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Na luta contra o câncer, "œa corrida é como se fosse o lado bom de tudo"

Após ser diagnosticada com câncer, Jeane Alves conta como a modalidade esportiva entrou na sua vida.

22/10/2018 08:36

Falar de câncer de mama ainda é um assunto delicado, principalmente para quem viveu ou está vivenciando a doença. As mulheres que precisam fazer a mastectomia (retirada da mama) sentem diretamente os efeitos no dia a dia e autoestima. Mas, quem disse que a vida precisa parar por aí? Com esforço e dedicação é possível mudar e escrever uma nova história. E o esporte pode ser uma das saídas. 

Há três anos, a assistente social e analista administrativa Jeane Alves (51) iniciou na corrida. Tudo começou dois anos depois dela descobrir que estava com câncer de mama. Após recomendação médica, ela buscou conhecer alguns esportes, mas foi na corrida que se encontrou, onde permanece até hoje e integra um grupo de corredores. 

“Quando eu descobri o câncer, a primeira coisa que me veio em mente foi tentar resgatar e criar alguns hábitos saudáveis que eu não tinha, como alimentares e o exercício físico. Eu me vi, praticamente, com o sentimento de obrigação em buscar uma atividade. Eu procurei a melhor atividade e encontrei a corrida. Sempre fui sedentária, mas conhecia pessoa que praticavam corrida e, foi através das amizades, que eu comecei a me inspirar, fui tentando e deu certo”, conta Jeane Alves. 

A assistente social explica que tudo é acompanhado por especialista, como educador físico, ortopedista, mastologista, oncologista e até nutricionista. Para ela, mais do que um simples esporte, a corrida tem um significado especial, não somente por lhe proporcionar uma recuperação mais rápida, mas por amenizar os efeitos colaterais do tratamento, que acabam sendo desgastantes. 


A assistente social encontrou prazer através da corrida. (Foto: Studio K Fotografia)
 

“A corrida é como se fosse o lado bom de tudo, porque realmente quando seu corpo acostuma, você passa a ter uma sensação de bem-estar que não consegue nem descrever e só quem corre sabe. Passamos a ter um olhar diferente para as coisas e temos mais disposição e motivação para o dia a dia. E a corrida foi o que de mais importante me aconteceu quando eu precisei fazer a hormonioterapia, que me dava muita indisposição”, disse. 

Dentre os efeitos colaterais causados pelo tratamento que fez com hormonioterapia, Jeane Alves destaca a retenção de líquidos, vontade de ficar parada, fraqueza e dores nas articulações. Com o início a corrida, ela pontua que praticamente não sente mais os sintomas que as pessoas costumam sentir, e destaca que sente os sintomas mais intensos quando deixa de praticar atividade física.

Os benefícios da corrida para prevenção e tratamento

A prática de exercícios é fundamental para uma vida saudável e, cada vez mais pesquisas mostram uma ligação direta com a prevenção e o tratamento do câncer. A educadora física da Fundação Maria Carvalho Santos, Adriana Napoleão, pontua que o exercício físico está incluído como a tríade do sucesso para o tratamento do câncer: 1° Diagnóstico precoce do câncer; 2° Tratamento específico para o tipo de câncer do indivíduo; 3° Prevenção. 

“E é ainda que entra o exercício físico, tanto na prevenção como no tratamento. A atividade e física é como um tratamento, só que não medicamentoso, diferente da quimioterapia, radioterapia, hormonioterapia. As pesquisas têm mostrado que existe uma melhora da fadiga crônica (um dos sintomas do tratamento do câncer) e isso persiste mesmo que a pessoa descanse. O exercício físico dá esse status geral de melhora para o indivíduo, não só físico, mas emocional”, pontua a educadora física. 

A especialista alerta que o exercício físico, hoje, é uma estratégia muito importante para dar uma qualidade de vida melhor para o paciente. Com o Outubro Rosa, Adriana Napoleão chama atenção ainda, não somente das pessoas que estão em tratamento contra o câncer, mas para que todos pratiquem atividade física como forma de prevenção, e enfatiza que tudo deve ser acompanhado por profissionais da saúde, sobretudo os pacientes que passaram por procedimentos cirúrgicos. 

“A corrida é um exercício aeróbico e é muito indicado para quem está em tratamento, mas precisa ser prescrito, avaliando a condição de cada pessoa. Tem que se fazer uma avalição precisa do oncologista, avaliação física e funcional para ver o estado geral e prescrever a intensidade do treino dentro da capacidade. Assim, conseguimos uma melhora da autoestima, controle emocional e do corpo, trabalhamos a respiração profunda, que ajuda na drenagem e a eliminar os edemas, principalmente para quem fez mastectomia. Existem inúmeros benefícios para quem está em tratamento ou quem já finalizou, mas diminui o aparecimento de um novo câncer”, destaca. 

Adriana Napoleão orienta apenas para a intensidade da prática da atividade física que deve ser de leve a moderada e deve ser feito de maneira individualizada. Com os efeitos positivos, muitas pacientes acabam incorporante a corrida como uma atividade física diária. Todavia, a educadora física enfatiza que é necessário investir em mudanças de hábitos. 

O câncer pode ser por causas internas e externa, sendo este classificado como os hábitos de estilo de vida e que podem ser modificados, como alimentação e sedentarismo, além de diversos fatores que podem influenciar o aparecimento de um tipo de câncer. O exercício físico entra como uma forma de evitar e a corrida é excelente. Várias pacientes já incorporaram a corrida no seu hábito de vida. 

E os resultados podem ser sentidos em pouco tempo. “É impressionante como elas tem uma capacidade de identificar a mudança na vida delas, são conquistas diárias que elas vão relatando, são paciente que nem conseguimos medir e avaliar, mas percebemos pelo retorno que dão, que estão dormindo melhor, alimentado e respirando melhor, mais disposição, bom humor. Que a gente fica pensando “meu deu, como que o exercício físico ainda não foi introduzido antes na vida dessas pessoas”, finaliza.

Por: Isabela Lopes
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