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Dependente da energia da Venezuela, Roraima teme retaliação

Roraima é o único território brasileiro que não faz parte do Sistema Interligado Nacional.

26/01/2019 08:51

Se o ditador Nicolás Maduro retaliar o governo brasileiro por ter reconhecido Juan Guaidó como presidente encarregado da Venezuela, uma parte do Brasil pode ficar às escuras: Roraima.

Além de ver aumentar o número de refugiados, que se tornaram um problema grave na fronteira e na capital Boa Vista, o estado ainda depende da energia elétrica fornecida pela Venezuela. Roraima é o único território brasileiro que não faz parte do Sistema Interligado Nacional.

A construção de um linhão com essa finalidade está parada por conta de disputa judicial que envolve reserva indígena. Mais de metade da energia no estado é fornecida pela hidrelétrica de Guri, no norte da Venezuela. O restante vem de termelétricas locais.

Com a falta de manutenção na rede elétrica da Venezuela provocada pela crise econômica, Roraima já vem sofrendo com constantes blecautes, que costumam queimar os eletrodomésticos.

O receio agora é ficar totalmente sem luz ou passar por racionamento se houver retaliação. A situação é preocupante, porque a receita paga por Roraima é pequena para a Venezuela.

O governo brasileiro, ainda na gestão de Michel Temer, iniciou o processo de licitação para a construção de mais uma termelétrica no estado, em uma tentativa de reduzir a dependência. Mas a expectativa é que ainda demore.

Excluindo o risco para Roraima, um possível agravamento da crise na Venezuela não deve ter maiores consequências econômicas para do Brasil. As grandes obras que costumavam ser tocadas por empreiteiras brasileiras estão praticamente abandonadas. No ano passado, o governo venezuelano deu calote de R$ 1,5 bilhão no BNDES, que financiava os projetos. O rombo teve que ser coberto pelo Tesouro Nacional.

O intercâmbio comercial entre Brasil e Venezuela, que foi pujante, também quase desapareceu. Em 2008, auge da bonança do petróleo, o Brasil chegou a exportar R$ 5,1 bilhões para a Venezuela, o que significava 2,6% das vendas totais.

No ano passado, as empresas brasileiras embarcaram apenas R$ 577 milhões para os venezuelanos, o que representa menos de 0,2% da exportação total.

Para especialistas, vai demorar muito para que esse fluxo de comércio seja restabelecido. Além de um eventual troca de governo, a Venezuela vai precisar se reerguer da profunda recessão e controlar a inflação galopante para voltar a atrair empresas que queiram fazer negócios por lá.

Fonte: Folhapress
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