O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, candidato a vice e provável substituto de Lula na chapa do PT à Presidência, foi denunciado pelo Ministério Público de São Paulo nesta segunda-feira (3) sob acusação de corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa.
Segundo o promotor Marcelo Mendroni, ele recebeu R$ 2,6 milhões em propina da empreiteira UTC para pagamento de dívidas da campanha de 2012. A informação foi publicada primeiro no jornal O Estado de S. Paulo.
A denúncia tem como base as delações de Ricardo Pessoa e Walmir Pinheiro, da UTC, e do doleiro Alberto Youssef, além de investigação da Polícia Federal sobre suspeitas de lavagem de dinheiro e caixa dois na primeira campanha de Haddad à prefeitura.
No último dia 28, a Promotoria de Patrimônio Público já havia proposto ação civil de improbidade contra o ex-prefeito pelo mesmo caso. Haddad já responde na Justiça Eleitoral pela suposta prática do crime de caixa dois.
Foto: Reprodução/Ricardo Stuckert
Em nota, Haddad questionou o motivo de a denúncia ter sido feita durante o período eleitoral. Mendroni afirma que foi uma coincidência, porque o inquérito da Polícia Federal chegou no dia 24 de julho à Promotoria.
Nesse caso, o promotor deve fazer as acusações, pedir arquivamento ou solicitar mais diligências da polícia.
Segundo as investigações, o então tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, se reuniu com Ricardo Pessoa em abril ou maio de 2013 e pediu R$ 3 milhões em nome do prefeito para sanar as dívidas da campanha. A UTC negociou o pagamento de R$ 2,6 milhões.
Antes, em fevereiro, Haddad havia se encontrado com Ricardo Pessoa, segundo sua própria agenda na prefeitura.
Além de Haddad, também foram denunciados Vaccari, Pessoa, Walmir Pinheiro, o ex-deputado Francisco Carlos de Souza e Youssef.
Embora não aponte contrapartida de Haddad ao pagamento da UTC, o promotor Mendroni afirma que havia uma "perspectiva de contrapartida" do petista. "Para que a UTC, uma empreiteira, vai pagar uma dívida de campanha do prefeito se não tivesse a perspectiva de receber algo em troca?", questionou.
Outro lado
Em nota, a assessoria de Haddad disse que surpreende que a denúncia tenha saído no período eleitoral e que "uma narrativa do empresário Ricardo Pessoa, da UTC, sem qualquer prova, fundamente três ações propostas pelo Ministério Público de São Paulo contra o ex-prefeito e candidato a vice-presidente da República".
"É notório que o empresário já teve sua delação rejeitada em quase uma dezena de casos e que ele conta suas histórias de acordo com seus interesses. Também é de conhecimento público que, na condição de prefeito, Fernando Haddad contrariou, no segundo mês de seu mandato, o principal interesse da UTC de Ricardo Pessoa na cidade: a obra confessadamente superfaturada do túnel da avenida Roberto Marinho."
O advogado de Vaccari, Luiz Flávio Borges D'Urso, afirma que seu cliente nunca foi tesoureiro "de campanha de quem quer que seja, ele foi tesoureiro do partido". A reportagem não conseguiu localizar a defesa dos outros acusados.
Fonte: Folhapress