Os agentes da penitenciária João de Deus Barros passaram por momentos de tensão durante a madrugada de hoje (7). Durante vistoria na unidade, os agentes encontraram todas as celas do pavilhão D com cadeados arrombados. Um preso foi encontrado morto em uma das celas. Segundo o Sinpoljuspi (Sindicato dos Agentes Penitenciários e Servidores Administrativos das Secretarias da Justiça), caso é de assassinato.

A situação começou por volta das 23h, quando um agente, ao fazer a ronda pela passarela (parte elevada, de onde se vê os pavilhões de cima) da penitenciária, percebeu que todos os presos do pavilhão C estavam fora das celas, caminhando livres pelo pátio.

“De imediato, ele acionou os demais agentes, que fizeram reforço e entraram no pavilhão”, relatou o presidente do Sinpoljuspi, José Roberto Pereira. “Quando entraram, perceberam que alguns cadeados estavam quebrados. O que se imaginou foi que tentariam uma fuga. Mas os presos afirmaram que saíram das celas por que ouviram barulhos estranhos vindo do pavilhão ao lado, no caso o pavilhão D”.

Reinaldo Lopes, de 22 anos, ficou preso por 17 dias até ser morto (Foto: Divulgação)

Os agentes decidiram então fazer uma vistoria em toda a unidade. Ao chegarem no pavilhão D, os presos continuavam dentro das oito celas que o compõem, mas todos os cadeados estavam quebrados. “Esses agentes correram risco de vida. Poderiam facilmente ter sido feitos refém”, comenta José Roberto. Na cela número quatro, os agentes encontraram o corpo de um detento pendurado na grade.

Reinaldo Lopes de Sousa, de 25 anos, era natural da cidade de Geminiano, e estava preso por tráfico de drogas. Segundo José Roberto, ele apresentava sinais de espancamento, e tinha as costelas quebradas. “Ainda não temos um laudo oficial da perícia, mas a questão do jeito que encontramos ele é apenas para fazer uma maquiagem. Ele foi, de fato, assassinado”.

O caso será investigado pela delegacia de Polícia Civil de Picos. Haviam outros 12 presos na mesma cela de Reinaldo Lopes. Mas com a questão dos cadeados arrombados nas outras celas, o número de possíveis autores do crime se estende para todos os mais de cem presos que ocupam o pavilhão. 

Esta é a sexta morte registrada no sistema prisional do Piauí somente em 2017. O presidente do Sinpoljuspi chama atenção para o fato de que, em todo o ano de 2016 houveram 16 mortes. "Não finalizamos o terceiro mês do ano e já estamos na sexta morte. Significa dizer que, se continuar essa escalada de criminalidade dentro do sistema prisional do Piauí, 2017 poderá superar, no mínimo no dobro, as mortes em 2016".

Edição: Nayara Felizardo
Por: Andrê Nascimento