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Municípios do PI não promovem nenhuma ação preventiva contra seca

De acordo com levantamento, entre os anos de 2005 e 2014 não foi destinado ao Piauí nenhum recurso a ser usado em ações preventivas

21/09/2015 06:47

Levantamento da Confederação Nacional dos Municípios revelou que o Piauí foi uma das 12 unidades da Federação do Brasil que não recebeu recursos para aplicação em ações de prevenção à seca entre 2005 e 2014. Enquanto a Defesa Civil nacional repassou R$ 147 milhões em ações de prevenção e preparação para desastres, o Piauí e mais 11 estados só receberam recursos de respostas aos desastres e gestão de riscos, ou seja, dinheiro repassado apenas após a tragédia acontecer. No Nordeste, somente quatro estados receberam recursos de prevenção a desastres: Bahia (R$ 85 milhões), Paraíba (R$ 500 mil), Pernambuco (R$ 25,5 milhões) e Rio Grande do Norte (R$ 800 milhões). 

Nas outras regiões, os que mais receberam, no mesmo período, foram São Paulo (R$ 10 milhões), Mato Grosso (R$ 7,4 milhões) e Mato Grosso do Sul (R$ 6 milhões). 

Segundo o relatório da CNM, com a intervenção humana somada às mudanças climáticas, os desastres naturais vêm aumentando significativamente no Brasil. “Com a falta de incentivos por parte da União e dos estados em auxiliar os municípios nas ações de prevenção aumenta a vulnerabilidade da população que mora em áreas de risco de inundações, deslizamentos de terra e quando ocorrem grandes precipitações pluviométricas, causando muitos danos materiais, ambientais e humanos”, diz o relatório. 

A CNM diz que a seca está mais severa e duradoura causando o colapso no abastecimento de água potável, além de gerar grandes prejuízos econômicos e financeiros no agronegócio e na pecuária. 

De acordo com a entidade, nos últimos 10 anos, os desastres naturais geraram 20.347 decretações de anormalidade. Os decretos decorrentes da seca corresponderam a 68,7%, transformando a seca e a estiagem em grandes vilãs decorrentes das variáveis climáticas. Em segundo lugar vêm os desastres decorrentes das chuvas: foram 6.111 decretos que correspondem a 30% das decretações. Apenas 1,2% que somados são 257 decretos foram motivados por erosões, incêndios em edificações e em florestas, abalos sísmicos, doenças infecto contagiosas, etc. No Brasil, os desastres mais frequentes são exatamente os relacionados por excesso de chuvas ou justamente o contrário, ou seja, pela falta de chuvas. 

APPM alerta que se nada for feito haverá colapso no abastecimento até o final do ano 

 O presidente da Associação Piauiense de Municípios (APPM), Arinaldo Leal, alerta que se nada for feito, o abastecimento de água vai entrar em colapso na maioria dos municípios piauienses até o final do ano. Ele diz que os mananciais estão secando sem que as autoridades tomem providências. 

Arinaldo reconhece que nos últimos anos tem havido pouco ou quase nenhum investimento em prevenção de transtornos para a população nos municípios do semiárido. “Foram construídas algumas cisternas e poços foram perfurados, mas isso tem sido insuficiente para suprir as necessidades do povo. As cisternas, por exemplo, só conseguem durar até uns três meses”, explica o prefeito. 

Foto: Elias Fontenele/ ODIA

Arinaldo informa que em vários estados do Nordeste já há investimentos em adutoras de engate rápido, que são alcançam de 30 a 40 quilômetros em apenas 1 mês. “Elas servem para transportar a água de um lugar para outro. Em municípios do Ceará, Paraíba, Pernambuco e Bahia já existem muitos quilômetros, enquanto no Piauí não tem um metro dessa adutora, que é uma tecnologia nova”, lembra o presidente. 

No dia 27 de agosto, mais de 150 prefeitos piauienses realizaram um protesto em Teresina em busca de mais recursos federais para os municípios e também atenção maior para a seca que tem afetado a economia e causando risco ao abastecimento da população. Eles foram para a Assembleia Legislativa, fizeram uma caminhada pela Avenida Frei Serafim e foram até o Palácio de Karnak, onde foram recebidos pelo governador Wellington Dias (PT). 

“Estou tentando agendar uma audiência com Wellington para saber que providências o Governo está tomando, pois a situação das cidades é muito grave”, conclui Arinaldo. 

 Desastres naturais custaram R$ 6 bi em 10 anos 

 Segundo a CNM, nos últimos 10 anos, os desastres naturais custaram ao Brasil mais de R$ 6 bilhões. Desse valor, 98% foram gastos em ações emergenciais de resposta e de reconstrução de cenários afetados, ou seja, R$ 5,9 bilhões. A CNM conclui que isso mostra a total deficiência da União em criar políticas públicas de prevenção e de monitoramento de desastres. 

De acordo com os programas utilizados, a região Centro-oeste foi a com maior gasto em ações de defesa civil, com 31,66%. Em segundo lugar vem a região Nordeste com 30% dos gastos, isso se deve pelas ações emergências de combate à seca. 

A região Sudeste vem em terceiro lugar com 17,11% dos gastos, em razão do excesso de chuvas. A região Sul, por ser nacionalmente conhecida por problemas causados por chuvas, vem com 14,61% dos gastos realizados.


A reportagem completa você acompanha na edição impressa do Jornal O Dia de hoje (21).

Por: Robert Pedrosa- Jornal O Dia
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