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Pesquisa revela que 70% dos estudantes se sentem inseguros

Violência atinge jovens de escolas públicas e privadas de forma diferente, segundo estudo realizado por especialista em saúde coletiva.

29/10/2017 08:22

A violência é um dos problemas sociais que mais afligem o mundo atualmente, e as escolas não ficam livres desse contexto preocupante. Uma pesquisa sobre violência e sensação de insegurança nas escolas públicas e privadas de Teresina revelou que cerca de 70% dos estudantes do ensino médio se sentem inseguros.

O levantamento foi realizado em 2016 pelo professor Cássio Eduardo, do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Piauí (UFPI). Cerca de 4 mil alunos entre 14 e 19 anos foram entrevistados.

Menos de um terço dos estudantes se sentem seguros, aponta pesquisa (Foto: Moura Alves / O DIA)

Segundo o professor, existem vários tipos de violência no âmbito escolar. “Normalmente ouvimos falar de casos extremos, onde há riscos à vida, mas existem outros, como agressões psicológicas”, afirmou. De acordo com a pesquisa, 75% dos adolescentes disseram já ter sofrido bullying e cerca de 40% admitiram já ter praticado algum tipo de bullying.


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Há, ainda diferença no tipo de insegurança sentida por estudantes de escolas públicas e privadas. “No caso das escolas públicas, os fatores são internos, como pobreza, bullying, agressões verbais e físicas, entre outros. Nas escolas privadas, os fatores são externos. O aluno teme o percurso até a instituição, ou o que pode ocorrer nas proximidades, visto que as instituições privadas possuem um sistema forte de segurança”, explica o professor Cássio.

Violência ocorre tanto dentro quanto nas imediações das escolas (Foto: Moura Alves / O DIA)

Raimunda Nonata, professora recém aposentada, lecionou por 28 anos e conta que presenciou vários casos de violência dentro das escolas, incluindo situações extremas como tentativa de estupro. “Lembro como se fosse hoje. Foi na hora do recreio, um grupo de meninos trancou uma menina no banheiro e tentaram estuprá-la. O crime só não foi consumado porque a menina conseguiu gritar e os colegas foram ajudar. A escola chamou a polícia e o garoto (menor de idade), foi levado para prestar depoimentos. A menina, no entanto, nunca mais voltou”, disse.

Segundo o Major Marcos Vinicius, responsável pelo Batalhão de Policiamento Escolar de Teresina, o que acontece nas proximidades da escola afeta o modo de ação e interação dentro da sala de aula. “Boa parte das ocorrências são praticadas por pessoas externas ao ambiente escolar, e tudo influencia no modo como os alunos vão se comportar”, disse.

A estudante Sthefany Miranda (Foto: Moura Alves / O DIA)

Sthefany Miranda, de 17 anos, conta que já foi assaltada dentro da escola. “Eu estava sentada com quatro colegas de turma dentro da escola, era hora do intervalo. De repente chegaram dois homens. Um fico na moto, e o outro entrou e pediu nossos celulares. Uma menina disse não ia dar o celular, o homem colocou a arma na minha cabeça e disse que ia atirar se ela não desse. Foi tenso”, disse a jovem. 

Dados nacionais mostram que cerca de 23% dos jovens brasileiros, entre 15 e 17 anos, que deviam estar cursando ou terminando o ensino médio estão fora da escola. Esse dado, segundo professor Cássio, contribui diretamente para o aumento dos índices de violência. “No Brasil, a violência é um fator de risco à vulnerabilidade social. Nós, enquanto sociedade, temos a imagem de que a escola é um lugar seguro, então quando se tem notícia que algo acontece nesse ambiente, gera espanto”, afirmou.

Uma alternativa

O professor Cássio Eduardo comenta que, devido a esses desafios presentes no cotidiano, como por exemplo tentar combater a violência, algumas escolas de outros países como Colômbia e Índia, realizaram iniciativas para possibilitar o diálogo entre alunos e professores.

Nessas escolas, são formados grupos de conversa variados em que cada um tem a liberdade de falar. “Não tem como você identificar um problema que você não sabe que existe. Quando o aluno tem esse espaço de fala, é possível que a escola saiba dos medos, problemas familiares, dificuldades de aprendizado. Isso também engloba o professor, pois professores são humanos como qualquer outro.  Apesar de serem tímidas iniciativas, os resultados foram positivos”, defende.


Fonte: Da Redação
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