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Wellington diz apoiar negociação com caminhoneiros mas não abre mão da Cide

Governador do Piauí disse que Governo Federal deve usar apenas sua parte nas receitas geradas pela contribuição para subsidiar os combustíveis.

25/05/2018 14:24

O governador Wellington Dias (PT) afirmou nesta sexta-feira (25) que apoia a tentativa do Governo Federal de buscar um entendimento com os caminhoneiros, para que seja encerrada a greve da categoria, que se estende por todo o país.

Porém, o petista destaca que o Governo do Piauí não está disposto a abrir mão de sua parte nas receitas obtidas através da cobrança da Cide, a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico.


O governador Wellington Dias afirma que receitas geradas pela Cide são essenciais para o estado garantir a manutenção das suas rodovias (Foto: Assis Fernandes / O DIA)


Wellington reafirmou estar determinado a ajuizar uma ação no Supremo Tribunal Federal para garantir o repasse.

"Na prática, eu e todos os governadores apoiamos a iniciativa do Governo para apresentar uma proposta, como foi apresentada ontem [quinta], voltada para o fim da greve dos caminhoneiros. Nós temos prejuízos no Piauí. Prejuízos no abastecimento, no transporte de cargas, naquilo que vendemos e naquilo que compramos, e isso chegou agora a um limite em que, certamente, se não for dada uma solução, podemos ter uma situação de caos. Há a necessidade de participação de todos", afirma Wellington Dias.

No entanto, o governador voltou a alertar para o risco de se usar todas as receitas geradas pela Cide para subsidiar os combustíveis, o que, segundo o petista, provocaria um forte impacto negativo sobre os estados e municípios, sobretudo nos investimentos destinados à recuperação e construção de rodovias.

Wellington afirma que a União pode subsidiar os combustíveis usando apenas sua própria parte no montante arrecadado com a Cide, sem a necessidade de reter também a parcela reservada aos estados e municípios.

"Se vão ser arrecadados, este ano, R$ 8,3 bilhões de reais pela Cide, nós defendemos que R$ 2,3 bilhões sejam mantidos para a área de manutenção da nossa malha rodoviária, inclusive com obras já em andamento aqui no Piauí. Ora, o Governo anunciou ontem que, pelo acordo apresentado, precisa de aproximadamente R$ 5 bilhões para o ano de 2018. E a parte da Cide que fica com a União, que equivale a 75% da receita, será de mais ou menos R$ 6 bilhões. Então, se precisa de cinco e tem seis bilhões, por que mexer nessa outra parte que é para manutenção das rodovias?", questiona Wellington, ressaltando que a conservação das estradas também tem fundamental importância para que se consiga controlar o preço do frete. "Se tiver rodovias esburacadas, nós vamos ter uma alteração no valor do frete", adverte.

Carta dos governadores a Temer

O governador lembrou que, há uma semana, ele e outros governadores (do Nordeste e de Minas Gerais) assinaram uma carta, direcionada ao presidente Michel Temer (MDB), na qual apresentam uma série de queixas e reivindicações.

O documento afirma, por exemplo, que o Governo Temer está priorizando o interesse empresarial sobre o social ao adotar a política de "flutuação do preço do gás de cozinha, que - ao acompanhar os preços dos ditos mercados internacionais, com incremento significativo do custo final para o consumidor - traz como consequência dramática o aumento exponencial do número de vítimas de queimaduras, vez que as famílias pobres passam a adotar o álcool ou lenha como combustível para o simples ato de cozinhar, 

"Nós já encaminhamos ao presidente da República uma carta onde alertamos a necessidade de encontrarmos uma solução para explosão de preços tanto dos combustíveis como do gás [de cozinha]. E, a partir daí, a meta era abrir o debate. Outra preocupação também é com o crescimento do desemprego e do emprego informal. Se a gente soma esses dois, nós já temos 27 milhões de brasileiros, e há a necessidade de uma forte intervenção", conclui Wellington.

Por: Cícero Portela
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