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Mudanças no Sistema de Políticas Públicas sobre Drogas impactarão tratamento

Mudanças dão protagonismo às comunidades terapêuticas e focam na abstinência como método para o enfrentamento aos problemas relacionados a álcool e outras drogas em todo o país.

25/05/2019 10:04

Por ano, mais de dez mil atendimentos individualizados acontecem no Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps AD), localizado na zona Sul de Teresina, para pessoas com problemas pelo uso de álcool ou outras drogas ilícitas. O espaço funciona na perspectiva de redução dos danos, através de estratégias que abarcam o cuidado intensivo e comunitário, fazendo o usuário ter acesso ao acompanhamento clínico e à reinserção social. Mas essas estratégias não são as que terão prioridade com as mudanças propostas no Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas, aprovadas pelo Senado no último dia 15 de maio. As mudanças dão protagonismo às comunidades terapêuticas e focam na abstinência como método para o enfrentamento aos problemas relacionados a álcool e outras drogas em todo o país.

Entre duras críticas e comemorações de alguns setores da sociedade, o Projeto de Lei da Câmara (PLC) 37/2013 altera o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas (Sisnad), que coordena medidas relacionadas à prevenção do uso de psicoativos, à atenção à saúde de usuários e à repressão ao tráfico. 


Atendimento no Caps é multiprofissional, com enfermeiros, psiquiatras, psicólogos, assistente social e outros - Foto: Arquivo O Dia

Apresentado pelo ex-deputado e atual ministro da Cidadania, Osmar Terra, o projeto altera a Lei Antidrogas (Lei 11.343, de 2006) e mais 12 leis. O texto reforça o papel das comunidades terapêuticas no tratamento de dependentes e facilita a internação involuntária, contra a vontade do dependente. 

Para Luanna Bueno, gerente de saúde mental da Fundação Municipal de Saúde (FMS), o distanciamento social e familiar não se mostra como a melhor alternativa para enfrentar os problemas relacionados ao álcool e às drogas. “Não posso dizer que as comunidades terapêuticas não são boas, porque há muitas comunidades que trabalham a contribuir para este cenário, mas o trabalho que a Prefeitura acredita é esse trabalho de voluntariedade, de mostrar a importância do tratamento para o usuário. E se não conseguirmos a abstinência 100%, a gente vai perder a chance de tratar? Não, o ideal é que ele fique sóbrio, mas, quando não conseguimos, vamos trabalhar com a redução de danos”, afirma.


E se não conseguirmos a abstinência 100%, a gente vai perder a chance de tratar? Não, o ideal é que ele fique sóbrio, mas, quando não conseguimos, vamos trabalhar com a redução de danos”.


No Caps, por exemplo, o funcionamento acontece com a atuação de profissionais de enfermagem, psiquiatras, psicólogos, assistente social, terapeuta ocupacional, nutricionista e clínico geral. Ofertando tratamento que pode ser intensivo (o usuário frequenta diariamente o Centro), semi-intensivo (a frequência é de 3 dias na semana) e não-intensivo (a frequência é de um dia na semana ou quinzenal).

“A pessoa que tiver sentindo a necessidade de um tratamento, ou o familiar que identificar e quiser levá-la, serão acolhidos por uma equipe multiprofissional e será acordado entre família, profissional e paciente um projeto terapêutico para este paciente. Essa é a política que a gente trabalha e acredita, na voluntariedade do tratamento, para o usuário que queira sair daquela situação conseguir”, afirma. 

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Por: Glenda Uchôa - Jornal O Dia
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