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Trânsito: Maioria das vítimas sofre traumatismo grave, diz médica

Ortopedista explica que a recuperação varia de acordo com a gravidade da lesão e pode levar mais de seis meses, dependendo do caso.

25/09/2019 07:22

A ortopedista do HUT, Ayrana Aires, enfatiza que os pacientes vítimas de acidente de trânsito precisam de cuidados especiais e, em geral, têm uma recuperação lenta. A médica ainda destaca que a maior parte dos pacientes envolvidos nesse tipo de ocorrência dá entrada no HUT com traumatismo grave.

“Os pacientes podem sofrer diversos tipos de lesões, como traumatismo craniano grave ou até uma lesão modular importante, que pode causar uma difusão de outras vias, fazendo com que esse paciente fique mais tempo no hospital. Um paciente com fratura exposta de fêmur, por exemplo, leva de quatro a seis meses para se consolidar. Uma fratura mais grave, que vai precisar de reconstrução, pode demorar ainda mais. Já uma fratura de punho pode levar de dois a três meses de recuperação”, comenta.


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Ayrana Aires pontua que esses pacientes vítimas de acidente de trânsito são, em geral, pessoas economicamente ativas e que necessitam se afastar de suas atividades em virtude das lesões. E de acordo com a fratura que venha a sofrer, o paciente pode demorar, em média, seis meses afastado do mercado de trabalho. 

“São pessoas economicamente produtivas, que estão no mercado de trabalho e, muitas vezes, provedora do sustento da família, e que acabam deixando de trabalhar e ficando dependentes de seguros, como do INSS. E quando é algo que o paciente precisa de fisioterapia ou medicação, o tratamento pode ser estender um ou dois anos. Isso gera mais custos para o governo, tanto para o paciente quanto para a família, que também precisa de assistência”, finaliza a ortopedista.


HUT é um hospital credenciado de média e alta complexidade - Foto: Arquivo O Dia

Mesmo com a perna amputada, vítima de trânsito não perdeu bom humor

Ter prudência e atenção no trânsito é fundamental para evitar acidentes; e aquela clássica frase ‘dirija por você e pelo outro’, mais do que nunca, deve ser levada ao pé da letra. Quando o condutor não respeita as leis de trânsito, acidentes como o do seu Isaias Manuel da Silva, de 43 anos, podem acontecer.

Natural de Passagem Franca, a 209 Km de Teresina, Isaias Manuel entrou para as estatísticas de motociclistas envolvidos em acidentes de trânsito. Seu cuidado e atenção não foram suficientes para evitar o fato que aconteceu e lhe deixou sequelas para o resto da vida. Em dezembro de 2017, após encerrar o expediente de trabalho, Isaias havia saído da empresa para jantar quando foi surpreendido por um veículo que invadiu o sinal vermelho e o atingiu.

O fato aconteceu às 21h, no bairro Parque Piauí, zona Sul de Teresina. O motorista fugiu sem prestar qualquer tipo de socorro. Mesmo acidentado, Isaias Manuel ainda tentou reconhecer o veículo e a placa para ajudar nas investigações, mas sem êxito.


Isaias Manuel se prepara para receber a prótese da perna - Foto: Assis Fernandes/O Dia

“Foi algo tão rápido que não dá nem para imaginar. Eu não conseguia ver a proporção do que tinha acontecido. Quando olhei para a perna [que foi esmagada na batida], não me desesperei, nem senti dor. Passei 15 dias no hospital, fiz duas cirurgias para tentar recuperar a perna e, após ter uma infecção hospitalar, ela precisou ser amputada. Também não fiquei abalado com a notícia, pois eu só pensava que estava vivo”, detalha.

Para Isaias, a vida não parou após o acidente. Mesmo com inúmeras dificuldades, ele nuca perdeu o sorriso no rosto e o bom humor. Duas vezes por semana, ele vai ao Centro Integrado de Reabilitação (Ceir), onde faz fisioterapia e hidroterapia. Há mais de um ano e meio, ele recebe atendimento especializado no Centro e sua recuperação tem sido rápida. Agora, ele se prepara para receber a prótese da perna. 

“O atendimento dos profissionais tem sido fundamental, pois eles estão me ajudando nesse processo, me incentivando, dando suporte e orientações, pois eu não saberia a quem recorrer. Eles fazem a diferença na minha vida e me fazem seguir em frente, afinal, a vida não para e dá para continuar vivendo com a prótese”, enfatiza Isaias Manuel.

“Precisamos dirigir pela gente e pelos outros. Se a pessoa não tiver consciência do que está fazendo, ela vai causar o acidente ou sofrer. É preciso estar focado 100% no trânsito, porque a maioria das causas dos acidentes são causas por embriaguez, celular ou distração. Quando você está focado, embora o outro esteja distraído, há chances de conseguir evitar, apesar de que, infelizmente, nem sempre é possível. Hoje eu agradeço a Deus por estar vivo, caminhando. Logo vou receber a prótese e assim ganhar mais independência”, acrescenta o motorista.

Nova rotina

Isaias Manuel tem uma rotina bastante corrida. Motorista profissional há mais de 20 anos, ele conta que nunca se envolveu em acidentes e sempre dirigiu com prudência. Após o acidente, sua vida mudou completamente e ele deu uma desacelerada. Agora, ele está cuidando mais da sua saúde, se recuperando para receber sua prótese e voltar ao mercado de trabalho. 

“Estou no processo de adaptação para receber a prótese e isso me dá mais esperança, me anima muito. A vida que eu levava era muito corrida, de motorista particular e de carreta na empresa que eu trabalhava, gostava muito do que eu fazia e, depois do acidente, tudo parou. Hoje eu estou me dedicando praticamente à fisioterapia e não estou trabalhando, mas pretendo quando estiver reabilitado a voltar a trabalhar. O médico disse que depende só de mim e eu estou me esforçando para isso”, destaca o motorista.

Para Isaias, a família tem sido essencial para o sucesso da recuperação. São eles que motivam o motorista para não desistir e pensar sempre de maneira positiva. E esse não somente da esposa e filhos, mas dos profissionais do Ceir, que fazem com que Isaias não perca as esperanças, mantendo o sorriso no rosto e bom humor. 

“Eu me considero uma pessoa muito alto-astral e de bem com a vida, mesmo com a gravidade do acidente. Eu não senti depressão, não me abalei, simplesmente só pensei em Deus, em me reabilitar e que a vida continua. Tendo o apoio das profissionais também me ajuda muito, porque se eu estivesse sozinho em casa, talvez estivesse pensando em outras coisas e o processo se tornaria mais difícil. Estar aqui hoje é uma vitória, pois têm muitas pessoas que gostaria de ter esse acompanhamento profissional, mas devido à quantidade de pacientes não conseguem vagas”, pontua.

Por: Isabela Lopes e Sandy Swamy, do Jornal O Dia
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