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"œSe eleita, vamos revogar as leis que tiram direitos"

Em entrevista, a pré-candidato a presidente da República pelo PSTU, Vera Lúcia, falou sobre as propostas do partido para o Brasil e falou em "rebelião dos trabalhadores".

09/07/2018 06:44

O DIA conversou a pré-candidata a presidente da República pelo PSTU, Vera Lúcia, que cumpriu agenda em Teresina e falou sobre as propostas do partido para o Brasil. Vera Lúcia afirmou que é preciso uma rebelião dos trabalhadores contra o sistema atual, que, segundo ela, só beneficia grandes empresários do agronegócio, banqueiros e multinacionais. A socialista também falou sobre as dificuldades da sigla. Por fim, ela também afirmou que Lula colhe o que plantou e sua liberdade não é bandeira dos trabalhadores.

Caso o PSTU alcance o governo, como o partido pensa nos desafios e quais as prioridades a sigla defende para alcançar o desenvolvimento?

Nós apresentamos ao povo pobre um chamado a rebelião através de um manifesto sobre a classe trabalhadora. A primeira coisa é não pagar a dívida pública. Dizem que não pagar isso é calote, mas calote é o que a classe trabalhadora recebe. Essa dívida já está paga há muito tempo. Além disso, defendemos a não remessa de lucro das multinacionais. Essas empresas vêm atrás de lucro e mandam remessas de lucros para seus países de origem, sem pagar imposto.

Como é que se coloca em prática medidas que certamente não tem compreensão de grande parcela da população, e como se preparar para uma reação de setores que se oponham a estas propostas?

Reações sempre têm, mas é preciso compreender que precisamos resolver os problemas que a classe trabalhadora enfrenta. Fácil não será, mas não é fácil viver desempregado, passando fome. Não é fácil ver a necessidade chegar batendo na porta e não ter condições de resolver. Não é fácil não ter teto, ver parentes morrendo a mingua em hospitais públicos.


Vera Lúcia afirma que a atual situação trabalhista no país é um "ataque ao povo para manter bilionários" (Foto: Jailson Soares/O Dia)

Esse modelo político de economia do PSTU se contrapõe a setores importantes para a economia do país hoje. Como o partido pensa em governar sem ter e dar a poio a estes setores?

Não vamos ter apoio dos empresários, mas vamos ter apoio dos índios, dos trabalhadores, dos quilombolas, dos posseiros, da população da floresta. Não vai ter mais agronegócio porque a terra vai ficar sobre o controle dos trabalhadores e os pequenos agricultores. Para isso, vamos nacionalizar os bancos para que os pequenos produtores tenha subsídio barato. Além disso, precisamos reduzir a jornada de trabalho, sem reduzir salário, para ter vagas no plano de obras.

Como o PSTU analisa a situação trabalhista hoje e como o partido pensa em apresentar mudanças neste quadro?

Sendo eleita, no primeiro dia temos que revogar todas as leis que tiram direito dos trabalhadores, como a reforma trabalhista, lei da terceirização, as mudanças na Previdência, e enterrar a proposta de reforma que está em curso. Temos que revogar a PEC dos gastos públicos. É inadmissível tanto ataque ao povo para manter um punhado de bilionários que fica cada vez mais ricos. Tudo isso em nome da amargura, da fome e do desespero daqueles que trabalham e de outros que não tem onde trabalharem.

No mundo todo observamos um crescimento de uma onda de direita. Como é defender ideais de esquerda neste cenário?

O que existe é uma polarização da luta de classes e setores da ultradireita, que se apresentam colocando como saídas imediatas e fáceis, e as pessoas no desespero buscam encontrar uma saída aí. E do ponto de vista da esquerda, todos eles estão muito mais preocupados em resolverem os problemas do Lula, que está preso. Além disso, apresentam ideias extremas e violência. Defendemos a autodefesa da população com a polícia unificada. E os setores da ultradireita se aproveitam desse momento para dizer que vai salvar o nosso povo.

A senhora comentou que os partidos de esquerda estão voltados para defender o Lula. O PSTU é a única sigla de esquerda não atua neste sentido, por quê?

Essa não é uma luta dos trabalhadores, a sua preocupação é o desemprego, é botar comida na mesa, comprar o gás, pagar aluguel, agua, luz, essas são as preocupações que estão na cabeça dos mais pobres. Essa luta do Lula não está entre as bandeiras da classe pobre. Lula está colhendo o que plantou e ele está muito bem servido der defesa.

Diante do quadro de militantes que o PSTU possui, e da legislação eleitoral, como o partido enfrenta as dificuldades para continuar fazendo sua propaganda política?

O PSTU não sobrevive de fundo partidário, ele é bancado por sua militância. O nosso programa, do nosso partido, não é um programa eleitoral, é uma saída para resolver os problemas da nossa classe. É claro que no momento eleitoral temos muitas dificuldades e luta desigual, porque nesse processo calam nossa voz e ainda vem falar de democracia. Os trabalhadores ficam impedidos de apresentar soluções. A população tem que escolher entre os mesmos que se revezam no poder desde sempre.

Por: João Magalhães - Jornal O Dia
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