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Em dois anos, 1,2 mi de passageiros deixam de pegar ônibus em Teresina

Strans avalia que queda se deve à aquisição, por parte da população, de veículos próprios, além do transporte irregular e adesão aos aplicativos de transporte particular

29/05/2019 08:05

Nos últimos dois anos, a quantidade de passageiros que deixou de usar o transporte público de Teresina cresceu. Em 2016, 6.860.807 passageiros foram transportados mensalmente; já em 2018, esse número caiu para 5.618.133, o que representa uma queda de 1.242.674 passageiros. A média mensal, de 2019, é ainda menor, de 4.584.131 passageiros transportados, referente aos meses de janeiro a março. Os dados são do Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros de Teresina (Setut).

A tesoureira, Sonayra Rosane, por exemplo, deixou de usar transporte público e decidiu comprar uma motocicleta devido à necessidade de cumprir seus horários. Ela, que mora no Vamos ver o Sol, na zona Sul de Teresina, chegava a demorar mais de duas horas para chegar ao Centro da cidade. De moto, esse percurso foi reduzido para apenas meia hora. 

“Com a Integração, ficou ainda mais complicado, porque além do ônibus do bairro para o terminal demorarem, quando chega ao terminal, está lotado, então quem não consegue entrar no coletivo precisa esperar outro veículo”, comenta. 

Integração

Segundo o diretor de Transportes Públicos da Superintendência de Transporte e Trânsito (Strans), Francisco Nogueira, uma das mais importantes intervenções que a Strans está fazendo para melhorar o transporte público de Teresina é o Sistema Inthegra, que visa dar maior conforto à população, não somente na acomodação nos terminais, como também proporcionar maior agilidade e rapidez.


Demora no trajeto, frota velha e mau atendimento de cobradores e motoristas também afastam usuários - Foto: Arquivo O Dia

Ele explica que esse sistema novo quebra um paradigma do sistema anterior, que era o radial, no qual os ônibus iam do bairro direito para o Centro. Isso criava um problema sério, segundo ele, pois colocava 400 ônibus juntos no Centro da cidade, causando engarrafamento e atrasos nas viagens.

“O Sistema Inthegra é tronco-alimentar, ou seja, as pessoas vão do bairro para a estação, que fica na metade do percurso, e o ônibus alimentar consegue ir mais vezes do bairro para o terminal. Com os corredores exclusivos, os ônibus vão desenvolver uma velocidade compatível, já que os carros não estarão passando na frente dele e atrapalhando. Até o final de setembro deste ano, todo o sistema estará integrado. Com o Inthegra, as empresas serão obrigadas a ter veículos novos, com ar-condicionado, substituindo a frota antiga”, comenta.

Transporte irregular e apps

Francisco Nogueira também destaca que a crise econômica pode ter levado os usuários a deixarem de usar o transporte coletivo. Ele cita que muitas pessoas compraram seus próprios veículos e, consequentemente, deixaram de usar o serviço de ônibus coletivo e passaram a usar o próprio transporte. Mas com a crise, começaram a usar os aplicativos e até mesmo o transporte clandestino.

“Isso também tem subtraído muitos passageiros do transporte coletivo. Para solucionar, temos feito fiscalizações e, na segunda, conseguimos apreender vários carros na região da zona Norte, vans que estavam transportando ilegalmente os passageiros. Sem autorização”, disse.

Outro fator apontado por Nogueira é que, com a frota de veículos velhos e que quebram, a população evita utilizar o serviço. Além disso, o mau atendimento de cobradores e motoristas também tem influenciado. As empresas vão ter que colocar um serviço de qualidade para atrair novamente esses usuários. 

Edição: Virgiane Passos
Por: Isabela Lopes - Jornal O Dia
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