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Mais de 210 famílias que viviam em uma ocupação estão sem local para morar

Ontem, a Polícia Militar cumpriu ordem de despejo das famílias que ocuparam um terreno particular no Dirceu.

23/02/2018 06:56

Cerca de 213 famílias que viviam na ocupação Anselmo Dias II, região do Grande Dirceu, zona Sudeste de Teresina, estão sem lugar para morar. Isto porque a Polícia Militar do Piauí cumpriu ontem (22) a ordem judicial de despejo das famílias que ocupavam um terreno particular. O processo de retirada estava acontecendo há nove meses.

Com algumas horas de prazo, mães e pais de família retiravam eletrodomésticos e pertences das casas recém construídas no terreno. Francisca Rodrigues morava em uma casa de taipa com o marido e a filha de 2 anos e 7 meses. Ambos estão desempregados e não têm onde morar. “Faz nove meses que estamos aqui, somos os dois desempregados”, conta.


Francisca Rodrigues está desempregada junto com o esposo e não sabem onde vão viver (Foto: Moura Alves/O Dia)

Outro morador que acompanhava a demolição de sua casa era Francisco Alves, de 54 anos. Apesar de não ter onde morar, ele tentava dar esperança aos vizinhos. “Vamos todos para o meio da rua. Ninguém tem para onde ir. Eles disseram que era terreno do Estado, só que agora chegou essa liminar com ordem de despejo, alegando que pertence a uma mulher, terreno privado. Ninguém tem para onde ir, mas com certeza vamos vencer toda essa situação”, acredita.

O líder comunitário Rafael Dias revela que não há um apoio de moradia para as famílias que estão sendo retiradas por parte do Governo do Estado. “Tentamos inúmeras vezes diálogo com o Governo do Estado. Nós temos grande convicção que a área pertence ao Governo do Estado. Essa liminar foi arbitrária e um tanto ignorante, pois não pensou no lado social das famílias”, disse.

A retirada no período de chuvas é uma das críticas à ação por parte das famílias da região. “O Governo do Estado vira o rosto para não enxergar e cada vez mais quer colocar a população pobre para a periferia, pois aqui é uma área nobre da região Sudeste. São 213 famílias sem local para viver”, exclama Rafael Dias.


Foto: Moura Alves/O Dia

A operação

A operação de despejo dos moradores foi comandada pela tenente-coronel Júlia Beatriz, que afirmou que o processo ocorria de forma pacífica. “Do mesmo jeito que tivemos paciência para começar, estamos aguardando eles retirarem os pertences. Já entenderam que estamos apenas fazendo nosso trabalho”, afirma. O processo que corre há quase um ano, segundo a tenente-coronel, trata-se de um terreno de propriedade privada. No entanto, o dono não foi identificado para prestar mais esclarecimentos.

Por: Gabrielle Alcântara - Jornal O Dia
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