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Em carta, Wellington pede fim da greve dos professores: 'Apelo ao bom senso'

Na carta, o chefe do Executivo fala que país passa por crise, e ressalta que Governo já paga um vencimento acima do valor estipulado pela União, que é de R$ 2.135,00.

24/02/2016 19:50

O governador Wellington Dias (PT) divulgou uma carta aberta para tentar sensibilizar os professores da rede estadual a interromperem a greve e, desta forma, evitarem que o ano letivo seja prejudicado.

Na carta, o chefe do Executivo ressalta que o Governo já paga um montante acima do valor estipulado pela União, que é de R$ 2.135,00, e enfatiza que o Piauí é o único Estado do país que assegura o pagamento do reajuste de 11,36%.

Wellington também reforça que o país passa por uma crise econômica que afeta a população em geral, mas também a gestão pública. Diante disso, ele pede que os profissionais da educação sejam compreensivos, e ajudem o Estado a transpor este momento de turbulência.

O governador argumenta que, embora o valor per capita aluno do Fundeb tenha aumentado, o montante total transferido ao Estado - de R$ 700 milhões - ainda é insuficiente para cobrir toda a folha de pagamento dos professores, que atinge a cifra de R$ 1,2 bilhão.

Wellington também enfatiza que os municípios piauienses recebem 40% dos recursos que o Estado repassa para o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação – Fundeb.

Reforça que o Governo não enfrenta dificuldade em pagar o piso da categoria, e cita casos de professores com salários de R$ 4 mil. Por conta disso, Wellington considera não haver razões para que os trabalhadores permaneçam "irredutíveis", e classifica a grave como "desnecessária".

Confira a nota na íntegra:

Apelo ao bom senso

O momento é de sacrifício e todos nós estamos sentindo na pele, no dia a dia, os efeitos da crise econômica que assola o País. O que atinge o cidadão comum, atinge os governos, e nós, no Piauí, não fugimos à regra, mas estamos com uma postura positiva e esperançosa, porque temos a consciência de que nos esforçamos para superar as dificuldades e vencer os desafios. E aproveitamos para pedir essa compreensão por parte dos nossos professores. Estamos diante de um impasse, de um lado, do nosso, as garantias de que não vamos deixar de cumprir o pagamento do índice de reajuste do Piso Nacional dos Professores, de forma parcelada, sabendo, no entanto, que já pagamos além do vencimento estipulado pela União, que é de R$ 2.135,00. Nosso menor salário já era de R$ 2.221 para a categoria. E todos também sabem que o nosso Estado é o único que dá garantia de pagar o reajuste de 11,36%. Os outros estados alegam impossibilidades, não por que não queiram – acreditamos –, mas pela situação financeira do momento, que atinge as unidades da federação, os municípios e a União.

Como governador do estado do Piauí, estou apelando para essa compreensão dos profissionais da educação para que o ensino do nosso estado não seja prejudicado. Os professores argumentam que o reajuste deve ser feito de forma imediata, sob a consequência de greve, alegando que houve o aumento do valor per capita aluno do Fundeb. É verdade, porém, há de se entender que a folha de pagamento dos professores é algo em torno de R$ 1,2 bilhão, e os recursos do Fundeb giram em torno de R$ 700 milhões. Então, por maior que seja o aumento, ainda é muito baixo e não compensa. Outro argumento é de que as prefeituras estão pagando. Que bom! Mas temos que entender que entre os 27 estados brasileiros, o Piauí é o único que propõe realizar esse pagamento.  Os municípios contribuem para o Fundeb com 15% da sua receita e eles ficam com todo o dinheiro da educação, ou seja, é deles toda a contribuição que colocam no Fundo. Eles não repassam para a União nem para o Estado. Já o Estado, de cada R$ 100,00 que coloca no Fundeb, R$ 40,00 são transferidos para os municípios. Em 2015, nós repassamos próximo de R$ 600 milhões. Outra justificativa dos professores é o aumento de R$ 50 milhões porque aumentaram as matrículas, e eu comemoro e parabenizo a equipe por isso, mas estou falando aqui que o que vamos transferir para os municípios é mais de R$ 50 milhões.

Estou pedindo esse voto de confiança aos professores, para que os nossos alunos não sejam prejudicados com uma greve desnecessária. Decidimos cortar investimentos para cumprir a nossa proposta em cima do reajuste. Nós já estamos cumprindo a lei, por isso não vislumbramos motivos para que os nossos professores sejam irredutíveis. Não há nenhuma dificuldade em o Estado pagar o Piso, já estamos pagando desde janeiro. Estamos falando de quem, por exemplo, ganha R$ 4 mil. 

Entendo que a responsabilidade é minha, mas é também do professor, e é o povo quem paga, são os pais desses alunos. O Piauí está fazendo um esforço que nenhum outro estado está fazendo. Só para citar, nem São Paulo, Goiás, Paraná, Ceará, Pernambuco, Bahia e o Maranhão estão podendo fazer o que estamos fazendo. E estamos aqui de forma transparente, tendo que tomar a decisão e fazer uma opção pelos professores. Vamos fechar este ano aplicando o reajuste, mas queremos também a contrapartida: que os nossos alunos não sejam prejudicados. Todo mundo em sala de aula. Estamos pedindo em nome do povo do Piauí.

Wellington Dias

Governador do Estado do Piauí

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