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Mulher e irmã de Marielle participam de sessão solene na Câmara

Câmara celebra Dia Internacional do Direito à Verdade. Marielle, que era vereadora pelo PSOL do Rio, foi assassinada a tiros na semana passada.

22/03/2018 15:15

A mulher da vereadora assassinada Marielle Franco, Monica Benício, e a irmã dela, Anielle Silva, participaram nesta quinta-feira (22) de uma sessão solene realizada no plenário da Câmara dos Deputados, em Brasília.

A sessão foi convocada em homenagem ao Dia Internacional do Direito à Verdade sobre Graves Violações aos Direitos Humanos e da Dignidade das Vítimas, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) e que é celebrado no dia 24 de março.

Marielle e o motorista dela, Anderson Gomes, foram mortos a tiros na noite de quarta-feira da semana passada no Rio de Janeiro. Os culpados ainda não foram identificados.

Anielle Silva (de pé), irmã de Marielle Franco, ao lado de Monica Tereza Benício (sentada), mulher de Marielle Franco (Foto: Fernanda Calgaro/ G1)

Primeira a discursar na tribuna, a deputada Luiza Erundina (PSOL-SP) destacou a importância da data para resgatar a verdade histórica sobre acontecimentos durante o regime militar no Brasil, por exemplo, e homenagear a memória das vítimas. "São 434 mil desaparecidos políticos", disse Erundina.

Segundo a deputada, a comemoração da data se reveste de um significado maior em razão da atual conjuntura brasileira, marcada pela morte de Marielle.

O deputado Wadih Damous (PT-RJ), que presidiu a Comissão da Verdade do Rio, também cobrou esclarecimento sobre os desaparecidos políticos durante a ditadura.

"Enquanto não tivermos a resposta sobre o paradeiro dos nossos desaparecidos, não teremos uma democracia plena. (...) É uma espinha na garganta da democracia brasileira", afirmou Damous.

Líder do PSOL na Câmara, o deputado Ivan Valente (SP) também pediu a elucidação das mortes políticas recentes, como a da Marielle. "Nós queremos saber a verdade", disse.

Faixas foram estendidas no plenário. Uma delas questionava: "Quem matou Marielle e Anderson?"

Pouco antes do início da sessão, parlamentares do PT e do PCdoB colaram uma foto de Marielle em uma exposição da Câmara em homenagem às mulheres no mês de março.

Faixas estendidas no plenário da Câmara durante homenagem à vereadora Marielle Franco (Foto: Fernanda Calgaro/G1)

Discursos da mulher e da irmã de Marielle

Em um discurso da tribuna da Câmara, a mulher de Marielle cobrou das autoridades brasileiras uma resposta sobre o o assassinato da vereadora.

“As autoridades brasileiras competentes não devem só a mim a satisfação do que aconteceu com a minha mulher, porque isso não vai trazê-la de volta, mas devem ao mundo o respeito e a satisfação do que aconteceu nesse crime bárbaro”, afirmou.

Monica disse ainda que a voz de Marielle não será calada. “Nós ainda assim seguiremos a luta dela juntos porque as nossas famílias existem e a luta não terminou com a morte dela, com a ausência física dela”, afirmou.

Em uma fala emocionada, Monica disse ainda que a vereadora virou um “símbolo de esperança”. “A Marielle se transformou numa coisa muito maior. Ela se transformou num símbolo de esperança e é por isso que a gente vai lutar e seguir lutando, porque Marielle é resistência, Marielle é força, Marielle é potência, e o mundo agora está vendo isso”, declarou.

Mulher de Marielle fez discurso no plenário da Câmara

A irmã de Marielle discursou em seguida e disse que ninguém esperava a repercussão que a morte da vereadora teve, nem que cometeu o crime.

“A gente espera e urge por justiça. Eu acredito que ninguém, ninguém mesmo, esperava essa repercussão toda, nem quem fez esperava”, afirmou.

A irmã de Marielle relatou a dor sofrida pelo impacto da morte da vereadora. (Foto: Reprodução)

Ela relatou a dor sofrida pelo impacto da morte e afirmou que as manifestações de carinho são o que têm confortado a família.

“A gente tem recebido muitas manifestações de carinho e é isso o que está acalentando um pouco a minha mãe”, disse.

Após a sessão solene, Anielle deu um pronunciamento à imprensa em que cobrou também uma resposta para o caso. "Que as autoridades competentes consigam descobrir o por quê disso. Por que calarem ela? Por quê? Quantos mais precisaram morrer para que essa guerra toda acabe?", disse.

Fonte: G1
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