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Mulheres são as principais vítimas de roubos de carros em Teresina

Segundo o setor de inteligência da Polinter, nos períodos de 5h30 às 8h e 17h30 às 19h ocorre a maior parte dos assaltos.

24/03/2018 08:29

A advogada Marília Dutra acredita ser uma pessoa precavida quando o assunto é segurança. Ao sair e chegar em casa, ela sempre lembra de observar cuidadosamente seus arredores antes de dar o comando para o portão de casa abrir. Mesmo com todo esse cuidado, a jovem entrou para as estatísticas de pessoas que têm o carro roubado enquanto tentam sair ou voltar para casa. 

Segundo o setor de inteligência Polícia Interestadual do Piauí (Polinter), nos períodos de 5h30 às 8horas e 17h30 às 19horas, acontecem o maior número de roubo de carros em Teresina. As mulheres são as principais vítimas. Marília foi surpreendida por volta de 19horas de um sábado quando voltava para casa, localizada em Timon, no bairro Parque Alvorada. Mesmo a aparente movimentação da rua não inibiu a ação dos bandidos.

A jovem também comprovou outra estatística que se enquadra no crime de roubo de carros: os bandidos especializados nesse tipo de crime abordam as vítimas portanto armas de fogo. “Na rua, tinham algumas pessoas sentadas e, por isso, fiquei mais tranquila, mas quando percebi, já tinha uma pessoa batendo no meu vidro com uma arma. Eles andavam em dupla, em uma moto, um ficou apontando a arma para os vizinhos e o outro levou o carro”, rememora o crime.

Na ocasião, ela chegou a ser agredida enquanto saia do carro. “Meu braço ficou inchado por algumas semanas, porque ele agiu com truculência”, explica. O carro, um Fiat Uno, não foi recuperado. 

Situação parecida aconteceu com Pedro Silva. Ele teve o carro roubado quando estacionava o carro perto de sua residência no bairro Promorar, zona Sul de Teresina. “Eu sempre chego em casa no mesmo horário e desconfio que eles observaram isso. Foi tudo muito rápido”, explica.

Tanto Marília quanto Pedro tinham seguro do veículo e, mesmo sem o carro ser encontrado, conseguiram reaver o prejuízo material. O emocional, no entanto, não é tão fácil de recuperar.

“Eu passei um tempo sem dirigir até receber o dinheiro da seguradora, eu acredito que o período me ajudou um pouco e não fiquei traumatizada a ponto de não voltar a dirigir. Mas, hoje, meus cuidados são ainda mais redobrados quanto a segurança”, afirma.

Foto: Jailson Soares/ODIA

A Delegacia de Polícia Interestadual (POLINTER-PI), da Polícia Judiciária Civil, é a responsável pela repressão a crimes como roubo de carros, motocicletas, cargas e desmanche de quadrilhas em todo o Piauí. Segundo o delegado titular, Luciano Alcântara, a delegacia especializada é fundamental para dar efetividade a redução desse tipo de crimes, que têm uma peculiaridade: são extremamente dinâmicos. 

“Cada crime tem uma forma de se mostrar. Quando a gente fala de roubo de veículos, geralmente, se trata de grupos organizados, que tem todo um aparato de apoio. O ladrão de automóveis geralmente está armado e preparado para aquela ação. No tráfico, o traficante não sai da sua zona, ele vai estar todo dia lá. Mas o ladrão de automóvel muda. Quando a gente consegue desbaratar uma quadrilha, eles saem da cadeia com uma logística diferente. As quadrilhas especializadas nesse tipo de crime são dinâmicas”, destaca.

O desafio para a polícia se torna agir de forma estratégica para inibir a ação dos criminosos ou recuperar os veículos, caso aconteça o crime. “Temos um analista criminal dentro da nossa estrutura que faz estudo científicos, que nos ajudam a estabelecer as manchas criminais e ver onde esses crimes costumam acontecer, como acontecem e para onde os veículos estão indo. Hoje, o maior receptador é o Maranhão e o Maranhão diz a mesma coisa do Piauí”, afirma Luciano.

Com esse intercâmbio de receptação de veículos, Luciano ressalta que casos de desmanches de carros quase não existem mais. Os veículos roubados são, geralmente, encaminhados a outros estados ou municípios. No entanto, as motos fogem a essa regra e ainda passam por desmanche quando roubadas ou furtadas.


Por: Glenda Uchôa
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