

Por: Nathalia Amaral
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