Algumas vezes elas estão bem perto de nós e nem percebemos. São plantas, raízes, folhas, flores e frutos que normalmente desprezamos, mas que podem ser incluídas no nosso cardápio diário e ainda oferecem uma quantidade de nutrientes maior até do que os alimentos convencionais. Essas são as PANCs (Plantas Alimentícias Não Convencionais) e que podem ser encontradas em calçadas, quintais, em cima do muro e em tantos outros lugares.Essas hortaliças alimentícias não convencionais são reconhecidas pelo Ministério do Meio Ambiente e pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), mas somente em 2008 esse termo foi implantado, ficando conhecidas como PANC. 

Segundo a bióloga e mestre em ecologia, Amanda Quina Navegante, as plantas podem ser espontâneas, ou seja, que nascem em locais comuns do dia a dia; espécies exóticas (trazidas por colonizadores); além de alimentos convencionais, mas que possuem partes desprezadas, como a bananeira, que pode ter todas suas partes consumidas e não apenas o fruto. 

“Elas têm muitas propriedade nutricionais, até maiores do que as convencionais, já que não usam agrotóxicos, fertilizantes químicos e porque não sofreram nenhuma modificação genética. As PANCs são uma revolução.No Nordeste, onde há uma subnutrição, algumas plantas são utilizadas, como as palmas, porém, ainda há muito preconceito e elas acabam muitas vezes sendo usadas apenas como alimento para os animais. É importante que cada um seja um disseminador e leve essas informações para mais pessoas”, conta. 

A bióloga explica que as pessoas em geral possuem uma alimentação muito limitada e com poucas opções de vegetais, o que não condiz com a realidade brasileira, no qual o País conta com uma grande quantidade de espécies. Amanda Quina Navegante enfatiza que é necessário ampliar o cardápio  e incluir na alimentação outras variações, sobretudo as PANCs, que podem ser incorporadas em qualquer tipo de refeição. 

“Vivemos hoje em dia em uma monotonia alimentar.Se for calcular no final do dia o que consumimos, não conseguimos fechar uma mão de espécies de vegetais. No Brasil, temos cerca de três mil espécies alimentícias, mas consumimos aproximadamente 40 espécies no nosso cotidiano. Elas vêm da produção de monocultura, como a soja, milho, arroz e trigo, e que são multiprocessadas, que tem muito sódio, açúcar e gordura trans e são muito encontradas nos supermercados. Incluindo as PANCs na alimentação normal, elas vão dar um plus na sua dieta, podendo ser incorporada no feijão, no molho, acrescentar na massa do pão, biscoito”, ressalta.

As PANCs são plantas que podem ser incluídas em uma alimentação vegana/vegetariana, mas também serve para incrementar as opções com carne, como picadinho e refogados, pois elas tendem a realçar mais o sabor. 

Orientações para o consumo

 Mas, antes de consumir as Plantas Alimentícias Não Convencionais, é preciso ter cuidado com o local que essas plantas serão recolhidas, pois elas podem estar em condições impróprias. Além disso, é preciso ficar atento às espécies e, qualquer dúvida, é importante pesquisar antes de consumir.

A professora e bióloga Shirliane de Araújo Sousa explica que devem ser evitadas plantas que estão em calçadas e nas ruas, pois estas estão expostas às poluição, tanto de veículos como de esgoto. Uma sugestão seria cultivar essas plantas em casa, como forma de garantir a procedência e qualidade. “Você não pode pegar uma planta no meio da rua porque o local pode estar contaminado, o ideal é que você pegue esta planta e cultive em casa, consumindo as gerações seguintes. Dá para fazer uma horta de PANC, como a Jasmim Manga, que é uma flor muito utilizada para ornamentação, mas ela é deliciosa e pode ser colocada em salada,em molho, drink, além de aromatizante”, cita.

Algumas plantas pouco consumidas são ricas em nutrientes e auxiliam a saúde. Foto: Poliana Oliveira/ODIA

As PANCs na cura contra o câncer

A dona de casas Elioneida Aguiar Fontinele (39) foi diagnosticada com um tipo de câncer chamado de Hemangioendotelioma epitelióide (HEE). Esse é um tumor raro, com apenas 26 casos diagnosticados no mundo. “Eu descobri por acaso. Ele tem um período de dormência e, como eu estava acima do peso o endócrino pediu para que eu fizesse um check-up e ultrassom de abdômen. Quando fiz, foi detectado umas massas diferentes e foi constatado, em março do ano passado, esse câncer, metástase, fígado e pulmões., ele é maligno”, disse.

Elioneida Aguiar explica que decidiu investir em uma alimentação alternativa, fez que o que a medicina tradicional propunha não lhe dava muitas chances. “Eles iam fazer me mim testes com drogas para ver se funcionava, como misturas de substância, quimioterapias utilizadas em outros tipos de câncer, mas eu achei muito arriscado e agressivo e optei por não fazer e buscar algo alternativo”, cita.

Após buscar muitos especialistas, a dona de casa optou médicos naturistas com quem faz tratamento há um ano e oito meses e tem visto resultados. “Dá para perceber isso porque um dos tumores, que tinha 14 cm, regrediu e agora tem 12 cm, e não avançou para outros órgãos. Isso também tem me ajudado a emagrecer, cerca de 20 kg, melhorando minhas taxas, anemia e meu organismo está muito melhor”, conta. 

A alimentação de Elioneida Aguiar é basicamente crua e ela não ingere nenhum alimento de origem animal, e a alimentação PANC está muito presente em sua minha vida, como em chás e sucos. Segundo ela, a alimentação PANC lhe proporcionou uma melhora significativa na qualidade de vida.

Por: Isabela Lopes