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Morte de Wana Sara completa um ano sem julgamento de indiciados e indenização à família

Pedagoga teve o carro arrastado e levado para um bueiro em obras na Av. Homero Castelo Branco, durante um temporal em 04 de fevereiro de 2021; corpo foi encontrado 1,5km do acidente

04/02/2023 08:15

Há exatos um ano, Teresina acompanhava com dor e tristeza o caso Wana Sara, a pedagoga e servidora pública que teve o carro arrastado por uma enxurrada na Av. Homero Castelo Branco, zona leste da capital. Tanto tempo depois, os indiciados pela morte – construtora responsável pela obra e Prefeitura de Teresina - não foram julgados e a família segue sem indenização e ainda em busca de justiça.

Em entrevista ao O Dia o companheiro de Wana, Diogo Procópio, disse que até hoje não consegue passar pela Av. Homero Castelo Branco. “O 4 de fevereiro é uma data difícil, de lembranças ruins. Parece que foi ontem, não parece que já faz um ano e a gente ainda continua sofrendo com essa perda. É difícil de suportar e entender como e porque isso aconteceu. Aquela área sempre sofreu com alagamentos pontuais, carros arrastados, mas nunca uma morte”, lembra. 

Diogo Procópio/Foto: Ithyara Borges/ODIA 


“Aquele buraco aberto era um verdadeiro alçapão. Estava claro que, que aconteceria com alguém. Infelizmente foi com a minha esposa”, lamentou Diogo. O designer industrial afirmou ainda que da Prefeitura de Teresina e da construtora “não recebeu nenhuma resposta. Estamos buscando direitos, procurando a Promotoria para ver como esse caso se desenrola. Já há um processo criminal e vamos entrar com um processo cível. Até agora não sabemos que é o culpado, e por isso ainda não fomos indenizados”.

Porém, Lilianni Oliveira, que é advogada e prima de Wana afirma que, no ordenamento jurídico brasileiro há responsabilidades “compartilhadas”, que seria o caso da obra em que o carro e a própria Wana acabaram caindo. “Há uma ação criminal tramitando na 19ª Promotoria. O processo está tendo movimentação. Nós acreditamos na justiça e que os responsáveis sejam punidos. A lei fala da responsabilidade objetiva e subjetiva. Então nós cremos que não é somente um responsável. Porque (construtora e Prefeitura) seriam coautores. Então todos devem ser responsabilizados”, argumentou.

Enquanto isso, Diogo tenta seguir com a vida mesmo com a perda. “Perder alguém sempre é difícil, seja por doenças, ou por idade. Mas você acordar em um dia e no outro receber a notícia de que perdeu alguém por um motivo assim, um descaso, torna a perda - que já é irreparável - mais difícil ainda”.

Obra na Homero: melhorou, mas não resolveu

O O Dia retornou ao local onde aconteceu o acidente com a pedagoga para verificar se, de fato, houveram melhorias após a construção da galeria da zona Leste. A obra já foi concluída no cruzamento da Avenida Homero Castelo Branco com Rua Eustáquio Portela. No entanto, quem passa pela região afirma que o problema de escoamento da água ainda não foi realmente resolvido, mas apenas amenizado.

É o que diz o empresário Leonardo Leal, que mora a quatro quadras do trecho. “Trouxe sim muita melhoria, porque as águas vêm lá de cima e quanto mais boca-de-lobo tiver e mais crescer a galeria, menos água vai correr por aqui. Ainda corre um pouco de água, mas é superficial. Precisa só que continuem a construção da galeria até a [Avenida] Presidente Kennedy, que é de onde vem a enxurrada”.

Foto feita em fevreiro de 2022./Foto: Assis Fernandes/ODIA  

Foto feita fevereiro de 2023./Foto: Assis Fernandes/ODIA 

De acordo com Leonardo, a obra da galeria da zona Leste trouxe impactos positivos para quem vive na região, mas para que a melhoria efetiva aconteça ou para que não haja mais alagamentos na região, é preciso que não deixem o serviço pelo meio do caminho. “Aqui para mim melhorou porque se antes eu não saía de casa pela Avenida Homero quando chovia, agora consigo sair. Mas para quem mora mais para perto da Kennedy, ainda tem uns alagamentos. Para resolver completamente, a obra tem que crescer”, explica Leonardo.

O que diz a Prefeitura de Teresina sobre as indenizações

Em nota à imprensa, “a Prefeitura de Teresina informa que aguarda a conclusão das investigações, que hoje encontram-se no âmbito da justiça, para possíveis responsabilizações e indenizações”. Ainda segundo o comunicado, a “PMT está colaborando com as investigações”.

O que diz a Prefeitura de Teresina sobre a continuidade da galeria da zona Leste

Por meio de nota encaminhada à reportagem do Sistema O Dia, a Superintendência de Ações Administrativas Descentralizadas Leste, a SAAD Leste,, informou que a obra da galeria da zona Leste encontra-se parada no atual momento em razão do período chuvoso. As chuvas impedem o trabalho de macrodrenagem e tornam arriscada a continuidade da obra em razão do material utilizado nela ser, em sua maioria, concreto.

De acordo com a SAAD Leste, a macrodrenagem da galeria da zona Leste será retomada depois do período chuvoso. quando a obra deverá ter prosseguimento. No momento, os trabalhos na região incluem a manutenção da galeria e a limpeza das bocas-de-lobo que já foram construídas. 

Sobre os alagamentos na região Leste mesmo com parte da galeria já pronta, a SAAD Leste disse que o problema só será solucionado definitivamente depois que toda a obra for concluída. "À medida que for avançando, ela vai aumentar de tamanho e vai podendo captar mais água". Segundo o órgão, hoje a galeria da zona Leste possui apenas dois pontos de captação de água da chuva. No total, serão 20 pontos de captação até a Avenida Presidente Kennedy. A SAAD Leste finaliza afirmando que ainda há trabalhos a serem feitos e "muita obra a ser concluída".

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