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Presos fazem motim na Major César; Sejus reconta presos

Detentos queimaram viatura policial e feriram agentes penitenciários a pedradas.

02/07/2019 18:23

Um motim foi deflagrado na tarde desta terça-feira (2) por presos da Colônia Agrícola Penal Major César Oliveira, localizada na BR 343, no município de Altos.

O motim teve início no horário de visitação. Os detentos incendiaram uma viatura policial e feriram agentes penitenciários com pedradas.

O Sindicato dos Agentes Penitenciários do Piauí (Sinpoljuspi) estima que quase 200 presos conseguiram se evadir da unidade durante a rebelião.


O estopim da conflagração teria sido um disparo de arma de fogo, que teria sido efetuado acidentalmente por um dos agentes penitenciários. Porém, o sindicato afirma que os presos já estavam reclamando dos procedimentos de segurança adotados pelos servidores durante as visitas. 

No início da noite, ao comentar o episódio, o Sinpoljuspi lembrou que há vários anos vem alertando o Governo do Estado e o Poder Judiciário para os riscos de rebeliões, assassinatos de presos e até de servidores, por conta da superlotação da Major César e de várias outras unidades do sistema prisional piauiense.

Além da superlotação, o sindicato afirma que a crise no sistema é agravada pelo déficit de agentes penitenciários e pela estrutura precária observada em boa parte dos presídios.

"A Major César Oliveira é destinada ao regime semiaberto, e estavam ocorrendo muitos assaltos na região [da penitenciária] envolvendo presos. Então, foi tomada a medida de cercar a unidade prisional com serpentina. Mas o principal não vem ocorrendo, que é a melhoria dos alojamentos dos detentos, o que faz com que o presos se revoltem. Além disso, está faltando equipamentos para os servidores e mais pessoal para trabalhar. Esse conjunto faz com que essas situações ocorram, e isso não vai parar por aqui. A gente fica perguntando ao governo o que se precisa fazer. Porque o sindicato já apresentou centenas de relatórios ao governador e ao secretário de Justiça, para que as providências sejam adotadas. Infelizmente, elas acontecem a conta-gotas. E nós estamos no limite. O Poder Judiciário está trabalhando e não tem onde colocar os presos. Hoje, nós tínhamos apenas sete agentes penitenciários para 604 detentos", lamenta Kleiton Holanda, presidente do Sinpoljuspi.

O Sinpoljuspi denuncia que, há cerca de uma semana, presos da unidade já tinham arremessado pedras em servidores. A situação foi relatada pelo sindicato à Secretaria de Justiça, mas a pasta não teria tomado nenhuma providência. 

"É um problema crônico. A Major César Oliveira está completamente destruída pela ação do tempo. É um presídio antigo, de 1977. Nunca passou por reformas. São presos demais, servidores de menos, diga-se de passagem. Estamos aguardando um curso de formação para 166 agentes. Quem sabe, se eles estivessem trabalhando, isso não teria acontecido. Então, é um somatório de elementos negativos que fazem com que situações como essa ocorram", acrescenta Kleiton Holanda.

O presidente do sindicato afirma, ainda, que a situação na Major César é agravada por ser a única penitenciária do estado que recebe presos no regime semiaberto. 

"A única unidade que recebe presos em regime semiaberto é a Major César Oliveira. Todos os presos são trazidos pra cá, inclusive os presos do interior. O sindicato sempre defendeu que haja uma unidade de semiaberto no norte e outra no sul do estado", afirma o sindicalista.

Outro lado

A Secretaria de Estado da Justiça (Sejus) informou por meio de nota que o motim ocorrido na tarde desta terça-feira(2), na Colônia Agrícola Major Cesar, em Altos, foi controlado, no final da tarde, por equipes de agentes penitenciários e forças da Polícia Militar.

O motim iniciou por volta das 15h30 e, já por volta das 18h, a unidade estava controlada pelas forças do Estado.

Sobre fugas, equipes de agentes penitenciários da Secretaria de Justiça estão fazendo a contagem dos presos nas celas durante ainda a noite desta terça-feira. Mas forças de segurança estão em diligência para efetuar a recaptura de detentos.

Por: Cícero Portela
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