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Michel Temer troca em média três ministros por mês

O último troca-troca ministerial foi no começo de abril, quando o governo deu posse a 11 ministros. Na ocasião, sete foram exonerados para disputarem as eleições em outubro

23/04/2018 08:45

Primeiro anúncio de Michel Temer quando chegou à Presidência da República, ainda como interino, em maio de 2016, foi o de que iria enxugar os 32 ministérios existentes, até chegarem a 23. A ideia, segundo o emedebista, era cortar custos da União. A lista para o primeiro escalão da Esplanada, que substituía todos os nomes escolhidos pela então presidente afastada Dilma Rousseff (PT), foi alvo de críticas por ser formada apenas por homens brancos. A Folha mostrou que ele foi o primeiro presidente desde o militar Ernesto Geisel (1974-79) a não incluir mulheres.

Em dois anos à frente do país, Temer nomeou 63 ministros –o que corresponde a cerca de três trocas por mês. Com a criação do ministério de Segurança Pública, em fevereiro deste ano, o Brasil passou a ter 29 pastas, número próximo ao da petista quando deixou a cadeira.

Entre as razões para o troca-troca do emedebista estão denúncias de corrupção e tentativas de barganhar apoio à reforma da Previdência. As pastas que mais tiveram mudanças foram a da Cultura, da Justiça e do Turismo, com quatro ministros cada.

Sobre a ausência de mulheres, à época Temer apressou-se em se justificar. Disse querer "uma representante do mundo feminino". A nomeação de uma, no entanto, só veio quatro meses depois, quando Grace Mendonça (PSDB) assumiu a Advocacia-Geral da União. Mais cinco meses e Temer escalou Luislinda Valois (então no PSDB, do qual pediu desfiliação) para o Ministério dos Direitos Humanos.

Foto: Reprodução/Lula Marques/AGPT

As duas foram as únicas mulheres a comandar pastas no governo do emedebista. Isso representa 0,8% do total de ministros que tomaram posse em Brasília durante seu mandato. Luislinda foi também a única negra a figurar na lista, até pedir demissão do cargo, em fevereiro. Ela causou desconforto ao governo em mais de um momento –como ao solicitar o pagamento pelos cofres públicos de pelo menos R$ 300 mil em vencimentos retroativos, em 2017.

A deputada federal Cristiane Brasil (PTB) chegou a ser nomeada para assumir o Ministério do Trabalho, mas sua posse foi barrada pela Justiça. A parlamentar indicada para ser ministra havia sido condenada por desrespeitar direitos trabalhistas, tema da pasta.

O levantamento realizado pela reportagem considerou todos os representantes que passaram pelo cargo, inclusive os interinos -três nomes entre os 63 apenas trocaram de pasta. A conta não considerou as duas vezes em que Temer exonerou ministros com cargo de deputado, para garantir votos favoráveis na Câmara -com o intuito de barrar as denúncias apresentadas pela Procuradoria-Geralda República contra ele.

O último troca-troca ministerial foi no começo de abril, quando o governo deu posse a 11 ministros. Na ocasião, sete foram exonerados para disputarem as eleições em outubro (membros do Executivo precisam deixar os cargos seis meses antes do pleito).


Foto: Reprodução/ Istockphoto/Thinkstock

Outras substituições foram envoltas em polêmicas de corrupção. Com cinco semanas de Temer na Presidência, a Lava Jato derrubou três ministros. A divulgação das gravações do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado com políticos, fez cair os ministros Romero Jucá (Planejamento) e Fabiano Silveira (Transparência). Nos áudios, antes da queda de Dilma Rousseff, Jucá defende um pacto "com o Supremo, com tudo". "Tem que mudar o governo para estancar essa sangria", disse.

Henrique Eduardo Alves (Turismo) também tombou após suspeita de ter recebido R$ 1,6 milhão do esquema de corrupção na Petrobras. Ele está atualmente preso. Depois de sete meses de mandato, as denúncias já haviam resultado na queda de seis ministros.

Além dos três citados, Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) pediu demissão após escândalo do uso de sua posição no governo para conseguir vantagens pessoais, denunciado pelo ministro Marcelo Calero (Cultura), que também se demitiu. Próximo a Temer, Geddel está preso desde setembro de 2017.

Já Fábio Medina Osório, ao deixar a chefia da Advocacia-Geral da União, atribuiu a exoneração à suposta insatisfação do Palácio do Planalto com medidas tomadas pela AGU contra políticos investigados na Lava Jato, incluindo parlamentares da base aliada do governo.

Michel Temer, que flerta com a ideia de tentar reeleição, é reprovado por 70% dos brasileiros, segundo pesquisa Datafolha divulgada no dia 17 de abril. A população deu nota 2,7 para o governo do emedebista, e 41% dos entrevistados atribuíram nota zero à gestão. Na tentativa de reagir aos índices negativos de popularidade, Temer pretende divulgar, em maio, um balanço desses dois anos.

Fonte: Folhapress
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