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Pacientes madrugam em filas em busca de consultas na rede pública

A dificuldade para ter acesso à saúde pública envolve denúncias de longos períodos na fila de marcação e meses de espera até o dia da consulta.

07/09/2015 09:31

Espera e frustração. Têm sido essas as palavras que mais caracterizam a rotina dos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) em busca de marcação de exames e consultas médicas em Teresina. A dificuldade para ter acesso à saúde pública envolve denúncias de longos períodos na fila de marcação e meses de espera até o dia da consulta.

Ainda estava escuro e a ala de marcação de consultas permanecia fechada quando Raimunda Silva, de 72 anos, chegou ao Hospital do Parque Piauí, na zona Sul de Teresina. Às cinco horas da manhã, o esforço físico que a senhora faz, para tentar conseguir vaga para uma consulta psiquiátrica, a deixa ainda mais abatida.

“Eu não poderia nem estar aqui, mas venho porque é o único jeito. Estou há mais de três meses tentando marcar vaga para um psiquiatra, mas não consigo, mesmo quando chego cedo, às vezes, não tem vaga. É um descaso”, relata.

A senhora afirma que é comum as pessoas dormirem na fila. Os papelões encostados na parede do Hospital, mesmo depois do sol aparecer e as marcações estarem prestes a iniciar, não deixam negar a acusação. Ainda segundo a senhora, a fila prioritária, para pessoa acima de 60 anos, gestantes e pessoas com criança de colo, chega a ser maior que a ‘fila comum’.

Foto: Assis Fernandes/O Dia

“Tenho 72 anos e me sujeito a ficar aqui porque não posso pagar uma consulta particular e nós, os idosos, somos a maioria assim. A fila de prioridade, quando é formada, é duas vezes o tamanho dessas aqui”, conta.

Sônia Maria também se arrisca para tentar conseguir vaga nas consultas. Moradora do bairro Lourival Parente, a doméstica afirma que percorre o caminho a pé até o hospital e teme por assaltos e outras violências.

“Eu saio lá de casa de madrugada, porque, se eu for chegar aqui 7h, eu nem entro mais. Venho a pés e morro de medo de estupros e assalto. A ‘peleja’ é grande demais. Mas, se não fizermos assim, se a gente não se arriscar, nunca vê o médico”, descreve.

A doméstica deseja marcar consulta com médico ginecologista, mas apesar de ter chegado cedo, é uma das últimas da fila e não sabe se sairia do Hospital com a missão cumprida. “Já teve outras vezes que vim e não consegui marcar. Hoje, eu também não tenho essa certeza”, afirma.

Por: Glenda Uchôa - Jornal O Dia
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