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WhatsApp vira canal de exaltação a Bolsonaro e de caça às bruxas

Deputada estadual Ana Caroline Campagnolo (PSL-SC) pediu em suas redes sociais que estudantes denunciassem professores que fizessem "queixas político-partidárias em virtude da vitória do presidente [Jair] Bolsonaro".

06/11/2018 10:44

Elas não morreram. As correntes de WhatsApp continuam circulando com desinformação, e vão de incentivo a perseguição a professores até alertas sobre uma suposta dominação comunista.

Após a vitória de Jair Bolsonaro (PSL), a deputada estadual Ana Caroline Campagnolo (PSL-SC) pediu em suas redes sociais que estudantes denunciassem professores que fizessem "queixas político-partidárias em virtude da vitória do presidente [Jair] Bolsonaro".


Ana Caroline Campagnolo sugeriu que alunos filmem professores em sala de aula (Foto: Divulgação)


No dia seguinte, Campagnolo, que é professora de história, postou em suas redes sociais uma foto com aluno em sala de aula vestindo uma camisa com o presidente eleito e as cores da bandeira nacional.

A atitude da deputada se espalhou pelo Brasil, surgindo o mesmo tipo de campanha para dedurar professores em Recife e Juiz de Fora.

A situação em faculdades públicas também virou alvo de preocupação das correntes. Um vídeo-manifesto de 13 minutos alerta para uma suposta situação em que drogas "são vendidas por funcionários narcotraficantes" para alunos, que são obrigados a participarem de festas e a usarem drogas, se não são taxados de "fascistas, canalhas e safados". O manifesto ainda diz que nestas faculdades, se você não vota no PT seria espancado.

O vídeo-manifesto também existe em formato de texto. O autor, que diz que não pode se identificar, questiona: "você já percebeu que quem mais fala da ditadura é a esquerda?". "E os professores [...] falam do Karl Marx como se ele fosse o Batman. O socialismo é ótimo, não para eles, com carrões, apartamento em área nobre e filhos estudando no repressor Estados Unidos". Por fim, afirma que é necessário "fazer com essa repressão e doutrinação acabe".

Outros conteúdos que se tornaram constantes no aplicativo de conversa são comparações entre as posturas de Jair Bolsonaro e petistas. O presidente eleito tem sido retratado no WhatsApp como uma pessoa humilde, que corta o cabelo em lugares simples, enquanto Dilma Rousseff e Fernando Haddad gastavam fortunas para mudar o visual.

"Saímos da era do Celso Kamura custando R$ 5.000 o corte (pagos com o nosso dinheiro) para o barbeiro na garagem de casa a 30 pilas com direito a chinelão e capinha padronizada", diz uma corrente compartilhada no aplicativo.

Correntes sobre uma suposta dominação comunista também são repassados pelos usuários. Vídeos antigos de Luciano Hang, dono da Havan que está entre as empresas que impulsionaram disparos contra o PT no WhatsApp, pregam o fim da dominação cultural marxista que, segundo o empresário, é "ideologicamente perversa e que pode transformar o Brasil em uma Venezuela".

Xuxa é atacada em grupos de simpatizantes de Bolsonaro

Após ter criticado Jair Bolsonaro durante a campanha eleitoral, a apresentadora Xuxa Meneghel, da Rede Record, passou a ser atacada de forma ostensiva em milhares de grupos de apoiadores do presidente eleito.

Há semanas os seguidores de Bolsonaro vêm compartilhando uma cena do filme "Amor Estranho Amor", na qual a apresentadora aparece beijando e abraçando um menino menor de idade.

O filme foi lançado em 1982, e as gravações ocorreram quando Xuxa tinha cerca de 18 anos, enquanto o menino com quem ela aparece em cenas quentes tinha apenas 12 anos.

O elenco, além de Xuxa, também teve como protagonistas Marcelo Ribeiro (que interpreta a criança), Xuxa Meneghel, Tarcísio Meira e Vera Fischer.

No ano passado, numa transmissão ao vivo por uma rede social, a apresentadora desabafou sobre os ataques que sofre por conta da sua participação no filme "Amor Estranho Amor".

Xuxa fez o desabafo quando defendia a lei nº 13.010/2014, conhecida como ‘Lei Menino Bernardo’, que estabeleceu o direito da criança e do adolescente de serem educados e cuidados sem o uso de castigos físicos ou de tratamento cruel ou degradante.

“Não gosta de mim, não tem problema. Ótimo, não quero que gostem de mim. Querem me chamar de garota de programa, querem me chamar de pedófila porque fiz um filme quando tinha 18 anos, chamem. Aliás, eu gostaria que todo mundo visse o filme, por favor. É muito bom. Querem me chamar de prostituta, chamem, mas existe uma lei chamada Menino Bernardo, que vocês vão ter de aceitar. E essa lei é clara, não pode usar violência contra criança”, disparou.

Fonte: Folhapress
Por: Amanda Lemos
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