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Há 13 anos em estado vegetativo, mãe acredita em melhora de filho

As discussões a respeito da continuação da vida de pessoas em estado de total dependência já dividiram opiniões no mundo todo.

21/06/2015 08:44

Dia das Mães, em 2003, quando dona Tânia Maria Oliveira escutou a voz do filho pela última vez. O acidente doméstico que viria a transformar a vida da família por completo, após um choque em um ferro elétrico, deixou o filho da dona de casa, Tiego Ferreira, hoje, com 27 anos, em estado vegetativo. As discussões a respeito da continuação da vida de pessoas em estado de total dependência já dividiram opiniões no mundo todo. Ações médicas como a eutanasia, ortotanasia e distanasia, seguem sendo interpretadas e aceitas de maneiras diferentes no mundo.
Para Tânia Maria, cuidar do filho é uma missão que não abriria mão por nada no mundo, mesmo com a atual dependência. “Eu sei que ele é dependente, mas cuido dele com todo o amor que eu tenho na minha vida. Ele dificilmente adoece, não tem feridas na pele. Ele é meu filho, eu o amo. Aprendemos a conviver com tudo, o tempo é o melhor remédio”, afirma a mãe.
Foto: Jailson Soares/ODIA

A atual condição de saúde de Tiego se deu após três paradas cardiorrespiratórias, após o rapaz usar um ferro elétrico com o corpo molhado. Na época, o jovem ficou internado na Unidade de Terapia Intensiva por 19 dias, mas os dados, segundo os médicos, já eram irreversíveis. Tiego vive em estado vegetativo, apenas mantendo reflexos primários, mas só se alimenta e faz as necessidades básicas através de sondas ligadas ao corpo.
O estado vegetativo persistente, em geral, é quando apenas a parte “automática” de funcionamento do cérebro se mantém em atuação. O indivíduo mantém reações básicas como reflexos, sucção, ou reação de acompanhamento com olhar. As funções voluntárias são totalmente perdidas.
“Eu tive que ver meu filho virar homem em cima de uma cama. Ele só tinha 15 anos, estava prestes a fazer 16, quando tudo aconteceu. Só Deus para dar forças, porque ainda tenho fé na melhora dele”, reforça emocionada, Tânia.
Mãe e filho fizeram acompanhamento, durante seis anos, mensalmente, no Centro de Reabilitação Sarah Kubitschek, em São Luis, no Maranhão. Enquanto Tânia aprendia como cuidar do filho, Tiego conseguiu alcançar pequenas evoluções, já que no início, até o simples ato de fechar o olho era difícil.
É acompanhando as menores evoluções, que a mãe busca se fortalecer. “Eu aprendi como cuidar dele. Hoje, me sinto preparada para tudo na vida. Mas vi uma notícia há um tempo de um homem, que depois de 20 anos em estado vegetativo chamou pela mãe dele, a única pessoa que continuou do seu lado. Eu tenho fé que um dia vai ser o Tiego. Nesse dia, eu não sei o que vou fazer”. Como não depende de aparelhos, Tiego não mais precisa frequentar médicos com assiduidade. Sua situação segue estável. Todos os dias, a luta tanto do filho quanto da mãe, é pela vida.
Casos no mundo
O francês Vincent Lambert, que em 2008 teve lesão cerebral irreversível, foi um dos casos que reacendeu, recentemente, o debate sobre a eutanásia no mundo. A eutanásia é a conduta médica pela qual se aplica um procedimento clínico para a morte rápida e sem dor de um paciente em estado terminal, ou portador de enfermidade incurável que esteja em sofrimento constante. Sobrevivendo por aparelhos, Vicent, segundo a esposa, já havia exposto o desejo de não continuar a viver caso o seu estado causasse total dependência. A esposa lutava na Justiça para ser autorizado o procedimento. Na início de junho, a Corte Europeia de Direitos Humanos (CEDH), em Estrasburgo, decidiu aceitar o pedido da esposa de praticar a eutanásia no paciente.
A americana Brittany Maynard também sensibilizou o mundo quando, em 2014, optou por realizar suicídio assistido. Ao se descobrir com a doença terminal, a californiana decidiu se mudar de São Francisco para o Oregon, porque esse estado norte-americano permite o suicídio assistido para pacientes terminais. Brittany faleceu em novembro de 2014.
Por: Glenda Uchôa / Jornal O Dia
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