Os atos que ocorreram na manhã deste domingo, 12, em defesa do impeachment do presidente Jair Bolsonaro,
foram marcados por baixa adesão do público. Organizados pelos grupos de
centro-direita Movimento Brasil Livre (MBL), Vem Pra Rua (VPR) e
Livres, os protestos foram realizados em cinco capitais brasileiras, sem
atrair grandes setores da esquerda. À tarde, estão previstas
manifestações em outras dez capitais. No Piauí não há previsão até o momento de nenhuma mobilização.
Belo Horizonte e Rio reuniram os maiores contingentes até agora. Na
capital fluminense, o grupo começou a se concentrar em Copacabana às
10h. No carro do VPR, um cartaz mostrava o presidente Jair Bolsonaro
e o ex-presidente Lula (PT) atrás das grades, rompendo a trégua
declarada para atrair representantes da esquerda. Organizadores haviam
deixado de lado o mote "Nem Bolsonaro, nem Lula" e decidido focar somente no impeachment do presidente da República.
O PDT declarou apoio ao ato, mas o movimento não teve adesão formal de
outras das principais siglas de esquerda, como PT e PSOL. Tampouco essa
trégua parece ter sido assumida por parte dos ativistas presentes nos
atos, como ficou claro em Copacabana
Os poucos manifestantes de partidos de esquerda presentes na manifestação contra o presidente Bolsonaro
no Rio se colocaram ao lado do carro do MBL. Bandeiras do movimento da
centro-direita e dos partidos foram balançadas lado a lado na orla. Mais
perto do carro do VPR, uma faixa grande reforçava a rejeição ao
presidente e ao petista.
Candidato à Presidência pelo Novo em 2018, o empresário João Amoêdo
esteve no ato do Rio. Questionado pelo Estadão sobre o embate entre os
dois carros de som, que vinham defendendo causas diferentes, ele se
colocou ao lado do MBL, que "esqueceu" Lula e se concentrou na bandeira
do impeachment.
"A pauta dos brasileiros não é eleição, ‘terceira via’, nada disso",
disse. "A gente tem de entender que qualquer construção de um Brasil
melhor passa pela saída do Bolsonaro. Se a gente não tiver prioridade total nisso, vai ter ainda mais dificuldade nessa tarefa, que já não é fácil."
'Nosso movimento é de direita'
Em Belo Horizonte, o ato na Praça da Liberdade ganhou força por volta
das 11h. Imagens compartilhadas pelo MBL nas redes sociais mostram o
público vestido majoritariamente de branco, como pedido pelos
organizadores, no intuito de evitar a contraposição entre o vermelho
associado à esquerda e o verde e amarelo das manifestações
bolsonaristas.
"Não estou nem aí para a participação da esquerda. O nosso movimento é
de direita", afirmou o piloto de avião Cláudio Costa Pereira, um dos
coordenadores do ato na capital mineira. O estudante de direito César
Peret, também parte da coordenação, disse que a participação dos
movimentos e partidos de esquerda ficou "no ar", mas os grupos não
apareceram.
O PDT, a Rede e o movimento Acredito optaram por apoiar o protesto na
capital mineira, mas somente representantes do primeiro apareceram no
evento. Por volta de 10h40, um grupo de cerca de 20 pessoas do PDT
chegou ao ato, portando bandeiras da legenda e cartazes do ex-ministro
Ciro Gomes, pré-candidato do partido à Presidência que também deve
participar do ato na Avenida Paulista, em São Paulo.
Em Salvador, partidários do PDT, Novo e do Livres se uniram no protesto contra o presidente Jair Bolsonaro no Farol da Barra. Fora do foco planejado para as manifestações pelo Brasil, apenas algumas dezenas de pessoas compareceram.
Alguns transeuntes passaram pelo ponto turístico gritando "fora, Bolsonaro".
Apesar do esforço pela união suprapartidária, no microfone aberto,
quando militantes do Novo falavam, pedetistas saíam, e vice-versa.
FOTO: PAULO MARCIO/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Em São Luís, manifestantes se reuniram na Praça do Pescador a partir das 9h para pedir o impeachment do presidente Bolsonaro. Com faixas e cartazes "Fora, Bolsonaro",
o movimento uniu o MBL a representantes do Novo, PDT, Cidadania e Rede,
além de integrantes de igrejas evangélicas, em críticas ao presidente.
Para o presidente estadual do Novo no Maranhão, Leonardo Arruda, "Bolsonaro
é o maior estelionatário eleitoral do século 21": "Ele enganou todos os
seus eleitores e grande parcela da população. Crime de responsabilidade
fiscal é carta marcada de seu governo. O impeachment é a saída".
Na capital do Espírito Santo, a manifestação começou às 9h30, na Praça
do Papa. Após a concentração, os manifestantes saíram em carreata pela
Terceira Ponte até chegar à Prainha, em Vila Velha Segundo a PM, cerca
de 80 veículos participaram do ato, que foi encerrado sem ocorrências.
Diferentemente do que foi decidido em alguns Estados, no Espírito Santo a manifestação manteve o lema "nem Lula, nem Bolsonaro".
Por isso, partidos como o PT e o PSOL não aderiram aos atos. O PSB e o
PDT convocaram a militância para os protestos, mas não houve grande
adesão.
"Querem dizer que só existe Lula e Bolsonaro,
mas não é verdade. Temos tempo hábil de buscar um outro nome que
respeite a democracia, que respeite as instituições e que,
fundamentalmente, tenha condições de fazer a gestão do Brasil", afirmou
Gustavo Peixoto, um dos líderes do movimento Vem Pra Rua ES.
Pró-Bolsonaro
Também para esta manhã de domingo estava marcada uma manifestação
pró-governo na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. O ato, marcado
para começar às 9h, teve a adesão de poucos manifestantes. Para garantir
a segurança, diversas vias próximas ao local foram bloqueadas pela
Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF), que
esperava movimentação até às 14h de apoiadores do presidente Bolsonaro.