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Moro autoriza uso da Força Nacional no Ceará em meio a ataques

O ministro sugeriu a formação de um gabinete de crise, com a integração de polícias federais e estaduais.

04/01/2019 13:46

O ministro da Justiça, Sergio Moro, autorizou nesta sexta-feira (4) que a Força Nacional atue por 30 dias no Ceará para ajudar a conter a onda de violência no local. Nesta quinta (3), ele já havia determinado providências, com a mobilização da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal e do Departamento Penitenciário Nacional.

A decisão se deu por pedidos feitos pelo governador Camilo Santana (PT). O ministro sugeriu a formação de um gabinete de crise, com a integração de polícias federais e estaduais. A equipe da Força Nacional mobilizada conta com cerca de 300 homens e 30 viaturas, de acordo com informações do ministério.

Fortaleza e cidades da região metropolitana sofreram com a segunda madrugada de ataques contra prédios públicos, agências bancárias e ônibus. Um suspeito de tentar incendiar um radar de trânsito, na cidade de Eusébio, foi morto em confronto com a polícia. Até o momento 40 criminosos foram detidos em todo o estado suspeitas de participação nos ataques a prédios públicos e privados, agências bancárias e ônibus.

Os ataques, que na primeira noite (de quarta para quinta) foram quase todos em Fortaleza e região metropolitana, se estenderam nesta sexta (4) a cidades do interior. Houve registros de incidentes, como radares de trânsito danificados, carros de órgãos públicos incendiados e prisão de suspeitos com bombas caseiras em Juazeiro do Norte (490 km de Fortaleza), Jaguaruana (180 km), Baturité (115 km), Arocoiaba (93 km) e Morrinhos (210 km).

Em Fortaleza, apenas 30% da frota de ônibus da capital está nas ruas nesta sexta (4) e boa parte só sai dos terminais após a chegada de carros da polícia para fazer a escolta. Os pontos de ônibus estão cheios. Há também diminuição no serviço de coleta de lixo -pelo menos dois caminhões de companhias que prestam esse serviço foram incendiados na capital e região metropolitana desde quarta (2).

Em seu despacho, Moro autorizou o uso da Força Nacional "para a realização de policiamento ostensivo e de outras ações de segurança em apoio à Polícia Federal, à Polícia Rodoviária Federal, ao Departamento Penitenciário Nacional e às demais forças de Segurança Pública do Estado do Ceará, em caráter episódico e planejado".

O ministro também determinou que as polícias federais "intensifiquem, no estado do Ceará, as ações de prevenção e repressão ao crime organizado e que o Departamento Penitenciário Nacional preste todo o apoio necessário para as ações de segurança pública".

Até bens privados sofreram ataques, que já passam de 30 desde quarta (2). Uma concessionária foi invadida na noite de quinta (3) e os bandidos roubaram funcionários e colocaram fogo em alguns veículos. Ninguém se feriu.

O prédio da prefeitura de Maracanaú, na Grande Fortaleza, também foi atacado, além da sede principal do Detran (Departamento Estadual de Trânsito) na capital cearense, no bairro da Maraponga. Houve princípios de incêndios, controlados rapidamente. Algumas delegacias e agências bancárias foram alvo de tiros.

Até o momento ao menos 11 ônibus e duas vans que fazem transporte público foram incendiados em Fortaleza e cidades do interior. Um carro com explosivos foi encontrado próximo a um viaduto na avenida Washington Soares, uma das principais ligações para o litoral leste do Ceará.

A polícia investiga se as ações podem estar ligadas às mudanças anunciadas pelo governo estadual para a administração de presídios no segundo mandato de Camilo Santana (PT).

O petista anunciou que o tema é uma das prioridades de seu segundo, com endurecimento de regras -​hoje o sistema prisional do Ceará têm unidades divididas entre facções criminosas: as três mais fortes no estado são o PCC (Primeiro Comando da Capital) e GDE (Guardiões do Estado), que são aliados, e o CV (Comando Vermelho).

Santana criou uma secretaria exclusiva para o assunto, a de Administração Penitenciária, e escalou para comandá-la o policial civil e ex-secretário de Justiça do Rio Grande do Norte Luís Mauro Albuquerque e com função takbém no Departamento Penitenciário Nacional (Depen).

Há possibilidade de revisão da divisão de detentos por presídios com base na facção a que pertencem, o que pode ter desencadeado ordens para as ações realizadas por bandidos nas últimas horas.

Segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança, o Ceará foi, em 2017, o terceiro estado do país com mais mortes violentas. A taxa foi de 59,1 mortos a cada 100 mil habitantes. À frente do estado estiveram apenas Rio Grande do Norte (68) e Acre (63,9).

Em 2018, segundo dados divulgados pelo estado, houve queda de 10,5% na taxa de homicídios entre janeiro e novembro de 2018, comparado com 2017. Mesmo assim, no ano passado ocorreu a maior chacina da história do Ceará, com 14 mortos durante uma festa na periferia de Fortaleza, em janeiro, e a morte de seis reféns após ação policial para evitar assalto a dois bancos em Milagres, no interior, em dezembro.

Fonte: Folhapress
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