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'Qual a senha do wifi?' é a pergunta mais nociva do mundo digital, diz delegado

Delegado destaca que a invasão nos dispositivos eletrônicos ocorre na maioria das vezes por meio da contaminação das redes de wifi.

20/08/2017 11:56

Nos dias de hoje, “Qual a senha do wifi?” é um uma das primeiras perguntas que as pessoas fazem ao chegar em um estabelecimento ou residência. Quando se trata de locais com rede aberta então, a população comemora. No entanto, o que a grande maioria desconhece é que essa famosa pergunta é a mais perigosa do mundo digital. O titular da Delegacia Especializada na Repressão aos Crimes de Alta Tecnologia (Dercat), Daniel Pires, destaca que a invasão nos dispositivos eletrônicos ocorre na maioria das vezes por meio da contaminação das redes de wifi.

Segundo ele, os hackers têm a mesma facilidade que os clientes de acessar internet pela rede dos estabelecimentos, principalmente na rede aberta. Uma vez que isso acontece, eles enviam um software destinado a se infiltrar nos dispositivos conectados àquela rede de forma ilícita, o malware, e têm acesso a todos os dados dos clientes. Por esse motivo, o delegado orienta que as pessoas prefiram utilizar a internet pelos dados móveis a usufruir das que são fornecidas de forma gratuita.  

“Quase 90% da população pede a senha da rede ao chegar em um determinado local e ninguém se preocupa com a possibilidade de invasão do seu dispositivo. Evitar wifi no seu aparelho previne de maneira grandiosa que essa pessoa seja uma futura vítima de crimes virtuais”, alerta o delegado.

Para ele, a facilidade do acesso à internet é ao mesmo tempo positiva e negativa, pois ao passo que atua como canal de comunicação, informação e pesquisa também é janela para a prática de crimes que geram sérias consequências. Quanto mais pessoas navegam na rede e se relacionam através de plataformas sem um cuidado e atenção devida, maior é a possibilidade de crimes virtuais.

“Até pouco tempo atrás, a gente não acreditava que poderia haver homicídio em ambiente virtual. Depois do jogo da baleia azul, vimos que a pessoa pode sim ser imputada a cometer homicídio. Semana passada, nós fomos pioneiros no que se refere a estupro de ambiente virtual, o que também não imaginaríamos que poderia acontecer. Hoje, os crimes estão migrando para o mundo virtual. Portanto, os usuários devem ter cuidado com o que expõem na internet”, enfatiza o delegado.

O delegado Daniel Pires, titular da Delegacia Especializada na Repressão aos Crimes de Alta Tecnologia (Foto: Jailson Soares / Arquivo O DIA)

A estudante Jéssica Fernanda* já foi vítima de uma perseguição que passou do mundo virtual para o mundo real que começou em 2011 e se seguiu por mais de cinco anos. Ela relata que o perseguidor começou a persegui-la ao acompanhar o twitter dela, que era uma rede aberta, permitindo que ele tivesse acesso às suas fotos e publicações.

“Essa pessoa começou a investigar coisas da minha vida, sabia onde eu morava, meu número, mandava flores, sabia o horário que eu estava na universidade, no trabalho e tudo isso ele conseguia saber através das minhas postagens, comentários, etc. Daí eu fechei minha conta para pessoas que eu permitisse que tivessem acesso ao que eu publicava, mas ele continuou mudando o perfil e me mandando solicitação de amizade. Isso durou por alguns anos, ele parava e voltava”, lembra.


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Orientações

A orientação é que os usuários sejam mais precavidos no que publicam em suas redes sociais. O delegado aconselha que os internautas não façam check-in de onde estejam, para evitar que pessoas más intencionadas saibam o local exato em que estão; e que as pessoas configurem suas redes sociais para que somente pessoas do seu círculo de convivência tenham acesso às suas fotos e publicações.

O ideal é que os usuários não forneçam informações pessoais para sites, como números de documentos de identificação, evitando assim crimes de estelionato, e não compartilhem fotos ou vídeos de conteúdo íntimo através da internet, pois pode haver desvio levando a conhecimento de pessoas que utilizam o conteúdo para forçar ou ameaçar vítimas a fazerem o que desejam.

“Muitas informações de crime de estelionato são dados pela própria vítima. A dica geral é que as pessoas evitem se expor publicamente. Claro, todo mundo pode ter sua rede social, mas diante das circunstâncias e criminalidade hoje, é aconselhável que as pessoas filtrem suas redes e coloquem ara apenas pessoas que você conhece tenham acesso às suas informações”, afirma o titular da DERCAT.

Casos

Desde janeiro desse ano 352 crimes virtuais já foram catalogados na DERCAT somente em Teresina. Em sua maioria estelionato, um crime que a polícia piauiense não pode investigar, porque a Lei diz que nos crimes de estelionato a competência da investigação é de onde a vantagem indevida é obtida. No Piauí, as vantagens indevidas acontecem normalmente em Ceará, São Paulo, Pará, Goiás.

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Por: Karoll Oliveira
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