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Piauienses respondem violentamente comentário preconceituoso no Facebook

Usuário comentou "œO nordeste é o câncer do Brasil" em notícia; Piauienses responderam com xingamentos ao agressor e à sua família

29/12/2015 12:10

Um comentário infeliz criou grande polêmica na página do Portalodia.com no Facebook. Um usuário da rede social escreveu “O nordeste é o câncer do Brasil” na postagem danos que a decoração natalina de Teresina sofreu com a chuva de segunda-feira. O comentário foi rebatido com críticas ainda mais violentas por parte dos piauienses.

“O maior câncer foi tu ter nascido!”, respondeu um rapaz. “E você é o quê? Um nada! Ou melhor um Modinha, que só quer chamar atenção!” , comentou outra usuária. Muitas das outras mensagens trazem palavrões e xingamentos tanto ao usuário que fez o comentário quanto a sua suposta namorada, que não comentou nada.

Comentários na página do Portal O Dia no Facebook geraram indignação dos piauienses. (Foto: Reprodução)

O cientista social Marcondes Brito, mestre em políticas públicas na área de violência, acredita que a situação foi gerada por duas realidades históricas do nosso país.

A primeira tem a ver com a intolerância. “A intolerância não é exclusividade do Brasil, aqui ela é ampliada. Em outros países, as pessoas são intolerantes com o estrangeiro, mas aqui o estrangeiro somos nós”, comenta. Para ele, o preconceito com o Nordeste vem da ideia de que ele representa a pobreza. É um uma construção história, que nasceu da seca, da pobreza dos retirantes que viajavam para o sul em busca de vida melhor, e mais recentemente, com a ideia de que os nordestinos colocaram o PT no governo. “Entendem essa relação como se o nordeste fosse algo separado do Brasil”, explica Marcondes.

A segunda questão vem da falta de punição. “Vivemos um período em que se confunde liberdade com violência, e a internet facilita isso, por conta do isolamento. Então, isso possibilita a pessoa agir como acha certo. E quando nos sentimos ofendidos, queremos responder na mesma intensidade”, comentou o cientista social. Marcondes Brito vê a resposta violenta dos teresinenses aos comentários como uma “justiça com as próprias mãos”, só que virtual.

“Para evitar esse tipo de atitude é preciso uma instância de mediação, que seria o setor jurídico. É essa mediação que impede o conflito direto e possibilita a pacificação social”, disse. A falta dessa instância legal para a solução desses conflitos gera casos esse, em que se faz um linchamento social. “Assim, no fim das contas as duas partes estão erradas.”

Auto estima

Para o cientista social, a situação não é indicativo de falta de auto estima. “Teresina e o Piauí tem muitas coisas boas, a gente sabe disso. O problema é que não se conhece”, comenta Marcondes, opinando que as respostas são motivadas mais pela própria violência do que pela falta de auto estima do piauiense.

“Agora existem jeito melhores de se responder a essas provocações. Por exemplo, mostrando as coisas boas que nossa terra tem, ajudando a essa pessoa mudar a ideia superficial que tem do nosso estado”.

Edição: Nayara Felizardo
Por: Andrê Nascimento (estagiário)
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