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Tons de invisibilidade: a cor faz as pessoas verem o que a sociedade silencia

Em sua primeira exposição solo, o artista Mickael Viana retrata temas como a homossexualidade masculina e a solidão. "œDo preto e branco à cor extrema".

28/06/2019 12:07

Expor o que os olhos não enxergam e dar cor ao preto e branco que é a solidão e a invisibilidade social. É esta a principal discussão suscitada pela exposição “Tons de Invisibilidade”, do artista Mickael Viana. Em sua primeira exposição solo, ele explora a arte digital em tons que vão da escala de cinza até cores vibrantes, como o vermelho e o verde, para “dar cor ao que é ignorado pelo olhar”.

Em conversa com o Portal O Dia, Mickael explica que a ideia de retratar as fatias sociais ignoradas veio do desejo de tocar em feridas abertas da sociedade. “As pessoas às vezes olham para uma imagem de uma mulher lavando roupa na beira do rio, por exemplo, e não enxerga tudo que há por trás daquilo, a luta diária dela, a solidão de ficar naquele ofício boa parte do dia. Do mesmo jeito é a homossexualidade, que é retratada muitas vezes em tons pejorativos e preconceituosos pela sociedade. As pessoas não conseguem enxergar além do que os olhos alcançam e foram esses pré-julgamentos. A ideia é mostrar como elas veem o mundo tudo o que há por trás dessa visão e que não é visto”, explica.


Foto: Divulgação

Além dos quadros, divididos em dois espaços (Divino Maravilhoso, retratando a homossexualidade masculina; e Lavadeiras, retratando a mulher), a exposição conta ainda com uma instalação chamada Casulo Aberto, com a qual o público pode interagir. A ideia é a pessoa poder entrar no “casulo” e descobrir o que há por dentro dele e o que o constituiu. Mickael explica que se trata de uma metáfora da vivência humana e da experiência que Tons de Invisibilidade pretende mostrar.

“O casulo é algo que é fechado, que a gente não sabe o que tem dentro dele, mas que a gente pode tomar a decisão de abrir e descobrir além do que nossos olhos veem. Nós podemos expor o que tem dentro dele, expor o invisível e poder entender que há sempre algo por trás, algo que nosso entendimento e visão limitada não nos deixa ver”, diz.

A abertura da exposição teve ainda a performance do psicólogo e performer Luiz Outro, que abordou temas considerados espinhosos pela sociedade, como o suicídio, a solidão no meio social e os distúrbios da mente humana ante a sociedade pós-moderna permeada pelo estreitamento dos laços virtuais em detrimento dos laços afetivos.


Foto: Divulgação

Tons de Invisibilidade fica em exposição até o início de agosto no espaço-galeria Louvre Tattoo, no bairro Morada do Sol. Além dos trabalhos de Mickael,o espaço terá ainda exposições de mais três artistas locais até dezembro deste ano.  É o que informa Caio Marwell, proprietário do estúdio e galeria. 

“Não só com essa exposição do Mickael, mas com as outras que já estão agendadas, a gente quer mostrar que Teresina tem espaços culturais e tirar um pouco esse estigma de que nossa cidade não tem cena cultura. Tem sim, Teresina tem uma cena cultural imensa e as pessoas fecham os olhos pra isso. A gente quer tirar este estigma de que essa arte é inacessível”, comenta Caio.

Por: Maria Clara Estrêla
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