O Dia da Indústria, comemorado no último sábado (25), levantou o debate sobre
um setor essencial para a economia, mas que vem perdendo espaço nos últimos
anos. No Piauí, a indústria respondia por 22% da atividade econômica e hoje é
responsável por uma contribuição de apenas 12%, conforme ressalta o presidente
da Associação Industrial do Piauí (AIP), Andrade Júnior.
Em alusão ao Dia da Indústria, a AIP publicou uma carta aberta à sociedade
piauiense, onde aponta problemas e a busca por soluções dentro do segmento. Para
a retomada da economia e crescimento da indústria, é necessários somar
esforços.
"O propósito da Carta é fazer um chamamento dos que compõem os governos
estadual e municipais, além da sociedade civil organizada, para fazermos um
pacto pelo crescimento industrial do Piauí. Acreditamos que a saída para o
desenvolvimento tanto econômico como social está na criação de ambiente
favorável de negócios para que mais empresas locais floresçam e outras de fora
se motivem a vir investir aqui. Se houver vontade das partes, teremos
êxito", avalia o presidente da AIP, Andrade Júnior.
O presidente da Associação Industrial do Piauí (AIP), Andrade Júnior, defende união entre entes públicos e sociedade ( Foto: Divulgação/ Ascom)
Ele faz um diagnóstico sobre o setor que mostra um cenário desafiador, pela
crise econômica que o país atravessa, que tem o processo de desindustrialização
como uma de seus manifestações mais nocivas. Esse movimento de desvalorização
do setor industrial começou há algumas décadas e tem se agravado no período
recente.
Um levantamento do Fundo Monetário Internacional (FMI) aponta uma das
consequências deste movimento: a participação do Brasil na economia mundial
atingiu, em 2018, o pior nível em 38 anos, com percentual de 2,5% na produção
de bens e serviços. O país registra quedas seguidas desde 2011.
"O problema é estrutural e decorre da omissão, da falta de articulação ou
da ineficiência de políticas econômicas adotadas nas últimas décadas. A
hiperinflação dos anos 80, a abertura comercial do início dos anos noventa, a
apreciação cambial elevada por períodos mais longos do que os desejados, a
prática de juros elevados que predominou até há pouco tempo, o peso da carga
tributária e as deficiências de infraestrutura comprometeram a produtividade e
a competitividade da indústria nacional e fundamentam a crise atual da
indústria brasileira", pontua o presidente na carta.
A carta assinada por Andrade lembra ainda que, em 2018, a participação da
indústria no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil passou de 21% para 22%. No
entanto, a indústria de transformação colaborou com pouco mais de 11%, sendo
este o indíce mais baixo desde 1947.